O Assassino, Afinal

136 11 1
                                    

Sentado, numa delegacia, com minha mãe a minha direita, e Julie me abraçando a minha esquerda, explico tudo ao delegado. Julie me lança um olhar triste quando falo do beijo e do que aconteceu depois. O delegado me olha com um olhar assassino. Não sei se é porque ele suspeita que eu seja o assassino, por mais que eu esteja claramente em estado de choque, ou se é porque sua filha amada está me abraçando. Ele coça a barba, pensativo, assim que termino de contar o que aconteceu. Nunca tinha reparado, mas ele e a Julie eram super parecidos. Exceto os olhos. Ela tinha os olhos de sua mãe.

-Então, você está dizendo –Disse ele, me fuzilando com o olhar. – que alguém, um homem, aparentemente, ameaçou Ashley para que matasse Beatrice e você também?

-É, é exatamente isso que estou dizendo.

-Engraçado, só você estava com ela nesse momento. –Ele queria me acusar, claro. Era esse o trabalho dele.

-Logo após ouvir o tiro, minha mãe subiu ao meu quarto, correndo. Eu não teria tido tempo de me livrar da arma nem se quisesse. Então, você pode revirar a minha casa, Sr. Delegado.

Ele parece se sentir ameaçado. Bingo. Onde estão seus argumentos agora, Sherlock Holmes?

-Muito bem, estão liberados.

Saímos da delegacia. Paro na frente da mesma, e fico olhando pra Julie. Minha mãe nos olha, parecendo entender que precisamos de um tempo a sós para conversar.

-Eu... vou esperar vocês dois no carro.

Fico olhando Julie sem dizer nada até que escuto a porta do carro bater, distante.

-Julie, me desculpa, eu...

-Deixa eu adivinhar. –Ela me interrompe. – "Ela me seduziu, Julie." "Não foi minha culpa, Julie." "Você sempre foi importante pra mim, Julie." Qual vai ser a desculpa, hein? Fala. Fala de uma vez, não quero perder meu tempo, Luke Parker.

-Me desculpa. A culpa foi toda minha, eu devia ter percebido antes, eu... –Sinto uma lágrima rolar pelo meu rosto. -...devia ter te escutado. –Olho para baixo. –Isso é tudo culpa minha, eu devia ter protegido minha irmã.

-Do que você tá falando? –Ela segura minha mão. –Você não podia ter feito nada.

A olho.

-Quando minha irmã morreu, ela estava indo pra uma festa. Então ela foi sequestrada pela Ashley e... –Olho para os meus pés. –Elas me convidaram pra ir junto. Talvez, se eu tivesse ido junto, eu pudesse ter salvo ela.

Ela envolve seus braços em meu pescoço. Retribuo o abraço. A olho e seguro seu rosto entre minhas mãos.

-Eu te amo. Sempre amei. Nada, nem ninguém vai mudar isso.

Ela sorri e me beija, com desejo. Sinto sua boca quente na minha, sua língua encontrando a minha. Um final feliz pra uma história trágica, penso. Pensei isso cedo demais.


O Assassinato de Beatrice ParkerOnde histórias criam vida. Descubra agora