Capítulo 7

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Daniele evitou as ruas principais e mais movimentadas da cidade para não ser reconhecida como a garota que sobreviveu ao acidente, andava apressada para não ser abordada por ninguém, queria agradecer a todos que rezaram por ela ou havia escrito cartas, pensou que poderia agradecer até a Rebeca. Mas não agora. Quando chegou na porta do cemiterio um velho fumava um cigarro tranquilo em um banquinho na porta. Passou pelos portoes velhos e percebeu que não saberia onde poderia...encontrar Gustavo esfregou a palma da mão na testa e fechou os olhos em frustração.

-algum problema moça? – o velho perguntou.

-Na verdade sim, o senhor sabe onde Gustavo Oliveira está...-ela tomou folêgo- está enterrado?

Não diga,não diga é mentira...

O velho a encarou e deu um trago no seu cigarro soltando a fumaça na rosto de Daniele antes de responder

- O garoto bonito? Eu sei sim, acho que um enterro nunca teve tanta gente nessa cidade

Daniele sentiu seu coração falhar e sua respiração pesar, ela queria desmoronar ali mesmo. O velho a guiou para dentro do cemitério e começou a andar por entre os túmulos a cada passo que dava atras do homem, Daniele sentia uma forte dor no peito como se estivesse deixando pedaços seus para trás. Respirava com dificuldade em cada movimento. O homem parou em frente a um tumulo repleto de flores e Daniele parou a uns sete passos distantes. Ela ainda não enxergava a lápide seus pés congelaram no chão a deixando ímovel, o velho encarou a lápide e fez um sinal da cruz depois olhou para Daniele estática.

-Vou fechar daqui quinze minutos – disse a deixando sozinha.

Seu coração batia tão forte que Daniele pensou que talvez ele pudesse escapulir pela sua boca, ela se obrigou a dar um passo de cada vez. Levou a mão na boca para abafar um grito ao ver o lindo rosto de Gustavo em uma foto na pedra da lápide, ela se curvou com profunda dor até seus joelhos tocarem o chão. Daniele se lembrava do momento daquela foto que ela mesmo tirou dele em sua formatura, a gravata azul combinava com seus belos olhos. Era fim de tarde e o ceu de Cerradinho pintava faixas amareladas o vento era uma brisa leve, ao lado do tumulo de joelhos ela pousou a mão direita na pedra quente por causa do sol suas lagrimas embaçou sua visão e seus soluços altos rompia o silencio do cemitério, aquilo não poderia estar acontecendo. Daniele sentou sobre seus calcanhares e deitou a cabeça no lugar que sua mão estava, hesitante ela tocou a foto e traçou as letras douradas que escreviam seu nome com a ponta dos dedos.

-Gustavo – ela fungou baixinho.

O dia da foto foi um dos dias mais feliz da sua vida, depois da formatura Gustavo havia levado Daniele para um chalé em um hotel fazenda perto da fazenda dos Acorssi e lá eles tiveram seu primeiro momento de amor juntos, foi tudo perfeito as rosas a velas o sexo. Ela não se supreendia ao perceber que Gustavo estava em todos os seus momentos mais felizes, as mémorias a afogavam e a tristeza esmagadora despedaçava seu coração fazendo doer qualquer cicatriz marcada na sua pele.

-Daniele! – Rita e gabi corriam por entre os tumulos.

Daniele nem se deu ao trabalho de levantar sua cabeça para ver quem a chamava, apenas continuou com seus soluços altos esperando que tudo isso fosse um sonho, o pior pesadelo. Ela queria acordar desesperadamente!

-Meu amor – sua mãe ajoelhou ao seu lado – eu sinto muito.

Gabi chorava baixinho.

-Ele...ele não....por favor Gustavo...

Seu pai parou ao lado de mãe e filha e lamentou em silêncio.

Daniele não lembrou quanto tempo passou ali com a cabeça em cima do marmore negro, suas lagrimas caiam sem parar seu corpo adormecido pela dor, já estava escuro e apenas alguns postes iluminavam o túmulo de Gustavo.

-Querida...nós precisamos ir- sua mãe tocou seus ombros.

Daniele levantou a cabeça e encarou o rosto de Gustavo

-Não...eu não posso deixa-ló aqui

-Dani – seu pai a chamou –nós precisamos ir agora querida...

Daniele balançou a cabeça negando e sentiu seu pai respirando fundo.

Gabi ainda chorava ao lado de Daniele segurando sua mão firme.

- Vamos lá,Dani – seu pai disse a levantando suavimente.

-pai –ela engasgou

-Ta tudo bem -ele a abraçou a levando para longe

- Eu não posso....

-shhhh- ele depositou um beijo no topo da cabeça de Daniele.

Rita também abraçou a filha e Gabi os seguia mais atras, quando passaram pelos portoes não havia mais ninguém ali. Seu pai a guiou para dentro do carro,mas Daniele começou a entrar em panico e cravou seus pés no chão

-Eu não posso...

Balançando a cabeça Daniele encarava os rostos preocupados de seus pais

Ela girou seus calcanhares e seguiu a pe pela calçada, Gabi a acompanhou ate em casa em silencio paenos ouvindo os soluços baixinhos da amiga. Daniele tinha certeza que a peruca estava torta, que seu rosto estava inchado e vermelho sua roupa suja,mas ela não se importava com nada daquilo o vento umido antes de uma provavel chuva soprou os cabelos falsos dela enquanto ela andava o mais rapido possivél para não desabar ali e não levantar até tudo passar. Na porta de casa Gabi a chamou

-Dani...

Daniele apenas balançou a cebeça negando e fechou a porta e entrou pra dentro de casa. Quando chegou em seu quarto ela explodiu em lágrimas, arancou a peruca e a jogou no chão com violencia passou a mão boa pelo rosto e apertou a parte do cabelo que tinha sobrado andava de um lado para o outro ;fechou seus olhos, mas em sua mente via a foto de Gustavo gravada na lápide apertou seu pescoço enquando as lagrimas desciam sem parar pelo seu rosto aquela imagem estava a sufocando e ela respirava com dificuldade. Em sua mente momentos dos dois no carro antes do acidente se misturavam com Gustavo a beijando, rindo a possuindo como mulher...

-Chega! – Daniele chutou o criado mudo ao lado da cama, fazendo com que ele se desmontasse no chão. Ela se sentou encostando-se na cama, enquanto encarava a bagunça espalhada pelo tapete ela reparou uma pequena caixa de veludo vermelha tomando ela nas mãos Daniele a abriu e descobriu seu anel de noivado. Estava intacto, perfeito e brilhante como no dia em que ela ganhou. O colocou na mão, no dedo em que ele sempre esteve e o encarou levou sua mão aos labios e o beijou. Gustavo estava ali pra sempre.

Daniele passou uma semana sentada em seu quarto encarando a janela de Gustavo, só saia para se alimentar e dormir. Era segunda quando Rita encarou sua filha enrolada na poltrona encarando a janela, ela sabia que o luto era uma fase pela qual Daniele precisaria passar,mas também tinha o dever de mostrar que o mundo lá fora acontecia e que a filha deveria continuar com as sessoes de fisioterapia então respirou fundo e disse com firmeza:

-Vou ajuda-lá a se arrumar, sua fisioterapia começa daqui a meia hora

Daniele nem se deu ao trabalho de olhar a mãe ,apenas disse:

-Eu não vou

-Sim, Daniele você vai.

Daniele fechou os olhos e uma lagrima escorreu, sua mae entrou no quarto e começou a separar as coisas.

Rita parou ao lado da filha e disse:

-Daniele, levante-se...

Daniele se manteve parada

-Olha só – rita se ajoelhou ao lado dela –você está viva! VIVA! Daniele! Eu não vou deixar você acabar com sua vida – ela apontou o dedo para Daniele –Gustavo...não gostaria disso

Daniele rompeu em soluços

-Eu...não sei mais como começar...mãe me ajude...eu não

Sua mãe a abraçou e passou a mãe por sua cabeça

- vamos começar dando um passo de cada vez

O  Eterno Amor ( CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora