Capítulo 11- Filme, baralho, canto da boca

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"Talvez ele só saiba fingir tão bem quanto você."

Narração Marina*

- Tem certeza que faz mais de um ano que você não joga ?

Ele diz sorrindo, estamos no sofá, cada um de um lado, o baralho entre nossas pernas cruzadas,

- Absoluta, mas em minha defesa, antes quando eu podia jogar, eu adorava.

Ele apenas dá risada,

- Se nota, 9×3.

Olho minha cartas,

- Na verdade 10×3 , bati.

Coloco as cartas à mostra para ele ver.

- Sabe o que eu vou fazer um dia? Te levar para las Vegas , nos cassinos e fazer você ganhar dinheiro pra gente.

Eu ri, ri alto, mas ri de gargalhar.

- Bom saber que eu te divirto.

Eu limpei uma lágrima que escorria de meus olhos, e era só assim que eu queria chorar, de felicidade.

O celular dele começou a tocar e ele se levantou do sofá para atender,

- Não, não estou no hotel, - Ele bufa, - Claro que não, já entrei de férias, - Coloca a mão na cabeça,- Não, não vou voltar para São Paulo agora, Vou ficar no Rio.- Ele faz uma cara de bravo, - Depois conversamos sobre isso, tchau.

E então finaliza a ligação zangado.

- Incompetente .

Diz guardando o celular e voltando a se sentar,

- Tudo bem?

Pergunto vendo sua expressão nada boa,

- Era o investigador que eu coloquei para achar sua familia ,

Meu coração se acelera, parecia que ia sair pela boca,

- E então?

Pergunto ansiosa.

- Nada, ele verificou o bar e..

Ele para olhando para todo lugar menos pra mim,

- Continua..

Ele volta seu olhar para mim de novo,

- O motel que ele vai algumas noites e não achou nada..

Ele fica me olhando, parece que espera que eu exploda ou que eu diga eu sabia , mas não, não faço isso.

- Que bom que ele fica com qualquer uma mas longe de mim.

Luan tenta esconder um pequeno sorriso.

- Não o ama mais então?

Pergunta baixo.

- Como poderia ? Para amá lo teria que fazer muita terapia e passar por um psicólogo, a verdade é que a única coisa que sinto pelo Bruno é nojo.

Abro a boca sem querer, não havia percebido que estava com sono.

Olho para a parede e vejo as horas, 2:52 da madrugada.

- Está tarde, é melhor eu ir.

Ele se levanta e eu gostaria de convida lo a passar a noite aqui, nem que dormisse no sofá mas sei que ele ficaria melhor nas camas luxuosas do hotel e não quero arriscar , mesmo que me diga que Bruno está longe, tenho medo de que Deus me livre ele apareça.

Caminho com ele até a porta quando ele se vira para mim do nada,

- Ele tem família?

Faço que sim.

- Moram em São Paulo, seus pais, ele é filho único.

Ele não diz mais nada, abre a porta e sai.

- Então acho que é tchau né?

Diz e eu me a próximo para beijar sua bochecha quando ele se surpreende e se vira fazendo com que eu beije o canto de sua boca.

- Am, me desculpe

Ele sorri.

- Não se preocupe, boa noite.

Se vira e vai embora para seu carro.

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