Você não é meu amigo

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- Por que vocês tem esses cortes na coxa esquerda?

- Hum. Isso não interessa.

- Eu ia perguntar isso aquele dia que nós ficamos juntos.

- Hum. —Não dei a mínima.

- Por que se corta? E só na coxa?

- Sei lá, não seja curioso.

- Mas eu quero saber.

- Eu não me corto mais, faz quase um mês que parei.

- Entendi, mas por qual motivo fazia isso?

- Por causa da Blanca e do Fernando. Esses dois são um motivo para isso.

- Você não pode se machucar.

- Hum. —Sorri fraco.

- Ainda mais por causa deles.

- Hum.

- Dulce, eu já vou...

- Não, fica mais.

- Estou chateado com você.

- Já pedi desculpa. —Algo bem raro, não gosto de pedir desculpa.

- É, eu já aceitei.

-Hum. Então fique aqui.

- Pare de falar "hum" então. —Ele aproxima de mim.— E na próxima vez que você querer vingar de alguém tranca a porta. —Ele pega meu vestido e me dá.

- Não vou vingar de ninguém mais...talvez. —Coloco meu vestido —Pensei que você iria ficar com raiva de mim ou não querer mais me ver.

- Eu fiquei com raiva sim mas já passou, e eu sou seu amigo então ok.

- Na verdade, você não é meu amigo e sim o amigo dos meus amigos.

- É.

- Hum. Vem, vamos comer e depois você vai me levar até a sorveteria.

- Ok, senhorita bipolar. Mas lave essas suas mãos bem direitinho. —O olho e vou correndo para cozinha, ele aparece logo depois.

[...]

- Christopher, por que você disse que era meu namorado?
- ‎Que? —ele me olha confuso.
- ‎Ontem, na casa do Otávio, lembra?
- ‎Ah tá, não sei porque eu disse isso.
- ‎Hum. Esse sorvete é ótimo.
- ‎Seu favorito.
- ‎Como sabe?
- ‎Sei de muitas coisas.
- ‎Por acaso você é detetive?
- ‎Trabalho na empresa de jornalismo.
- Nossa, não sabia.
- ‎Você não sabe de nada.
- ‎Sei sim, menos disso. Ei, você não deveria estar trabalhando?
- ‎Não, eu já fui hoje e quando cheguei fui te ver mas infelizmente vi o que não deveria.
- ‎Hum. —Sujo meu dedo com  sorvete e passo na bochecha dele— bobão.
- ‎Chata. —Ele limpa aonde sujei e levanta— Aceita jantar comigo?
- ‎Vish.
- ‎Aceita, Dulce.
- ‎Se você comprar outro sorvete para mim posso até pensar se aceito ou não.
- ‎Eu compro três então.
- ‎Beleza. — Levanto— e tira essa expressão seria do rosto, está me deixando sem paciência.
- ‎Estou pensativo.
- ‎Está pensando em que?
- ‎Você sente algo pelo tal Pablo?
- ‎Lógico que não, eu não posso o amar depois do que ele fez.
- Então por que você quase ficou com ele, Dulce. Não diga que foi para vingar.
- ‎Eu sou meio sem noção as vezes, mas já passou, esqueça isso.
- ‎Você não percebeu que estou gostando de você?
- ‎Christopher, não começa.
- ‎Se fosse o Pablo você estaria ajoelhada para ele agora. —Ele sai andando. Ciúmes ou o que? Balanço a cabeça e saio andando atrás dele.
- ‎Me espera! Christopher para né, eu já percebi sim só não quero nada contigo.
- ‎Algum problema comigo? —Ele para de andar e fica na minha frente.
- ‎Claro que não, você só não faz o meu tipo.
- ‎E aquele lá faz? Nossa, seu tipo por acaso é um cara idiota? Legal em.
- Não!
- ‎Você iria dar outra chance para ele né?
- Isso não importa. —Falo após alguns segundos em silêncio— Não vamos falar sobre isso, por favor, e eu não quero mais sorvete, e nem vou jantar mais com você.
- ‎Tchau, Dulce María.

      Ele sai andando. Olha só, ele tem uma bunda grande, Jesus. Ops, balanço a cabeça e solto um pequeno riso, eu não presto mesmo.

[...]

- Sério que você deu um gelo nele!? Coitado.
- ‎Vai ficar do lado dele, Anahí?
- ‎Vou sim. Ele falou que está gostando de você, deveria dar uma chance.
- ‎Eu não quero saber de namorado, entende?
- ‎Entendo. —Ela deita na minha cama e se cobre, ela é folgada.
- ‎E ele não parece ser tão bom assim, imagina se ele estiver só fingindo de bom moço.
- ‎Ele não iria fazer isso né, o Ucker é diferente e respeita as pessoas.

      Deito ao seu lado e fecho os olhos. Faz mais ou menos uma hora que a Any chegou aqui, ela me disse que a May já está na casa do Christian e está melhor, que ótimo isso. Eu arrependi um pouco por não ter aceito jantar com o Christopher, mas fazer o que né, não vou chorar pelo leite derramado.

- Ele para mim só têm o rostinho de anjo  mesmo.
- Você está gostando dele né.
- Não, af.

     Cruzo meus braços. Eu gostando dele? Nada a ver isso, nada a ver mesmo. Olho a Any e ela ri, doida né.

- Onw, você está apaixonada. Uau, isso é demais.
- ‎Não estou não.
- ‎Está sim, te conheço muito bem.
- ‎Vou dormir, amanhã têm apresentação.
- ‎Ainda está cedo, aquieta esse rabo.
- ‎Anahí! —ela gargalha e deita a cabeça na minha barriga, minha irmã é doida, só pode ser doida mesmo.
- ‎Qual é Dulce, aproveita a vida e faça o que gosta.
- ‎Vou me jogar de uma ponte.
- ‎Vá a merda, garota.
- ‎Me dar carinho, Anahí.
- ‎Dulce María pedindo carinho? O mundo mudou.
- ‎Você vai dormir comigo hoje, né?
- ‎Claro, maninha. Serei uma boa irmã e ficarei contigo.
- ‎Tenho que te contar uma coisa. —Ela senta perto de mim e coloca o travesseiro no seu colo. — Hoje o Pablo veio aqui e me pediu perdão.
- ‎Não acredito que aquele filho da mãe teve a cara de pau e veio aqui.
- ‎Ele fingiu que se arrependeu, mas lógico que eu nunca iria perdoar ele.

       Nunca? Nunca mesmo, mas confesso que uma parte de mim queria perdoar, e é essa parte que eu tenho que mudar, nunca devo perdoar alguém que me fez mal.

[...] 

   Depois da apresentação, A Any e o Alfonso me obrigou ir com eles até a casa da May, e aqui estamos todos reunidos na sala conversando sobre várias coisas. A May está um pouco melhor, ainda bem.

- Vocês deveria ter chamado o Ucker. —May comenta

- ‎Não deu tempo e nem vi ele. —Falei.

- ‎Milagre ele não foi nem no teatro. —Any fala fazendo cara pensativa. — Acho que ele está chateado com a Dulce.

- ‎Ue, por que? —Chris pergunta.

- ‎Ela deu um fora nele.

- ‎Eita, amiga.

- ‎Essa minha cunhadinha é má.

- ‎Por que deu um fora nele, Candy?

- ‎Vocês sabem falar só sobre mim é?

- ‎Você é que têm a vida louca, por isso.

- ‎Ela deu um fora nele porquê ele não faz o tipo dela.

- ‎Se eu não amasse o Chris iria agarrar o Ucker. —May disse dando um sorrisinho.

- ‎Amor!

- ‎Uai, é a verdade. Sou sincera, querido.

        Essa sinceridade da May me surpreende. Bom, ficamos conversando, o assunto era "Dulce", como sempre eu no meio desse assuntos estranhos. Depois de algumas horas fui embora, foi uma noite cansativa mas boa. O Christopher não quis falar comigo, até senti pouco de falta mas fazer o que né, não vou ficar correndo atrás de ninguém.

O Recomeço [1° Temporada/Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora