Taehyung Morreu | JIKOOK & TAEKOOK

10- Referências do passado

- Sinto que não são mais os mesmos, desde... você sabe, a partida de Jimin.

Namjoon sentava de pernas cruzadas em minha frente. Eu por outro lado suava frio e me corroia por dentro em busca da liberdade dos sentimentos ruins que recentemente eu sentia. Sim, Namjoon estava completamente certo. Não era de se esconder que o relacionamento entre Taehyung e eu estivesse jogado aos ventos e o mais breve, devorado por lobos famintos. Sempre soubesse que Taehyung havia morrido para eu, desde a viagem para Paris era certeza que as coisas nunca mais seriam as mesmas, porém insistimos. Como sempre fazemos. Um erro ou uma qualidade? Algo nosso e em comum. Nunca desistimos. Ou melhor, sempre preferimos ver as coisas pelo lado bom. Muita coisa boa iria surgir da viagem para lá. Taehyung voltaria renovado, melhorado, em uma versão aprimorada, porém esse foi meu erro. Como eu queria que a pessoa pela qual me apaixonei mudasse? Certamente não é certo. Certamente um dos fatores que nos levou até aqui.

- Claro que não somos mais. E acho que não é de agora, sinto esse sentimento faz meses... anos.

Primeiramente quis culpar Jimin por nossa situação, desde o dia que se fora, tudo piorou. Entretanto, as coisas acontecem por motivos concretos e a ideia de Jimin ter feito algo para interferir em nosso relacionamento não passava de algo fantasioso em minha mente. Logo descartei. Taehyung, por outro lado, sempre acreditou. Não estava irritado com Jimin ou algo do tipo, muito pelo contrário. Taehyung parecia o entender, mas não achava necessário essa brusca separação.

As vezes sinto que Taehyung abalou-se muito mais com o ocorrido do que eu propriamente. A amizade dos dois floresceu rapidamente, sabia eu que Jimin tinha um sentimento diferente por comigo. Então lá no fundo do meu peito era ditado as horas da noite que eu separaria exclusivamente para chorar pensando nele. Pensava muitas coisas enquanto chorava, como por exemplo: onde ele está? Está bem? Com que companhias está andando? Está se alimentando bem?

Isso me matava. Matava porque preocupava-me muito mais com Jimin do que com o próprio Taehyung.

Faz uma semana que estou morando no apartamento de Namjoon. As coisas sairam do controlem depois de uma briga que tive com Tae. Precisei de um tempo, então o estou tomando agora. Espero que Namjoon não se incomode com minha presença aqui. Fumamos maconha, ouvimos indie rock nos fins de tarde, bebericando xícaras de café e fazendo teorias idiotas sobre a humanidade.

Faz muito calor recentemente e entre um desses fins de tardes descontraídos, ousei-me a dar um beijo na boca de Namjoon. Foi estranho. Ele não recuou, mas também parece não ter gostado. Nunca soube do que ele gostava, homens, mulheres... eu o enchia com meus problemas e nem fazia questão de saber sobre a vida dele.

“Não faça isso de novo" Foi o que ele disse depois do beijo. Fiquei corado de vergonha e quis deitar-me. Ele impediu e mandou eu sentar-me novamente. Andou até a estante onde guardava suas drogas e mostrou-me na palma de sua mão um tablete que era formado por cores vivas em degradê. LSD.
Coloquei embaixo da língua e olhei para o teto, uns dez minutos depois, podia jurar, sentir as mãos grandes de Taehyung sobre meu corpo. Fechei os olhos e senti as mãos pequenas e delicadas de Jimin também. Relaxei, mas com um baque vindo atrás de mim, abri os olhos. Namjoon encontrava-se de joelhos, chorando e tampando o rosto.

- Namjoon? Tudo bem?

- Nada bem, Jungkook. – Ele soluçava ao falar. – Minha vó... eu a amava tanto... única que cuidava... amava... quero ela de.... volta.

Abracei-o e levei-o para a cama. Já estava escuro do lado de fora, as estrelas brilhavam lá no céu e uma brisa fria adentrava o quarto através da janela aberta. Fiquei abraçado de conchinha com ele na cama.

- Namjoon, você é especial. O mundo precisa lhe conhecer, igual sua vó, e verá que ainda existe o amor.

Ele caiu no sono.

Fiquei admirando a noite estrelada a cima de mim, naquela cama. Lembrei-me do passado, quando conheci Taehyung. Do drama pelo qual passamos. De Miranda e como ela conseguiu ser incrivelmente manipulável para conseguir um amor para si mesmo. Talvez eu esteja me tornando uma Miranda...

No céu havia duas estrelas espetacularmente perto uma da outra, mas nenhuma lua visível para as ofuscar.