Assassinos

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— Eu propus esta reunião para poder lembrar aos senhores que não estamos lidando com um homem qualquer, Emílio é um louco, acusado por muitos de planejar e matar sua própria família para manter seus jogos de caça humana.

— Quando os senhores atenderem o pedido dele, ao contrário do que diz na sua mensagem, o imperador não ficará feliz enquanto não conquistar a América, como o fez com todos os territórios do leste.

— Ele já deu mostras claras do que pretende. Vai sugar toda a vida da terra por onde passar, depois vai partir para outras terras, até não restar mais nada. E como eu disse em outra de nossas reuniões, quando Emílio não tiver mais um inimigo para caçar, ele criará meios para se divertir matando entre seus próprios conquistados, ele sente prazer com isso.

— Só existe um grupo que está sempre ao seu lado e sempre foi imune aos seus devaneios, pois concordou com todas as suas loucuras, criando meios para que elas se concretizassem e assim continuassem vivos. Estou falando dos seus conselheiros, que estão com o imperador desde quando ele era um jovem e iniciava suas caças em sua floresta particular.

— Penso que eles podem ser mais loucos ainda do que o próprio Emílio, por manterem todo esse horror acontecendo sob seus olhos, bastando apenas que houvessem se livrado dele quando tiveram chance, para eles isso seria fácil, pois são os únicos que conhecem de verdade quem é esse louco imperador.

Um dos líderes pediu a palavra.

— Concordamos com essa reunião, rainha Paloma, pois novamente acreditamos que tinha uma solução em mente, mas pelo que vejo só nos veio contar o óbvio...

— Caro dirigente, estou repetindo essas palavras para que fique claro para os senhores que atender ou não às exigências de um ser louco pode dar na mesma. Morrerão de forma lenta ou rápida, são vocês que escolhem, não eu.

— Sou apenas uma rainha sem reino, que também poderia ter posto um fim a vida de Emílio quando tive chance, quando dividia com ele uma grande cama no palácio Caltês. Não estou me absolvendo da minha própria parcela de culpa e é por isso que estou disposta a lhes ajudar a atender plenamente o desejo de Emílio.

— Concordo em ser entregue para ele com o objetivo claro de ser morta, o imperador não tem nenhum outro desejo, a não ser me ver destruída, mas não quero fazer isso sem lutar, sem buscar mais um meio de matá-lo...

— E qual seria a forma que imagina rainha? — questionou o líder mexicano.

— Só existe uma forma, dividida em duas etapas. Precisamos eliminar os seus conselheiros, que a meu ver são a fonte de toda a sua loucura, a voz inconsciente que move os seus desejos insanos, são tão assassinos quanto o próprio imperador.

— Para exterminar os conselheiros precisamos de pessoas especializadas em matar, seres sem escrúpulos algum, que vivem da morte, que têm prazer nisso. Esses assassinos serão os únicos que terão chance de realizar esse trabalho...

Houve uma discussão entre os líderes, que em pouco tempo se manifestaram.

— Perdoe-me a franqueza, nobre rainha, mas esta é uma ideia insana, que vai contra todos os princípios de justiça dos povos da América...

— Se conseguirem encontrar outro forma de matar os conselheiros, se não com pessoas do seu próprio meio, me avisem. Estou à disposição para ser enviada para o imperador quando quiserem, não vou relutar e meus homens obedecerão as minhas ordens.

— Agora, se entenderem que eu tenho razão, existe outro problema que necessitamos resolver rapidamente: onde encontraremos os tipos de assassinos cruéis o bastante que mencionei e dispostos a aderir a nossa causa?

— Vou retornar para a fazenda e ficarei no aguardo da decisão dos senhores, seja ela qual for...

🐾🐾🐾🐾🐾

Alguns dias depois Paloma recebeu uma curta mensagem enigmática escrita pelo líder mexicano.

Não precisa procurar muito rainha, pois o que necessita está bem ao seu lado...

Ela não entendeu o significado daquela mensagem e a levou para que o general Lorenzo tentasse ajudá-la a decifrar.

— Me conte por que ele lhe enviou esta carta Paloma...

A rainha contou os detalhes da sua última reunião com os dirigentes e no final pode notar uma compreensão clara no rosto do general.

— Agora eu entendo...

— Então diga logo Lorenzo, não temos tempo a perder...

— Você precisa de um grupo de assassinos para uma jornada contra o tirano Emílio Caltês e eu sei muito bem onde podemos encontrá-los.

— Vai me levar ao líder deles?

— Vou sim, mas preciso que jure que não ficará decepcionada com o que vai descobrir...

Paloma deu um longo suspiro.

— Se for para auxiliar na derrubada do imperador louco, sim, eu juro, nada me alegrará mais e nada vai me decepcionar.

— Tudo bem! Você levará seus homens juntos, para que eles possam ser treinados por esse grupo?

— Sim! Quantos mais homens tivermos, melhor. Quando partiremos?

— Agora mesmo! Reúna seus súditos...

— E para onde vamos?

— Para um lugar conhecido seu, Paloma, onde enfrentamos o tirano antes...

— Popocatépetl? Por que para tão longe?

— É lá que fica a sede deste grupo de assassinos que lhe apresentarei. Eu os conheço a anos...

— Então eles são de confiança, apesar de assassinos?

— Vamos dizer que a senhora já conquistou a confiança deles...

Sob a MáscaraOnde histórias criam vida. Descubra agora