A quantidade de barcos de guerra do rei Emílio chamou a atenção na costa africana, onde muitos deles tiveram que ancorar e ir a terra firme para saquear suprimentos.
Essa ação desencadeou um confronto com as autoridades locais e em pouco tempo eles precisaram de ajuda neste enfrentamento.
Quando dei por si, o monarca Caltês lutava em solo africano, junto aos seus soldados.
Em alguns dias, lutando ferozmente, dominaram duas cidades costeiras e foram convocando através da força novos soldados para o lugar daqueles que morriam e muitos mais, para ampliar o exército com homens que conhecessem esses novos territórios.
Os africanos desta região achavam que Emílio era um demônio que vinha para os punir, sempre usando a sua máscara felina negra, e começaram cada vez mais a obedecer sem impor resistência.
O rei tirano, por sua vez, gostou da ideia de ser adorado e temido por outros povos e mudou seus planos, falando aos seus principais homens de forma secreta, numa das reuniões noturnas.
— Mudança de planos! Esqueçam o México e a traidora Paloma, temos aqui um trabalho muito maior que não pode esperar.
E assim por dias, que se tornaram meses, eles foram avançando e tomando novos territórios, como uma epidemia que não tinha cura.
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A rainha e o general procuraram as autoridades mexicanas para informar do perigo que o país corria, em virtude do rei louco que invadiu a África, mas a reação dos representantes foi lamentável.
— Enquanto não houver um chamado oficial deste país que está passando pelo confronto, nada podemos fazer.
— Mas isto é errado! — disse Paloma de forma firme — Eles estão assassinando os africanos sem piedade...
— Perdoe-nos alteza, mas, por enquanto, nada podemos fazer.
— E agora o que faremos? — questionou ela a Lorenzo mais tarde.
Ele pensou por um tempo, enquanto acendia um velho cachimbo que fora presente de seu filho Ruan.
— Creio que as autoridades mexicanas estão certas, não podemos fazer nada. Emílio aumenta a cada dia mais seu exército, sem um maior e melhor armado, não teríamos chance alguma contra ele.
— Mas não se preocupe minha rainha, pois ele está se aproximando da Europa e lá ele e sua loucura serão exterminados de uma vez só.
— Você tem certeza?
— Absoluta! A França e Inglaterra já participaram de inúmeras guerras e o rei louco não terá chance contra eles...
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Emílio continuou avançando e passados dois anos de muita luta sanguinária, conquistou toda a África, inclusive colônias de outros países europeus, que imediatamente declararam guerra contra o rei mascarado.
Quando ele realizou este feito, resolveu dar um descanso para seu numeroso exército, que agora se instalava nas principais fronteiras do enorme continente, com atenção especial nos portos.
Com o poder acumulado, ele teve que despachar seus homens de confiança para cada parte do país representando o seu domínio e agindo em seu nome.
A ordem geral era muito simples: quem não o aceitasse como rei, deveria morrer na hora, junto com toda a sua família.
A África começou a ser atacada por vários países, que buscavam retomar suas colônias, mas estes ataques eram facilmente vencidos pelo exército Caltês.
Por dois anos o agora imperador Emílio sugou toda a riqueza e alimentos africanos e quando se deu por satisfeito, ele mesmo liderou o avanço dos seus domínios para a Europa.
Não foi tão fácil como antes, os países europeus não temiam a imagem diabólica que ele teve no solo africano, mas o seu exército era cruel e implacável, com uma reserva imensa de homens, e assim pouco a pouco a Europa foi caindo sob a sua máscara, onde a cada vila e cidade derrubada, uma bandeira Caltês era hasteada.
Foi necessário mais dois anos de muita luta, várias tentativas de assassinato do imperador mascarado que não deram em nada, para que não houvesse mais nenhum território que não fosse dominado pelo terror Caltês.
Novamente Emílio decidiu que deveriam aproveitar para desfrutar de toda a riqueza conquistada e desta vez ele se acomodou por mais dois anos, explorando tudo de bom que os seus domínios poderiam oferecer.
É claro que a sua tradicional caçada foi mantida, por onde quer que ele se hospedasse, pois traidores existiam aos montes para a sua diversão.
E nestes dias ele confessava para os mais próximos, sob efeito do álcool, que não via o dia em que pudesse caçar uma certa rainha.
— Logo eu irei ao encontro dela — Emílio berrava para quem quiser ouvir — Logo tomaremos o oceano em busca da América e Paloma será o tributo que cobrarei para não ser tão cruel com o povo que a protegeu até hoje.
Mas esta sua meta teve que ser adiada, quando ele soube da união dos povos nórdicos com os chineses, formando um gigantesco exército no leste e que se preparava para vir ao seu encontro.
Emílio já sabia deste risco, as fronteiras da Europa eram frágeis, logo ele poderia ser confrontado. Então, como fez uma vez na sua ilha de origem, ele convocou o povo conquistado da África para abandonar tudo e vir lutar pelo imperador.
E eles vieram...
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Sob a Máscara
Mystery / ThrillerNa capital do principado de Caltês, na ilha de Moon, a realeza se esconde, literalmente, sob máscaras, num costume antigo para preservar a identidade dos soberanos, que foram jurados de morte há mais de três séculos. O novo sucessor do trono, Emílio...