I

38K 1.8K 1.8K
                                    

Afaste-se. Fuja da solidão. Do silêncio.

Enquanto ele empacotava, planejou. São Francisco. Ele iria para lá. Perguntava-se se Liam estava saindo da cidade. Liam tinha um apartamento na cidade e Louis podia ficar lá. Sim, uma cidade maior, mais movimentada. Isso era o que ele precisava para o Natal.

Luzes piscaram enquanto o Club Jaula mantinha a ilusão de velas com lâmpadas elétricas. O olhar de Louis disparou sobre os clientes. Não muitos Dominantes e diversos Submissos. Essas eram as probabilidades que gostava. No balcão estava uma árvore de Natal pequena, cerca de dois metros de altura. Divertidamente, os ornamentos eram minúsculos chicotes e algemas.

Ele fez um caminho mais curto para o proprietário do clube. Ele conheceu Malik anos antes através de Horan, e agora aquele encontro estava sendo recompensado. Tinham dado a ele um passe gratuito para os feriados de Natal e acesso a salas privadas. Os novos membros eram muitas vezes restritos, mas Louis foi saudado por causa da palavra de Horan. Sua cinta-liga vinil de couro apertou insuportavelmente quando ele se abaixou para limpar a chuva de suas botas cortuno pretas. Suas calças apertadas, regatas rasgadas em locais supostamente estratégicos e suspensórios caindo gradativamente pelos ombros eram seu traje, seu disfarce. Ele vestia o traje de forma que nenhum submisso iria confundi-lo por outra coisa. Ele era Mistress3 Dane neste mundo e cada centímetro seu gritava o fato.

No centro do clube havia uma grande área cercada por grades de ferro forjado. Um grande sinal acima da entrada, dizia — A Jaula — e dentro dos limites haviam vários grupos de pessoas, algumas em pé, algumas de quatro. Chicotes, varas e chibatas eram empunhadas com perícia. Malik seguiu seu olhar, seus olhos dourados iluminando com antecipação.

— Horan lhe disse sobre a nossa cela?

— Não, ele não disse.

— É geralmente o primeiro passo para recém-chegados. Aqui eles podem praticar, jogar, descobrir um ao outro sob o atento e sensual, olhar dos outros. — A voz de Malik estava fumegante. — Os sons e os cheiros são a parte mais memorável do meu clube.

Louis poderia muito bem acreditar. Enquanto um homem açoitava duas mulheres, outro homem estava apenas fora da gaiola e acariciava seu pênis. Outro macho Dominante prendia grampos nos mamilos de um rapaz inclinado que gritou e aumentou o prazer dos outros. A bofetada do açoite e os gemidos dos que recebiam enviaram o homem que se masturbava, ao longo da borda, e seu gozo se derramou sobre a toalha em sua mão, o rosto contorcido de prazer.

Era muito mais cru, mais grosseiro e menos controlado do que o calabouço de Horan. Louis sorriu. Talvez isso fosse o que ele precisava. Malik apontava para uma área perto do lado direito da gaiola.

— Esses quatro aí combinam com seu questionário. Eu pedi a eles para esperar.

— O que você disse a eles?

— Somente que você é um Domme visitando e gostaria de jogar. — Malik olhou para ele. — Eles estão todos… Soltos.

Com um aceno rápido, Louis se afastou do balcão. Ele examinou os Submissos que Malik tinha escolhido e viu um homem no canto. Ele não se acariciava, mas olhava paralisado para o rapaz ajoelhado. Sua ereção se projetava na calça e ele não usava camisa. Ele tinha cabelos cacheados, longos castanhos e um queixo quadrado. Pelo comprimento das pernas Louis poderia dizer que era alto, embora estivesse sentado. Seus olhos fixos nele, entretanto. Eram de um verde-esmeralda alucinante que brilhavam à obscurecida luz a seu redor. Algo em seu jeito revelou sua preferência.

Cautelosamente, Louis atravessou o quarto. Uma mulher afastou-se da parede e se apresentou com a cabeça curvada, mas Louis registrou apenas que era uma mulher antes que ela se movesse. Ele queria um pênis essa noite. Um pênis muito específico. Quando chegou ao homem, ele olhou para cima e depois deixou cair o olhar de imediato. Definitivamente um submisso.

— Você está envolvido? — Ele perguntou formalmente.

— Não, senhor.

— Você gostaria de jogar?

Sua respiração prendeu e suas mãos se retorceram.

— Sim, senhor.

— Venha comigo. — Louis virou-se e se aproximou do balcão grande na entrada. O homem seguiu a uma distância respeitável, alto e silencioso.

— Você tem sua própria coleira?

Silêncio durante uma batida de coração e, em seguida,

— Não, senhor.

Não era comum encoleirar um sub pela primeira vez no jogo, mas Louis queria a formalidade, a ilusão da posse. Apenas outra parte da fantasia. Fazia sentir menos… Casual.

Ele olhou para Malik, que encontrou três coleiras, e as colocou para Louis escolher. Uma delas era um colar de cachorro com pedras bonitas. Não, muito feminino. Bom para um garoto filhotinho, mas esse submisso podia ser mais que um desafio. A segunda coleira era suave e elegante. Novamente, não era realmente o seu estilo. Ou o dele, para esse assunto. A última tinha pinos no interior que iriam pressionar contra sua pele. Ele ergueu-a no balcão e virou-se para o homem.

— Esta aqui.

Ele olhou para Louis e fogo cintilou em seu olhar. A protuberância em suas calças esticou. Sim, essa era a certa a escolher.

— De joelhos.

Foi um prazer vê-lo cair de joelhos. Seus músculos do ombro eram firmes e tensos. Suas costas eram atravessadas com cicatrizes brancas que indicavam que ele havia sido açoitado. Ele havia gostado? Quando sua língua saiu para lamber os lábios, Louis pegou o vislumbre de um piercing na língua. Ele enrolou o colar no pescoço do homem e parou.

— Antes de ajustar isso eu quero uma palavra-segura. Se estiver muito apertado, você tem de me dizer. Se eu remover isso e achar que você não me disse que o estava machucando, eu vou puni-lo. E acredite, você não vai gostar.

Um tremor passou por ele e ele disse:

— Sim, senhor. Minha palavra-segura é “Luz Vermelha”.

Assistiu enquanto sua garganta moveu-se abaixo da coleira, quando ele engoliu. Ele era sexy, submisso e fodidamente bonito. Louis apertou a coleira, e os pinos se enterraram em sua carne. Seu silvo de prazer rasgou através dele e atirou relâmpagos para seu pênis. Finalmente, o homem disse “Luz vermelha”, e Louis pôs o ajuste. A visão daquelas pontas afundadas na áspera superfície de sua carne, enviou um formigamento através dele. Ele era uma jóia.

— Eu não conheço você, então você vai me dizer se eu fizer algo que não é prazeroso para você. Você entendeu?

— Sim, senhor.

— Qual é seu nome?

— Harold, Senhor.

— Qual é o nome que seus Dominantes o chamam? — Perguntou Louis.

— Harry, Senhor.

A maneira como ele se dirigiu a Louis corretamente, a maneira como ele se ajoelhou a seus pés, a visão da coleira, o deixou selvagem com o desejo. Louis queria foder com ele, ser dono dele. Mas primeiro, tinha que seguir o procedimento correto.

— Dentro da jaula, Harry. — Ele empurrou em suas costelas com a bota e Harry começou a subir. Seu pé apertou-o abaixo do lado dele e obrigou-o a recuar de volta. — Não, rasteje. — Normalmente, Louis não fazia um homem rastejar. Mas alguma coisa sobre esse homem apertava seus limites, fazia querer mais.

Por um momento, Louis pensou que ele poderia recusar. Seu olhar derivou-se e Harry olhou para ela, mas olhou para longe após uma fração de segundos.

Oh, você acha que eu não vi isso? Eu sei o que você é. Você é um submisso que não gosta de se submeter verdadeiramente. Você vai se submeter para mim, garotão.

Louis empurrou com o pé novamente e ele rastejou pelo chão até a entrada da jaula. Ele observou-o por um momento. A maneira como ele se moveu, a forma como suas mãos e joelhos, deslizaram pelo chão em uníssono, parecia um animal selvagem, talvez uma pantera. Algo exótico e perigoso...

SubmissionOnde histórias criam vida. Descubra agora