One - Second Part (Ally)

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Já não bastava eu estar nervosa por ser a minha segunda semana de trabalho na "Sundaly Coffe ", ainda chovia baixo. Saí de casa por volta das 7h30, já que a cafeteria era duas quadras a frente de onde eu morava.

Eu tinha de atravessar uma avenida para chegar e tive de esperar abrir o sinal para pedestres, mas, para a minha sorte, um carro apressado passara por uma enorme poça de água na calçada que me molhara por completo. Pude ver a afeição de espanto do motorista e não hesitei em xinga-lo alto e frustadamente. Suspirei nervosa e marchei até o trabalho, ainda lançando palavrões mentalmente.

- Bom dia, Ally! - minha colega de turno, Seungi, disse animada.
- Bom dia? Como "bom dia" se o impossível me aconteceu? - granhi e fui até a pia do banheiro tentando secar meu cabelo com as folhas de papel toalha.
- Calma, você não está tão ruim assim. O vento deu uma secada em suas roupas.
- Pelo menos não deu tempo de passar tanta maquiagem e só borrou o rímel. Ah! Que garoto idiota, quem me dera vender café para ele, se arrependeria dos $15,50 - ela riu baixo da minha frustação.
- Calma né. Coloque o avental e vamos para a bancada. Você está aceitável.

Afirmei com a cabeça e entrei colocando o avental marrom que continha o emblema no bolso estilo canguru. A fila estava grande e eu levantava meu olhar da máquina a cada toque do sininho na porta.
Preparei pedidos especiais para uma senhora sorridente que estava na mesa 6, acompanhada de um senhor de cara rabugenta, que a mesma chamou de "querido". Ela me consolou após eu respondê-la do porquê meus cabelos e camiseta estarem molhados.

- Entendo, minha querida. Mas você continua muito linda e serena - abriu um meigo sorriso que retribuí.
- Ah....muito obrigada. A senhora pode se dirigir ao caixa ali na lateral para pagar os pedidos - ela agradeceu e voltei para trás da bancada. Eu estava responsável em atender as mesas e após entregar um pedaço de bolo na mesa 2, vi um braço levantado na mesa 13. Um garoto de cabelos escuros e praticamente largado na cadeira, me lançou um olhar malicioso depois de me olhar de baixo a cima.

- Bom dia, qual o seu pedido? - ignorei suas secadas e direcionei minha atenção para o meu bloco de anotações.
- E aí, gata. Me vê sete americanos - ele tinha uma afeição parecida com o motorista que me molhara.
- Quando você me tratar com respeito, eu te atendo - falei anotando o número da mesa dele.
- Uow, desculpe senhorita - seu sorriso se desmanchou - Poderia me ver sete americanos?
- Para beber ou levar para viagem? - disse anotando no papel.
- Viagem.
- Então você terá que entrar na fila - ele suspirou ao ler a placa "VIAGEM" a cima do balcão e foi para a fila.

- Faça seis americanos e um deixa comigo - falei para Seungi.
- Ué. Por que e para quem?
- Para aquele garoto ridículo do final da fila e porque foi esse retardado que me molhou - falei lhe entregando o papel do pedido.
- Ah, já entendi - nós rimos e ela voltou a fazer os pedidos. Prossegui atendendo as mesas e a cada vez que eu retornava à bancada, percebia os olhares do garoto de cabelos escuros em meu corpo. Quando faltava uma pessoa para o garoto ser atendido, ouvi Seungi me chamar.

- Ally! Vamos trocar - afirmei e lhe entreguei o bloco de anotações - Boa sorte - rimos e ela foi atender as mesas.

Após entregar a sacola para uma moça que me sorriu gentil, o garoto se escorou na bancada. Coloquei os seis copos em uma sacola e fiz o último café: sem caramelo e sem açúcar. Totalmente amargo.

- Aqui está os seus sete americanos - ele me viu fechando o último copo.
- Não coloca esse na sacola não, eu vou tomando - resmunguei - Ei, escreve seu número aí no copo.

Revirei os olhos e escrevi meu número com a caneta permanente preta, lhe entreguei o copo e ele sorriu satisfeito.

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