Um Velho Amigo

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Era inacreditável. Ele havia crescido, óbvio. Mas havia crescido muito. Estava com músculos enormes e seus braços se destacavam sob uma bandana vermelha amarrada em seu bíceps esquerdo. Sua pele estava bronzeada. Os cabelos longos na altura dos ombros. Era um garanhão de novela das 7.

-Ei, Caio Castro. Você raptou meu amigo?

Ele ri e levanta a mão para um toca aqui. Não o deixo esperando, obviamente.

-Acho que você, ahn, cresceu um pouco.

-Você também, Skywalker. Ei, eu... –Ele coloca a mão atrás da nuca –Eu fiquei sabendo da Bea. Sinto muito cara.

-Tudo bem. Ei, e a Alyssa?

Ela era uma garota que morava nos arredores. Ele sempre tinha gostado dela.

-Ah, ela, ahn, fugiu com um Uruguaio ou coisa parecida.

-Ah, sinto muito. –Coço a cabeça.

-Ah, tudo bem. E a Julie?

-Ahn, acho melhor falarmos sobre isso lá fora.

Olho de relance pra minha mãe. Ele parece entender o recado. Vamos até um velho balanço em uma árvore. Costumava ficar ali com Bea nas manhãs e tardes quentes de domingo. Era um local agradável. Com o canto dos pássaros, uma brisa sempre fresca. E borboletas. Ela adorava borboletas. Conto a ele o que tinha acontecido no dia anterior. Quando acabo ele começo a rir de mim.

-Ei, Skywalker, dá pra tirar esse sorriso de bobo da boca enquanto fala da sua querida princesa amada?

Rio. Tinha saudades dele.

-Mas e essa tal de Ashley?

Quase tinha esquecido dela.

-Ela é linda, cara. Tem um sorriso angelical, um rosto meigo. Porra, o que eu faço?

-Se mata. –Ele ri. Franzo a testa pensando em Bea. –Ei, foi mal cara. Mas, não sei, não vou muito com a cara dessa Ashley.

-Caralho, você nem conhece ela e já não gosta?

Ele percebe minha atitude alterada e coloca a mão em meu ombro.

-Ei, relaxa brother. Nessas horas, a gente não pode descartar ninguém. Eu duvidaria até da Julie como assassina.

Penso. Isso até que faria sentido. Por que ela resolveria abrir uma investigação, dar todas as ideias, e deixar bem claro que não foi usada uma peruca. Sacudo a cabeça, negando.

-Não cara, simplesmente não pode ter sido nenhuma das duas. Eu duvidaria do Andrew antes de duvidar delas.

Ele sorri.

-Sinto saudade do cabeça de vento.

Sorrio. Era bom saber que ele ainda lembrava do "apelido carinhoso" de Andrew. Voltamos pra casa almoçar. Minha mãe e Leo ficam conversando enquanto penso. E se fosse verdade a ideia de Leo? E se fosse Julie a assassina? E se Ashley fosse uma psicopata e ela fosse a assassina? E se não fosse nenhuma das duas e eu só tivesse perdendo meu tempo? E se?

***

Voltamos para casa à noite. As dúvidas afloram claramente a minha mente enquanto escuto Snuff com meus fones de ouvido. Teríamos que investigar o quanto antes. Verificar álibis, motivos. Sinto meus olhos pesaram. Assim que viramos a esquina e vejo minha casa, o sono toma conta de mim. Ao chegar em meu quarto, penso que assim que deitar na cama, estarei com coisas demais na cabeça para dormir. Mas assim que deito a cabeça no travesseiro, apago.

EO$*

O Assassinato de Beatrice ParkerOnde histórias criam vida. Descubra agora