Suspeitos Improváveis

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-E aí cara? Como foi ontem?

Senti minha enxaqueca quando vi Andrew me esperando em frente da minha casa, como todo dia. Ele ia queria saber obviamente tudo detalhadamente. E tudo tinha ido perfeitamente bem. Até chegarmos ao cinema.

-Cara, eu tinha certeza que ela ia dizer algo como "Vamos ver qualquer filme" ou "Vamos assistir um que você goste". Mas nãããããão... ela queria assistir Crepúsculo. Crepúsculo, cara. Ela até chorou, dá pra acreditar nisso?

Ele riu, como se a ideia de uma garota chorona vendo vampiros lhe divertisse.

-E aí? Foi só isso?

-Não. Levei ela pra casa. E ela me deu um beijo na bochecha. Na bochecha. Não foi nem no canto da boca. Dá pra acreditar?

-É, garanhão, não foi dessa vez.

Coloco meus fones e uma música aleatória ao ver o ônibus aproximar. One Step Closer. Está ótimo. Desde que não ouvisse Andrew me zoando estaria tudo bem.

Ao contrário do que pensei, assim que chegamos em casa e fomos para o meu quarto, Julie voltou a falar comigo. Ela não falara comigo durante todo o dia, por motivos que eram óbvios para ela, mas não pra mim.

-Tudo bem. –Disse ela, abrindo seu notebook. –Eu peguei algumas informações do computador do meu pai

-Com a permissão dele, imagino? –Disse Andrew.

Julie ignorou o comentário. Ela começou a ler o relatório em voz alta.

"O corpo de Beatrice Parker, de 14 anos, foi encontrado em um depósito abandonado no dia 19 de dezembro de 2016 com um tiro a queima roupa no peito. Os únicos rastros de sangue presentes no local foram comprovadamente da vítima. A arma não foi encontrada. Através de estudos da bala que ficou alojada em sua caixa torácica, (uma bala de calibre 38 pertencente a uma pistola) foi descoberta o possível uso de um silenciador. Não achada mais nenhuma prova no local do crime nem no corpo da vítima que ligasse o assassino. Não foi encontrada a arma."

-Isso quer dizer que não temos nada além de uma arma que nem a polícia sabe onde tá?

Aquela ideia me deixava exasperado. Como poderíamos começar do zero? Não sabíamos a quem pertencia a arma, nem tínhamos nenhuma outra pista. Era como se alguém tivesse lhe entregado uma folha em branco e o dissesse pra descobrir o que havia de oculto nela. Era extremamente frustrante.

-Eu tenho uma ideia. –Disse Julie, interrompendo meus devaneios. –Podemos dar mais uma olhada na cena do crime, eles podem ter deixado passar algo. E precisamos traçar o perfil do assassino. Não descartar absolutamente ninguém. Amigos, namorados, e até mesmo parentes, por mais que eu ache essa última opção muito remota. Agora, Luke, você sabe de alguém que havia brigado com ela antes do assassinato?

Ele parou pra pensar sobre aquilo, mas agora...

-Jason Taylor. Eles terminaram 5 dias antes do assassinato, o mesmo dia que Ashley veio pra cá.

Ela estava pensando. Considerando as possibilidades. Não apenas uma.

-Odeio dizer isso. –Não é o que parece, pensou Luke. –Mas não podemos descartar Ashley como suspeita.

-O quê?! –Luke não acreditava no que Julie estava dizendo. A garota que ele gostava, a melhor amiga de sua irmã, não podia simplesmente ser acusada de assassinato. Ela não tinha motivos pra isso.

-Luke, o que você sabe da vida dela? Absolutamente nada. Vamos deixar essa possibilidade de lado por enquanto, mas não descartaremos.

Luke sentiu como se fosse explodir. A única coisa a se fazer era concordar.

-Tá. E o que faremos agora?

-Vamos a cena do crime, ver o que achamos.

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O Assassinato de Beatrice ParkerOnde histórias criam vida. Descubra agora