Capítulo 2

1 0 0
                                    


Meu desespero é maior do que possa imaginar. Se você é realmente uma pessoa corajosa, te desafio a me escutar até o final. Sei que quando terminar toda essa história, terei chegado a alguma conclusão. Talvez vasculhar o passado dela me faça amá-la novamente, ou quem sabe, começar a ama-la de verdade.

Após completar 5 anos teve que sair com a mãe da casa da avó. Maggie era uma senhora excepcional. Típico de avó. Todos os cuidados e o carinho dela faziam com que Fiona saísse um pouco da realidade trágica na qual havia se metido. Ao saber de toda a história da filha e neta, Maggie permitiu que fossem morar com ela, portanto, todo o dinheiro que Lily conseguisse seria para ajudar em casa e dar uma boa formação para a filha. Infelizmente, aos 89 anos ela veio a falecer. A casa na qual moravam era de aluguel e o valor passou a ser muito alto para Lily pagar, então tiveram que se mudar.

Próximo objetivo? Morar em um quartinho no fundo do quintal de uma casa onde Lily costumava trabalhar. Mas é lógico que isso teria um preço. Ela até poderia ficar ali de graça, mas os serviços que antes eram feitos somente duas vezes por dia, teriam que ser aumentados para todos os dias da semana. Se formos pesar em uma balança, o trabalho como garçonete rendia bem mais, o único problema é que não seria o suficiente para pagar um lugar para morarem e se alimentar ao mesmo tempo. Já como doméstica elas poderiam dormir em um local de graça, e o dinheiro seria usado para outros meios.

Nessa casa haviam mais duas crianças, além de Fiona. Filhos dos patrões, claro! E...mesmo com a diferença social e suposta hierarquia, conseguiram se tornar amigos e estabelecer um vínculo verdadeiro. Creio que nesse exato momento essas crianças quebraram as barreiras do preconceito e mostraram que o amor não provém de condições físicas, ou sociais, e sim da importância que atribuímos a quem está do nosso lado.

Bryan e Amélia são grandes exemplos de sinceridade na vida de Fiona. São grandes exemplos de aceitação. Foram amigos que sempre quando precisavam defende-las, defendiam, e sempre quando precisavam ajuda-las, a ajudavam. A única coisa que não podiam era mudar a situação no geral, tanto por serem crianças, quanto por ser algo que não estava em seus alcance.

Um fato que ficou muito marcado nessa época, foi quando a mãe de Fiona quebrou um objeto da casa muito importante e caro. O resultado disso meio que você já pode imaginar. Metade do salário miserável que ganhava foi para pagar o objeto, o triste é que nessa mesma época a garota havia começado a estudar e precisava de um sapato novo por que o seu estava todo furado e velho. Vendo essa situação, e tristes com o ocorrido, Bryan e Amélia quebraram seus cofrinhos, e compraram um sapato novo para ela. Ele era um pouco maior que o pé dela? Era! Mas com toda certeza não conseguiria ser maior do que a boa intenção das crianças. É algo no qual ela nunca se esqueceu, e pelo jeito nem pretende.

Contando essa parte da história para vocês, percebo que consigo admirá-la nessa questão. Vejo que mesmo imersa em uma situação tão desagradável, encontrou pessoas realmente incríveis de se admirar. Mas ainda não consigo ama-la, são muitos outros motivos que me impendem de fazer isso. Se durante essa jornada...caso você perceba algo que eu não vi, por favor, me conte! Não quero saber que há injustiças e egoísmo. Ou que deixei de analisar um fato que poderia mudar tudo.

Quem é você?Where stories live. Discover now