Seus corpos se esqueceram de dançar

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Holland esbarrou em algumas pessoas enquanto andava na direção em que Dylan estava. Ela estava feliz por estar usando sapatilhas confortáveis e não salto alto. O lugar estava cheio demais e Roden não confiava muito em seu equilíbrio, sabia que se não fosse pelo sapato baixo, ela poderia passar vergonha com alguma queda.

Chegou próximo ao bar, onde Dylan estava, aos tropeços. Soltou uma risadinha meio constrangida e foi recebida por um sorriso bobo e inocente do amigo. Ele a encarava sem tentar ser discreto.

— Tyler sabe como se divertir — Ela disse em voz alta por causa da música que explodia dos aparelhos de som.

— Nós temos que aproveitar isso!

Enquanto Holland ainda entendia as palavras de Dylan, sentiu a mão grande e conhecida do amigo tomando posse de seus dedos. Ele se livrou do copo de bebida que antes segurava e puxou Roden para o meio do maior aglomerado de pessoas.

A atriz deixou ser guiada, seguindo o amigo sem nenhum tipo de resistência. Ele parou de andar quando encontrou um espaço livre bem próximo a mesa do Dj, onde a música parecia estar ainda mais alta. Era ao mesmo tempo insuportável e contagiante aquele som gritando.

Dylan piscou o olho direito. Se qualquer pessoa fizesse aquilo, Holland acharia normal, porém, ver o O'Brien piscando daquele jeito, fez ela se sentir repentinamente tonta e fraca. Seu corpo estremeceu e por um segundo, sentiu como se estivesse sob efeito de álcool: dominada por sensações alarmantes de euforia, confusão, coragem e desejo.

Ainda estava atordoada pela sexualidade de uma ação tão simples de Dylan, quando ele começou a dançar. Levou as mãos enormes a cintura de Holland, apertando com delicadeza e permitiu que as pernas se balançassem no ritmo da música e que o quadril se libertasse, se movendo sem muita sincronia.

Arrepios caminhavam pelas costas de Holland. Seu estomago estava inquieto, se remexendo, pulando dentro da barriga. As mãos melaram de suor sem nenhum motivo aparente e mesmo assim, ela criou força para apoiar os dedos nos ombros largos de Dylan, onde, bem de leve, posicionou as unhas, começando a afundar sobre a pele coberta pela blusa branca.

Dylan fechou os olhos e Holland não conseguia parar de olhá-lo. Ela dançou com mais destreza que o amigo, rebolando, dobrando as pernas e se aproximando de O'Brien. Deixou seus corpos colados.

Seios batendo contra o peitoral, pernas roçando, unhas arranhando e dedos se apertando. O'Brien lambia os lábios repetidas vezes e Roden, balançava a cabeça para que os fios ruivos voassem a sua volta.

Ela pensou em beijos. Não em qualquer beijo, mas sim, no beijo que compartilhou com Dylan. O beijo particular, longe de qualquer câmera. Relembrou da sensação boa, do prazer que aprisionou sua boca e viciou sua língua.

Ela queria mais. Queria sentir novamente os lábios finos do amigo. Queria a língua dele completando sua boca, adentrando, acariciando, destruindo com chamas de desejo.

Dylan, em algum momento, passou a cantar a música que tocava. Sua voz era rouca e não era alta o suficiente para ultrapassar o volume da caixa de som, porém, ele estava próximo o suficiente para Holland ouvir. Ele cantava bem. Na verdade, até bem demais.

A voz se arrastava no tom certo, na hora certa. Era delicioso de ouvir, excitante. Ou pelo menos, Holland achou excitante. E aquilo, a junção de tudo, a voz, a dança, o modo como ele lambia os lábios e começava a suar, foi demais para ela.

O desejo se apossou da razão. Holland foi roubada de seus pensamentos, pois tudo que ela conseguia sentir era o corpo de Dylan começando a se esfregar contra o seu. Ela passou a queimar. Cada centímetro de pele exposta e também, o interior de seu ventre, passaram a ser consumidos por labaredas atordoantes de desejo.

Morango e neveOnde histórias criam vida. Descubra agora