Blood

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- Então... - estamos andando em uma estrada longa e vazia. O tempo está nublado. - Está com Jasper a quanto tempo?
  - Nos conhecemos a um ano, o tempo em que estou no colégio. Mas começamos a namorar agora. Logo quando entrei ele vinha falar comigo, sempre dando em cima de mim e fazendo cantadas... Mas eu não queria um cara que chamava atenção demais, entende? Ele ter saído do colégio, facilitou as coisas...
  - Bom, este é um ano novo, início de ano e o último no colégio, inclusive. Vem muito pela frente.
  - É... - suspirei.
  - O que foi? - ele pareceu preocupado.
  - É só que... Agora que ele conseguiu o que mais queria, parece que começou uma vida nova. Como se estivesse recomeçando, longe de mim. Em um colégio diferente, novas pessoas... E pode ter evitado as visões sobre nós. Mas é estranho.
  - Sei... - disse pensativo. O que se passava nessa cabeça?

Chegando na academia de balé, minha professora me deu as roupas que eu precisava, e me apresentei ao galpão. Tyler já podia ir embora, mas parecia que queria mesmo me ver dançar, e se sentou na arquibancada. O melhor de tudo é que o espaço era fechado, e a pressão da chuva forte que começara lá fora soava fortemente o barulho em todo o salão.
  - Então você é a única garota nova na turma esse ano? - surge uma voz feminina.
  - Bom... É o que parece. - falei tímida, como sempre.
  - Prazer, Poppy Young. - ela estendeu suas mãos frias como cumprimento. Seu cabelo é escuro, e sua pele clara como a minha, mas não era pálida como eu. Era bem sorridente e alegre, parecia ser confiante.
  - Prazer, sou Hope Sage.
  - Te deixei envergonhada não foi? Fala sério, sou muito bonita... Eu sei. Mas você é atraente.
  - Ah! Não! Minhas bochechas estão rosadas, não estão?
  - É, estão sim. - ela riu.
  - É o frio... Mas você continua sendo bonita. - ela suspirou. - Ainda bem, isso não pode ficar de lado. - gostei dela. Gosto de pessoas com humor.

Aprendi meus primeiros passos como iniciante. A aula durou em cerca de uma hora e meia, e Tyler não tirou os olhos de mim por um segundo. Parecia com sono e cansado, escorado com seu queixo no banco em sua frente. Estava quase deitado, e com seus olhos bem abertos usando seus braços de travesseiro. Eu andei em sua direção pegando minha mochila.
  - Cansado? - perguntei.
  - Não ia me cansar de te ver dançar. - falou irônico.
  - Bom, o seu amigo, que é o meu namorado por sinal, deve estar em casa uma hora dessa e nós vamos passar lá para vê-lo.
  - Hum... Ok. Você manda princesa.
Tirei um moletom de dentro da minha mochila e o vesti. Logo puxei Tyler pelo braço para que levantasse com o seu corpo mole e preguiçoso.
  - Ei! Hope, quer carona? Ainda está chovendo lá fora, meu pai virá me buscar.
  - Seria ótimo!
  - Adoraríamos! - disse Tyler ao mesmo tempo que eu.

O pai de Poppy chegou rápido com seu carro baixo e vermelho, e parecia ser um idoso muito simpático e gentil. Sorridente como a filha.
  - Hope, você poderia me passar seu número de celular, assim podemos vir juntas para o treino também.
  - Ela vem andando? - perguntou o seu pai.
  - Pelo o que eu vi sim. - Poppy argumentou.
  - Eu adoraria, se não for incômodo... É claro.
Ela estendeu seus braços me dando seu celular grande para que eu anotasse o meu número. E eu disse o destino para onde eu e Tyler iríamos, que não seria a minha casa.
  Guiando o caminho, paramos próximo da casa de Jesper, e assim descemos do carro despedindo desses estranhos, que agora, são meus novos amigos.
Por ora a chuva estava fraca. Me pergunto por que duas pessoas hoje tiveram a coragem de vir falar comigo. Isso não aconteceu antes. Eu só era o centro das atenções, e sempre fiz de tudo para evitar isso. Mas as pessoas sempre tiveram medo de conversar comigo, por vergonha, ou achando que eu fosse ser arrogante. É assim que pensavam sobre um rosto bonito? Não era pra tanto...
  Flash! - É, consegui uma das boas, haha. Seu cabelo no seu rosto ficou legal.
  - Ah! Tyler! Não... Deixe-me ver. - ele sorriu para mim, guardando sua câmera em seu bolso. - Você tirou uma foto minha por...? - perguntei vagamente.
  - Porque eu quis muito. - o clima ficou um pouco tenso. - Segredo. - completou.

  A casa de Jesper estava logo do outro lado da rua. Bati três vezes na porta principal, mas as luzes estavam apagadas, e não tinha carro nenhum na garagem.
- Sabe o que isso significa? - diz Tyler se aproximando.
  - Que ele não está? - fiquei confusa. Aquilo parecia óbvio.
  - Hum...
  - Não sei não.
  - Mas pode significar algo. Quer ver um filme comigo?
  - Olha, Tyler, você é bastante legal... Mas eu te conheci hoje, e o Jesper nunca me falou nada sobre você. Só peguei vocês se falando ano passado algumas vezes no colégio. Não sei o que isso significa.
  - Ok.
  - Então é isso? - percebi ele engolindo palavras.
  - Jesper nunca foi tão presente. Só queria te contar umas coisas.
  - Conte-me. - um carro preto se aproximou. O carro de Jesper. Onde ele esteve? E por que chegou a essa hora?
Ele bateu a porta do carro saindo nervoso.
  - Sentiu saudades de mim Markalon? Veio me visitar?
  - Não, mas vim acompanhar sua garota.
  - Pode ficar longe! - por que ele estava sendo grosso? - As coisas não precisam se repetir de novo. Deixa ela, e me deixe também.
  - Quer saber Jesper? Estou cansada. Vou pra minha casa, não foi uma boa.
  - Não vai levá-la de carro? - Tyler perguntou para Jesper.
  - Você não percebeu que eu acabei de chegar em casa? E ainda tive que me dar de cara com você? - mais uma vez, grosso. Nunca vi ele assim...
  - Jesper, Jesper... Então vamos lá. Mais uma vez eu a acompanho. Fiz isso o dia inteiro. - disse Tyler, provocando.
  - O que é isso?! - gritei assustada. - Tyler, suas costas está sangrando!
  - Ah... Merda. Não é nada Hope. Devo ter batido em algum lugar.
  - Cadê o Jesper? Onde ele foi? - Jesper havia sumido do nada, e a porta da casa nem tinha sido aberta. O carro se encontra parado no mesmo lugar.
  - Eu não vi. Não pensa nisso, deixa ele. - pareceu querer aliviar o momento. - Vamos...
Não resisti, e levantei sua blusa xadrez que estava encharcada de sangue. - Tyler, vou te dizer uma coisa, mas não se assuste. Você está com fraturas expostas, e estão bem abertas. Isso é profundo. O que aconteceu? Que horas foi isso? - eu estava assustada.
  - Isso acontece comigo Hope. Essas feridas sempre estão aí, mas às vezes elas sangram. Não se preocupe. - falou tranquilamente.
  - Por que você tem isso?
  - Você não vai querer saber.
  - Eu quero. Quero muito.

Um Lugar Chamado LightgoowenOnde histórias criam vida. Descubra agora