Capítulo 8 - O Rancho (Parte II)

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LAVAR OS UTENSÍLIOS, cuidar da horta, dos animais e encontrar um tempo para se distrair não era difícil para Yui. O que ela não suportava, era ver Saeko e Dakota não fazer nada por todo dia, a não ser incomodá-la a todo instante. As gêmeas faziam um ótimo trabalho em destruir tudo o que ela gostava.

Certa vez, Yui quase bebeu toda a água que havia na estadia a fim de tirar o gosto de pimenta em sua boca. Saeko havia despejado uma quantidade considerável em seu alimento. Em outra ocasião, elas haviam rasgado e jogado fora um dos seus únicos e brinquedos favoritos: a boneca Monogatari, sua melhor amiga.

Ao passar do tempo, Yui aprendera a revidar. E foi por isso que no dia anterior à partida do tio, ela adicionara alguns ingredientes a mais no chá das gêmeas, deixando-as exaustas. Infelizmente, seu plano de ir ao lugar de suas primas não funcionara e ela acabara ficando na estadia, impedida de ir à Vila.

Decidiu-se sequer sair do quarto.

— Yui? - Ela ouviu Nora a chamar da sala - Já acordou?

Ela apenas se virou para a parede. Nesse momento, queria estar bem longe dali, prestes a se encontrar com sua mãe e sua casa na Vila das Flores.

Ouviu passos. Nora entrara em seu quarto.

— Ainda não está de pé, Yui? - Nora questionou aborrecida - Você faz ideia de como o sol já está forte lá fora?

— Não sei, ainda estou dormindo - Yui resmungou com desgosto.

Nora cruzou os braços e franziu a sobrancelha.

— Pois eu acho melhor você descer agora mesmo e ajudar a Dona Lirin na cozinha.

Yui não se mexeu.

— Se não fizer o que eu digo, vou me lembrar de não deixa-la ir na próxima vez com seu tio, mocinha.

Ela virou-se para a tia quase que imediato.

— Fico pronta em segundos - Ela murmurou baixo.

— Ótimo! - Nora disse sorrindo e virando-se - Ao menos aquelas duas estão como encantadoras criaturinhas adormecidas.

Yui fechou a cara e olhou para a pequena janelinha rústica de seu quarto. Devia ser a sétima hora da manhã. Tratou-se de se aprontar, colocar a pequena Monogatari atada em suas costas e enfrentar mais um dia no Rancho de seu tio.

A sala da estadia estava um tanto vazia. Alguns hóspedes da noite passada acertavam o valor com o Senhor Tu. Seu real nome era Jolac Brandlay, mas ele particularmente gostava de seu apelido. O velho alto e magro que desfrutava uma completa calvície, viera de Lenas, uma cidade do Reino de Jordel da distante terra de Condarde. Ele era compreensível e muito amigável e ela adorava as histórias que ele lhe contava sobre seres míticos e lugares extravagantes.

— Olá Senhor Tu! - Ela disse quando chegou até ele.

— Olá minha pequena! Como dia seu vai?

— Estou bem... Eu acho! - Ela respondeu.

— Deve ficar em paz - Ele sorriu - Hoje é um belo dia!

Ela assentiu e continuou seu caminho para a cozinha. Dona Lirin era uma senhora com excesso de gordura em seu corpo. Era baixa e tinha fortes braços. Em sua cabeça sempre estava amarrado um pano.

A cozinha era extensa. No centro havia uma grande mesa de madeira na qual era depositada várias cestas. Nelas havia frutas frescas e alguns pães que já se encontravam prontos. Ao chão, encostados na parede direita, alguns galões de água e vinho estavam postos. Ao fundo, havia um grande forno antigo feito de barro na qual Dona Lirin colocava as massas de pães para assar. Ao lado esquerdo, um grande armário abrigava utensílios como talheres, copos, caldeirões e panelas. Mais abaixo, outro armário guardava algumas especiarias como o cravo, a canela, o cominho, a pimenta-preta, gengibre, dentre outras.

ANTARES: A Vingança dos ElfosOnde histórias criam vida. Descubra agora