Queria ser você

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Depois que eu sai do hospital fui direto para casa da Any. Ok, não cumprir o que disse para o Chris, mas precisava ver minha irmã.

- Dulce, que milagre você aqui.

- ‎Oi. —entro na casa e a Any fecha a porta. Caminhamos até a sala.

- ‎Ainda existe a palavra "licença" ok, maninha.

- ‎A May perdeu o bebê.

- ‎Oh meu Deus, ela estava tão bem...

- ‎Ou não né? Talvez ela não tenha contado que a gravidez não estava indo tão bem.

- ‎Será? Certeza que elá está totalmente triste.

- Está mesmo. O Chris também, coitado dele.

- ‎Coitada dela também né, Dul!?

- ‎É, Any. Cadê seu namorado?

- ‎Ele precisou sair.

- ‎Filha, eu já estou indo. —Me viro ao escutar aquela voz— Dulce!?

- ‎O que esse homem faz aqui?

- ‎Dulce, ele é o nosso pai e pode vim quando quiser. —Ela aproxima de Fernando— Já vai, pai?

- ‎Sim, querida. —Ele beija a bochecha dela.

- ‎Eu te levo até a porta.

- ‎Não precisa, você tem visita. Tchau, te amo. —ele despede dela e sai.

- ‎Tão bom ter pai né? —Pergunto ironicamente.

- ‎Dulce, não começa. Ele te ama também, só não sabe demostrar.

- ‎Estranho, ele sabe muito bem demostrar para você.

- ‎É diferente. —Ela diz cabisbaixa.

- ‎Diferente? Têm algum problema comigo?

- ‎Lógico que não. Ele acha que a culpa da mamãe ter ido embora é sua.

- ‎Ninguém mandou ele ser violento.

- ‎Quem te disse isso?

- Ontem um moço, Otávio, me mandou uma carta pedindo para o encontrar, e eu fui.

- ‎Você foi encontrar um estranho?!

- ‎Ele me contou sobre sua querida mamãe.

- ‎Dulce. —suspirou— Eu sei de tudo que aconteceu naquele tempo.

- ‎Sabe? Por que nunca me disse? —A olho sentando no sofá, continuei em pé.

- ‎Não queria que você odiasse o papai.

- ‎Anahí, eu passei anos pensando que ela tinha morrido. Só com 16 anos soube que ela está viva, e agora isso. Que merda.

- ‎Calma, Dulce. A mamãe sofreu com o nosso pai sim mas nenhuma família é perfeita né. Não podemos julgar ele.

- ‎Está certa, nenhuma família é perfeita porém ele não precisava ser tão estúpido e fazer isso. Por que você sempre fica do lado desse homem? Any, ele acabou com nossa família. Talvez, as coisas poderiam ser bem diferentes.

- Mas Dulce, nosso pai sempre foi bom para nós e deu o melhor para eu e você.

        A olho incrédula e rio fraco. Any tão ingênua.

- ‎Espera, você está mesmo falando do Fernando? Porque se for isso você está enganada. O seu pai foi bom só com você. Sabe como é horrível falar "Papai, eu te amo" e ele ficar calado ou dizer que eu não sei o que é amor? Sabe como é ficar olhando ele brincar com a filha mais velha quando a menor está trancada no quarto vendo pela janela os dois? Não, você não sabe! Eu sempre era excluída, Any.

- ‎Eu...eu tentei fazer ele amar você, Dulce. Eu juro que tentei —os olhos dela estava cheios de lágrimas— Mas o nosso pai fingia que não escutava. Mana, eu me sentia mau também por isso, mas eu era uma criança e não sabia oque fazer!

- Tudo bem, Any. Você não poderia fazer nada. Sabe, Quando você foi viajar para outro país e me deixou sozinha com ele foi tão doloroso.

- ‎Ele fez algo com você?

- Não, ele não fez nada mas as palavras machucam muito. Ele me deixou sentindo inútil muitas vezes, acho que foi aí que me tornei assim e aprendi a me defender. Sério, uma adolescente de 15 anos pela primeira vez conseguiu enfrentar o pai. Sim, levei uma surra para aprender respeitar. —Solto um pequeno riso e olho a Any levantar— Mas foi aí que eu também me tornei independente. Olha só, cresci rápido demais, com 15 anos precisei ser logo uma adulta.

- ‎E-eu sinto muito, desculpa por não ter estado ao seu lado quando precisou. Dulce, desculpa. —Ela me abraçou.

- ‎Eu queria ser você, queria ser feliz.

O Recomeço [1° Temporada/Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora