capítulo 9

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Daniele bateu à porta de casa e deu de cara com sua mãe cantarolando na cozinha com as chaves do carro na mão, Rita olhou para os cabelos de Daniele e sorriu emocionada.

-querida! Você quer ir até o supermercado comigo?

Daniele puxou o ar com força e soltou devagar sentia como quem tivesse corrido uma maratona, mas andou o mais rápido que pode para procurar seus currículos que começaria a distribuir na semana que sofreu o acidente para hípicas, haras, centros veterinarios.

-mamãe, você sabe cade meus currículos? Eu nao consigo me lembrar de onde eu os deixei

Sua mãe pisou surpresa

- currículos?

- sim mamãe currículos de emprego - disse Daniele abrindo os armários da sala

- eu coloquei alguns no quartinho de despejo, pensei que vc não queria mais.

- na verdade, eu não sei.... nao sei se vai dar certo. Só quero tentar.... Isso é bom ne? - perguntou insegura

Sua mãe piscou

- claro querida! Eu até te ajudaria, mas tenho mesmo que ir ao supermercado. Você consegue?

Daniele acentiu e agradeceu correndo para o quartinho.

O pequeno espaço estava lotado de caixas, material de pesca uma máquina antiga de moer café e dezenas de pilhas de papéis que ela olhou cuidadosamente até achar seus currículos. Se sentou em uma das caixas no chão e sorriu com as folhas em suas mãos leu cada palavra impressa conferindo todas as informações. Então a caixa que estava sentada cedeu e ela deu um grito de espanto papéis brancos ficaram espalhados por todo o chão, colocou a mão no peito sentindo seu coração bater com força depois começou a rir esfregou o bumbum e agradeceu por ter todo aquele papel pra aliviar um pouco sua queda. Quando pegou um das folhas no chão para ver do que se tratava seu sorriso morreu, em letras bonitas e douradas estava escrita seu nome e o de Gustavo. Eram seus convites de casamento. Sentiu uma forte dor no peito e a garganta fechar as lágrimas começaram a cair descontroladas e ela chorou baixinho em meio aos convites espalhados no chão. Se levantou e começou a abrir todas as caixas que revelaram revistas de vestidos de noivas, catálogos de tecido, papéis com lista de fotografos. Abandonou tudo ali desarrumado do jeito que estava e saiu de casa, precisava longe de todos aqueles papeis que traziam memórias doces que agora estavam amargas. Quando saiu percebeu que o dia já estava acabando e havié uma tempestade prestes a cair as crianças brincavam na rua rindo enquanto suas maes a chamavam para entrar para dentro o vento estava forte. Daniele saiu andando por entre as ruas até chegar na estrada que levava a Fazenda dos acorssi logo após a entrada da Fazenda ficava uma linda plantação de rosas onde ela e Gustavo costumavam passar muitas tardes justos a falha na cerca ainda continuava ali, as memórias dos dois passando naquele espaço passavam em sua mente em flashes e a deixavam tonta. Daniele entrou na propriedade onde ficavam as rosas e andou por entre a plantação, sua visão embaçada por conta das lágrimas, a forte ventania antes da chuva as vezes carregava algumas. Seus pes estavam pesados e os cabelos bagunçados deixando a mostra sua cicatriz, mas não se importava ninguém estava ali para ver. Os primeiros pingos de chuva começaram a cair grossos em seu rosto e em questão de minutos encharcou toda a sua roupa o céu ficou rapidamente escuro. Daniele parou de andar por um momento e abaixou a cabeça se sentia...derrotada. Por vários minutos sentiu apenas a chuva caindo sobre ela, sentiu desespero por estar ali sozinha em meio aquela tempestade olhou para todas as direções e estava tudo escuro, correu desorientada até a direção da estrada suas botas batiam com força na lama a tempestade forte ainda dificultava ainda mais sua visão. Então de repente seus pes pisaram no concreto da estrada é uma luz forte invadiu seus olhos rapidamente, Daniele gritou e se encolheu no chão protegendo com as mãos sua cabeça. Ouviu peneus pararem ruidosamente na estrada uma porta abrir e fechar e passos correndo em sua direção.
Maos apertaram seus braços suavemente enquanto ela tremia, seu coração batendo descontroladamente
Uma voz forte e sonora disse baixinho perto de seu ouvido:
- você está bem?
Daniele levantou a cabeça devagar e encarou um par de olhos azuis claros assustados, o homem apertou um pouco mais Deus seus braços para levanta- la o segurou junto de seu corpo e começou a analisa-la

- você se machucou? - gritou por cima do barulho da água da chuva.
 
Os dentes de Daniele batiam e ela balançou a cabeça negando, queria dizer as palavras mas não conseguia.

- eu te levo pro hospital ou pra sua casa - ele começou a guia-la em direção a caminhonete, mas Daniele desesperada cravou seus pés no chão

- tudo bem, vamos - o desconhecido que ainda tinha os braços em volta de Daniele olhou ao redor e depois continuou- vamos nos sentar ali.

Havia um pequeno e velho ponto de ônibus coberto onde o homem sentou Daniele.

- espere aqui, vou estacionar o carro no acostamento ok?

Ele saiu correndo na chuva e entrou em sua caminhonete, por um momento Daniele queria que aquele homem fosse embora para que não pudesse encarar seus olhos vermelhos e seu rosto inchado por conta das lágrimas. Estava com medo e envergonhada. Mas ele voltou e se sentou ao lado dela, passou a mao no cabelo preto e molhado.

- você quer ligar pra alguém? Está com seu telefone? Sinceramente moça, você é maluca?
 
Daniele riu fraco e reuniu a coragem pra poder dizer

- eu...e....me desculpe, estava fugindo...da tempesta e....e....- chorou baixinho.

O desconhecido disse rapidamente com calma

-tudo bem, tudo bem- ele pescou seu iPhone do bolso e passou para ela- ligue pra quem você quiser, vim aqui busca-la.

Ela estendeu a mao trêmula fazendo o possível para nao encostar nos dedos do homem. Se concentrou para lembrar o número de Gabi, não queria preocupar seus pais. Ela discou o número devagar e torceu para que Gabriele atendesse o número desconhecido, após alguns toques ela ouviu sua voz

-alô?

Daniele quis chorar de alívio

- Gabi, sou eu Daniele preciso que você me ajude. Estou aqui em um ponto de ônibus próximo a entrada da Fazenda Acorssi e é preciso que você venha me buscar.

- meu Deus Daniele! O que você está fazendo ai ? Está caindo um dilúvio! Você está bem?

- estou bem Gabi, eu só me perdi... espere um pouco...eu preciso que vc venha de bicicleta... só você.. .Por favor - Daniele custava dizer aquelas palavras, mas ouviu a amiga suspirar do outro lado da linha

- tudo bem, vou levar capas de chuva. Espere ai. Estou chegando!

Daniele desligou e entregou o telefone ao desconhecido que a observava atento.

- Vo...voce pode ir embora.... O - ela respirou fundo- obrigada.

- Não vou deixar você sozinha

- t- tudo bem, você pode ir

O desconhecido balançou a cabeça e continuou sentado no mesmo lugar. Daniele se encolheu no canto opostou e observou a chuva cessar aos poucos enquanto aguardava Gabriele.

O  Eterno Amor ( CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora