Sem revisão
Sarah Mariz
- Mas dona Lúcia eu não tenho para onde ir- supliquei para senhora que me olhava com pena.
Eu sabia que devia ter começado a procurar uma casa quando completei 17 anos, eles sempre me disseram que o orfanato só aceitava até os 18 anos de idade, infelizmente eu achei que comigo ia ser diferente, já que eu estava aqui há tanto tempo.
- Oh minha menina, você sabe que por mim você ficava aqui pra sempre , eu até te levaria pra minha casa se pudesse , mas essas são as regras e infelizmente eu não tenho quase nenhum poder aqui- ela disse com agonia e eu apenas olhei pra baixo.
O que vai ser de mim daqui pra frente? Eu tenho algum dinheiro guardado que ganhei quando fazia bico de faxineira ou garçonete em alguma festa , mas esse dinheiro não dava pra conseguir alugar nenhuma casa, ainda mais aqui no Rio que tudo é muito caro .
- você não me disse que tinha uma amiga aqui no Rio? Por que não vai pra casa dela pedir ajuda só por enquanto que não se arruma? - dona Lúcia diz esperançosa e eu realmente cogito a ideia.
Milena é minha única amiga e ela me disse que só mora ela é a irmã mais nova dela, eu poderia pedir para ficar na casa dela só por enquanto que eu não encontro um emprego fixo .
- é verdade, vou perguntar para Milena - respondi e me despedi entrando no dormitório compartilhado e procurando meu celular no criado mudo, ele era o único luxo que me permitia ter, ganhei num sorteio so shopping e dona Lúcia me aconselhou a não vendê-lo . Disquei o número da Milena e aguardei.
Ligação on
Milena : alô ? Sarah?
Sarah: oi , mi, tudo bem?
Milena: tudo sim mulher, e você ? Que que manda?
Sarah: então miga, eu queria te pedir um favorzão, será que tem como eu passar um tempo aí contigo? Só por enquanto que eu não arrumo um emprego e consigo um lugarzinho pra mim, é que o orfanato me avisou hoje que eu tenho que ir embora.
Milena: mulher você não precisava nem pedir , mas já vou logo adiantando , como cê sabe eu moro na favela, meu cafofo não é muito grande não mas é confortável.
Sarah: mi, muito obrigada, você não tem noção do tranco que tá me quebrando , de verdade,e quanto ao tamanho da casa, me poupe né , parece até que eu ligo, será que tem como mandar o endereço direitinho pra mim por SMS?
Milena: tem sim, te mando agora, mas eu tenho que desligar porque a Jéssica tá chamando,bjosss gata,tchau
Sarah: beijos, e mais uma vez obrigada,tchau.
Ligação off
Desliguei o celular e comecei a colocar minhas coisas numa pequena mala que eu tinha desde criança, como eu não tenho muita coisa coube tudo perfeitamente.
Senti na cama e começo a pensar no dia que minha vida mudou, eu tinha 8 anos e eu e meus pais estavamos voltando da praia quando um carro desgovernado bateu no nosso, minha mãe morreu na hora e meu pai foi pra o hospital, ele passou dois meses internado enquanto a assistência social tomava conta de mim, meu pai infelizmente não resistiu aos ferimentos e morreu, o hospital precisava quitar as contas e o governo permitiu que a minha casa fosse a leilão para pagar as contas, me deixando assim, sem nada, já que nós não tínhamos tantas condições e o único bem era a casa.
Meus avós por parte de mãe e pai já tinham morrido e meus progenitores eram filhos únicos que impressionantemente não possuíam nenhum amigo de longa data que se importasse o suficiente para cuidar de mim, logo, fui mandada para o orfanato onde cresci e agora estou o deixando.
Me despedi de dona Lúcia , a única que eu realmente tinha afinidade no lugar e desci rumo a parada de ônibus com minha mala em mãos, como a Milena já tinha me mandado o endereço eu já sabia quais ônibus pegar.
Depois de três ônibus e mais um pedaço andando a pé eu finalmente cheguei ao pé do morro. Eu ia subindo quando dois homens me pararam
- o que a mocinha pensa que tá fazendo? Só entra aqui gente conhecida, pode ir dando meia volta e rapa o pé - disse um magrelo mal encarado olhando pra meus peitos. Eu realmente queria dar uma respostada nele mas me contive porque eu não sou burra e eles tem armas.
E agora? Milena não tinha me dito nada disso, me bateu uma agonia de repente, mas não vou chorar, Sarah mariz não é fraca .
- ei caça rato, deixa ela passar , ela tá comigo- de repente ouvi a voz de Milena e dei graças a Deus. O outro menino que devia ser o tal caça rato ficou só me encarando e mas depois balançou a cabeça
- pode passar moreninha, mas o gigante vai ficar sabendo disso Milena, você não pode trazer ninguém pro morro sem que ele autorize, sabe disso, só tô deixando essa aqui passar porque ela não tem cara de x9- ele disse olhando pra mim de uma maneira estranha. eu en.
Não me levem a mal , eu não tenho nojo de homem, só não sou acostumada a receber atenção deles, o orfanato em que eu morava era só pra mulheres, assim como a escola pública, então nunca tive muito contato com o sexo masculino, não que tenha me feito falta, me sinto bem comigo mesma assim.
Corri pra Milena e pus minha mala no chão antes de abraçar ela que me retribuiu, que saudade que eu tava dela.
- meu Deus miga, quanto tempo a gente não se via, você tá gata fudida mano- ela disse se afastando e me olhando de cima a baixo
- puf,olha quem fala, não sabia que tu tinha cortado o cabelo, faz muito tempo?
- que nada gata,cortei essa semana, agora bora subir porque não rola ficar aqui parada né bicha- ela disse rindo e pegando minha mala
- Milena , solta isso garota, é a minha mala, eu levo.- disse tentando pegar e ela esquivou
- aí Sarah, larga de besteira né , você trouxe o caminho todo até aqui, agora eu levo- como eu já sabia que ela era teimosa eu nem insisti mais, apenas assenti é comecei a seguila na subida do morro.
- mi, me responde uma coisa- pedi curiosa
- manda aí
- quem é esse tal gigante e por que desse nome ? - questionei .
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Perigoso desejo
RomanceQuando Sarah Mariz, de apenas dezoito anos, é posta para fora do orfanato em que vivia, ela não tem nenhuma opção a não ser recorrer a sua única amiga, que por acaso mora na maior favela do Rio de janeiro, comandada pelo mais temido traficante do p...