Organização Dos Retardados Investigadores

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Fomos até a biblioteca, um local que sempre costumávamos nos encontrar para discutir assuntos sérios. Assim que chegamos, percebi Julie alterada, e então ela se dirigiu até mim.

-Luke, por favor, me diz que você não fez...aquilo...de novo.

Eu sabia sobre o que ela estava falando, mas não podia acreditar. Logo após a morte de minha irmã, entrei em depressão. Me mutilava constantemente. Porém, a poucos meses, havia parado com a auto mutilação e, com a ajuda de meus amigos, superado a depressão. Ela era a última pessoa que eu esperava que não acreditaria que eu não conseguiria me manter em abstinência com a dor. Fiquei desnorteado ao perceber o quão pouco ela acreditava em mim.

-Eu te disse que parei e parei. Será que você...

-Já deu, ok? –Interrompeu Andrew. Por um momento, havia até me esquecido de sua presença. –Ele não teve uma recaída nem nada do gênero. Ele só teve um...sonho ruim

Ela me olha, com uma pontada de arrependimento. Lhe conto o sonho. Minha irmã correndo. Uma risada. Um tiro no peito.

Assim que termino ela me olha, com as sobrancelhas franzidas. Claramente está pensando.

-Luke, eles lhe falaram onde foi o tiro que sua irmã levou?

Pondero sobre o assunto. Lembro do investigador dizendo que ela havia tomado um tiro a queima roupa e que podia ser assassinato ou suicídio. Imaginei que havia sido um tiro na cabeça, mas agora me dou conta que não faço a menor ideia.

-Não, ninguém me disse.

-Mas eu revi todos os arquivos do caso. –Sem surpresas, o pai dela era delegado. –Ela morreu com um tiro no peito, Luke.

Fico estarrecido por alguns segundos, absorvendo a informação. Meu sonho me deu informações sobre o assassinato que eu desconhecia. Ok. Estranho. Mas meu cérebro pode ter deduzido isso. Digo isso a Julie. Ela assente. Essa é a explicação lógica.

-Acho que devíamos criar uma investigação.

Julie parecia determinada. Porém aquela ideia parecia ridícula.

-Tá. –Andrew olhou pra mim, parecendo escolher as palavras certas. –A polícia não conseguiu fazer nada, por que você acha que nós conseguiremos?

-Será que você não percebe? –Percebi que meu tom de voz estava alteado. Não gostava de gritar com ninguém, mas Andrew estava me tirando do sério com sua burrice. –Eles pararam assim que deram de cara com um problema. Chegaram em um local que achavam que não tinha mais nada a se investigar, nada a se ver... Nós não vamos fazer isso. Por isso vai dar certo.

Ele pareceu pensar sobre o assunto.

-Ok, por que não?

Até que enfim esse cabeça de vento entendeu. Troco um olhar com Julie. Após nossos olhos se encontrarem desvio, sorrindo, e vejo que ela faz o mesmo.

-Ok. –Diz ela, erguendo a cabeça e nos olhando. –Vamos nos encontrar na casa do Luke hoje, depois da aula para rever tudo e, quem sabe, podemos até passar na cena do crime depois. Quem sabe o que a polícia deixou passar. Tudo bem?

-Ah precisa ser hoje? –Me sinto mal ao lembrar que combinei de ir ao cinema com Ashley depois da aula. –Tenho um compromisso...mas amanhã, tá de boa.

Percebo que Julie fica um pouco brava. Talvez... enciumada? Não, ela jamais teria ciúmes de mim.

-Tá tanto faz. –Ela pega a bolsa e ouço o sinal de início das aulas. Teríamos de entrar antes do segundo sinal. –Até amanhã, Andrew.

Olho para Andrew enquanto pego minha bolsa.

-O que deu nela?

-Cara, eu tenho muito merda na cabeça mas, sinceramente, você tá bem cego. Mas e aí –Ele diz enquanto saímos- vai fazer o que hoje?

-Vou sair com a Ashley.

-Vou ficar rezando por você cara. Na boa, se eu tivesse a chance de sair com aquela garota, prenderia ela no porão da minha casa e só soltaria no dia do nosso casamento.

Rio. Provavelmente ele teria que fazer isso para conquistar alguém. E eu não duvidaria se eu mesmo tivesse que recorrer a esses métodos. Afinal, se fosse pra rolar o nosso primeiro beijo, ou seria hoje ou nunca mais.

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O Assassinato de Beatrice ParkerOnde histórias criam vida. Descubra agora