Mais Um Sonho Comum Com Pessoas Mortas

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Acordei suando e gritando, assim como em todas a s noites que sonhava com Beatrice. Seu grito ainda era vívido em minha mente. Olho para o relógio digital ao lado da cama. 06:27. Em cerca de meia hora eu deveria estar na escola, então, não me importo de verificar minhas mensagens antes de me arrumar para escola. Como sempre havia apenas uma mensagem, de Ashley. Ela havia sido a melhor amiga de Beatrice, e agora se tornava algo próximo a....uma amiga especial. Ok, admito. Talvez mais do que isso. Mas como ela nunca me deu nenhum sinal de que sentia o mesmo que eu, deixei isso um pouco pra lá. Olha a hora novamente e percebo que já passa um pouco das 06:32. Ouço minha mãe gritar da cozinha:

-Luke Parker, se eu tiver que subir até aí encima, vou te puxar pela orelha!

Engraçado como ela sempre dizia a mesma coisa. Levanto tiro o pijama e coloco a roupa que usei na noite anterior. Desço até o banheiro e vou diretamente até a cozinha. Vejo os waffles que minha mãe preparou. Meu estômago se revira só em pensar em comer aquilo. Minha mãe para perceber o que sinto.

-Vamos Luke, você precisa comer. Precisa estar forte para seu primeiro dia na escola nova.

Remexo no prato. Ultimamente tudo girava em torno de duas coisas. O assassinato de Bea e a escola nova. Engraçado como são coisas de proporções completamente diferentes.

-Não tenho motivos pra gostar dessa escola.

-Ashley vai estudar com você, não vai? E Andrew e Julie também.

Paro para pensar. Provavelmente não sobreviveria a escola sem Andrew e Julie. E Ashley...bom, a gente se gostava a pouco tempo. Lembro do dia que conheci ela como se fosse ontem.

-EI CABEÇA DE OVO, VENHA AQUI CUMPRIMENTAR ELA!

-VOCÊ SABE O QUE PENSO DE AMIGOS VIRTUAIS.

-Deixa disso e desce aqui.

Desço as escadas com relutância. Ao chegar ao térreo, encontro uma garota loira, com olhos verdes vestindo uma roupa simples, parecia tentar não atrair atenção. Mas ela era simplesmente linda. Era um esforço inútil. Assim que ela sorriu, cara, eu derreti. Acho que pareci meio bobo, porque minha irmã riu da minha cara

-Prazer Luke, sou Ashley.

Cara, aquela voz era angelical. Não dava pra acreditar que era uma pessoa falando. Quis falar algo do tipo "O prazer é meu Ashley", mas acabei dizendo algo como:

-Ah-hã.

Minha mãe despertou meu devaneio ao colocar uma panela da pia. Dei um pulo. "Minha mãe e sua incrível capacidade de me assustar com qualquer coisa".

-Desculpe, Sr. Pensativo. Vá pegar sua mochila ou vai se atrasar.

Para deixar minha mãe feliz, pego o lanche sobre a mesa antes de subir para meu quarto. Ela ia querer seu único filho forte, não? Pego minha mochila e desço novamente. Saio de casa e, ao olhar para trás, vejo minha mãe sorrindo e acenando. Aceno de volta e me permito um sorriso. Era bom ver minha mãe feliz após o que aconteceu com minha irmã. Um caso sem solução, disse a polícia. O crime perfeito. Claro, eu não acreditava nisso. Nem meus melhores amigos.

-Hey, Skywalker.

Olho para o ponto de ônibus e encontro Andrew sorrindo. Ele tinha uma enorme esperança de, agora que estava no Ensino Médio, pegar Sophia, uma gata do Segundo Ano. Mas, obviamente, ela só queria quebrar o coração do coitado, fazê-lo sofrer e coisas desse tipo. Você sabe, aquele tipo de coisas que as garotas fazem com garotos apaixonados. Aliás, você deve estar imaginando por que ele me chamou de Skywalker. Bem, podemos dizer que nos conhecemos em uma convenção de Star Wars.

Logo, o sorriso de Andrew se esvai. "Porra, eu devo estar com uma cara horrível pra ele ficar assim", penso.

-Ei cara, você tá meio abatido, sabe, cara de zumbi e tal. Tá bem?

-Eu tive outro pesadelo com ela, cara.

-Eu tive uma ideia. Vamos contar a Julie assim que chegarmos a escola. Você sabe como ela é, inteligente e tal, vai ter uma opinião fodamente elaborada.

Consigo rir. Opinião fodamente elaborada. De onde ele tira essas coisas? Vejo o ônibus chegar. Entramos e sentamos no nosso lugar de costume.

-Ei, Andrew...você sabe, não sabe? O que disseram sobre o assassinato dela?

-É, a porra do crime perfeito. Eu acho que aqueles babacas simplesmente são burros demais pra fazer o trabalho deles bem feito. Preferem ficar atrás daquela merda de mesa, coçando o saco e bebendo café o dia inteiro. Você por acaso já foi na delegacia cara? Aquilo lá é mais parado do que bunda de freira.

Rio novamente. Não que Andrew tivesse uma boca limpa na maior parte do tempo, mas hoje, ele parecia estar fazendo um esforço pra falar a maior quantidade de merda possível. Agradeço silenciosamente ao ver a escola. Eu sabia que ele estava tentando me fazer rir mas, ei, meu ouvido não é pinico, tá legal.

Assim que descemos do ônibus vimos Julie. Estava com os cabelos castanhos presos em um coque, e podia se ver em seus olhos cinzentos que estava alegre em nos ver. Vestia uma calça jeans rasgada nos joelhos, seus All Star pretos favoritos e uma camisa laranja na qual se lia "Camp Half Blood". Isso não era novidade, ela sempre amou Percy Jackson.

-Ei, Andrew, Skywalker. Bom ver vocês.

-Julie. Bom te ver também. Será que a gente pode falar com você?


O Assassinato de Beatrice ParkerOnde histórias criam vida. Descubra agora