The hour of revelation

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Eu tinha esquecido como é mágico e estanho poder respirar debaixo d'água. Mas eu não tinha certeza se Jesper também sabia fazer isso. Eu realmente era o anjo do meu pai, e ele queria me proteger de tudo; lançando em mim, várias maneiras de viver incrivelmente e eu o magoei com traição. Como sei disso? As lembranças dele vem à minha mente. Olho para o fundo enxergando Jesper socando o vidro e soltando bolhas pela boca. Esse cara é perdido, e não percebe que só se encontra porque eu o salvo. Contanto que ele me tenha, ele ficará bem.

Por um momento, senti meu ombro doer. Virei minha cabeça para o lado esquerdo, olhando por trás do meu ombro, e vi uma luz muito forte se rebatendo dali. Pensei que poderia ser minhas costas ferida, mas não era. Minha tatuagem estava acesa, radiando luz. E eu pensei, "a tatuagem de um floco de neve representa que nenhum de nós é igual." Isso tem a ver com o quê para acendê-la agora? Dou uma soprada em cima dela, fazendo com que um floco de neve de verdade saia através da tatuagem, e dele, se procriaram vários fazendo cada molécula de água virar flocos de neve. Tudo ficou frio, mas o vidro começou a trincar, rachando-o; ouço as batidas dos socos que Jesper continua dando no vidro, sem perceber o que acontecera. Depois de três socos, o barulho do vidro se quebrando para, e por pausa de um segundo, tudo desmorona. Saímos sendo levados por uma corrente forte e nervosa de água, e todo o vidro desmorona no chão; fazendo um imenso barulho e esparramando toda a água.
Olho para os cacos de vidro embaixo de mim, onde caí por cima. Neles vejo vários reflexos de Poppy e Jesper. Eu queria perdoar ele, porque posso amá-lo pela minha vida toda. Mas se ele me ama de verdade, não conseguiria beijar outra boca. Eu estou guardando rancor dele sem ao menos querer, e fico cada vez mais raivosa. Eu sei, eu sei... Estou sendo tão hipócrita! Afinal, eu também o trai. Talvez eu não o ame de verdade também, mainda não tenho certeza.

A festa inteira havia se despachado. Todos foram embora. Talvez não tenha acabado, mas mudado de lugar. Por quê? Ficaram com medo de mim?
Uma buzina está sendo tocada por alguém que vem em nossa direção de longe. O cemitério ainda estava sujo da festa, mas vazio, com somente eu e Jesper.
Jesper está parado um pouco longe de mim. Me levanto, e vou até ele tentando levantá-lo.
- Estou com falta de ar. - ele diz com os olhos meio-abertos. Pálido.
- Eu sei. Vai ficar tudo bem agora, tá meu amor? - eu o puxo pelo braço, o mantendo em pé.
- O que ele está fazendo aqui? - Jesper aponta o dedo para Tyler. - sinto dor no estômago ao olhar para ele.
- Vim ajudar vocês, é melhor se prepararem. - Tyler olha para mim. - Saudades de você. - passando sua mão em meu rosto, como sempre fez.
- Se preparar para o quê? - eu pergunto.
- Por que vocês acham que a festa se mandou? Os montros estão vindo. - ele estende duas espadas, uma para mim e outra para o Jesper.
- Ah... Eu não estou afim de usar uma espada. Matei Poppy com uma.
- O quê Hope? Você não fez isso! - Tyler franziu sua testa, preocupado.
- Foi sem querer. - sinto vergonha.
- Ah que legal, tropecei e quando fui ver, matei alguém sem querer na rua! - amo suas ironias.
- Eu fui forçada Tyler. Era ela ou eu. Você acha que eu estou gostando dessa transição? Essa dor que estou sentindo...
- Você está diferente. - ele diz com desprezo.
- Estão vindo! - Jesper anuncia a chegada dos monstros, embora eu ainda não havia avistado nenhum.
Todos nós deixamos nossas asas à mostra. Eu ainda não consigo suportar essa dor dela saindo de mim. Eu amava ver as asas do Tyler, brancas, e tão perfeitas... que só de olhar, você imagina o quão suave são, e macias. A de Jesper são pretas, brilhando como uma rocha. E as minhas? Cada lado era de uma cor, de um lado preto, do outro branco. Eu não sabia o que isso significava, mas estava feliz em ter asas.
Os monstros se aproximam como uma gangue. Eram vários, por volta de vinte. Eu imaginei que seriam alguns mortos-vivos, mas não eram. Todos vestiam uma capa preta e vermelha que arrastava sobre o chão; eles tinham o nariz comprido e pontudo. Sim, como aquelas criaturas que se encontravam no hospital, antes de... Antes de eu transar com Tyler.
  Eram parecidos, talvez podiam ser os mesmos. Mas eu não me lembro direito da aparência. Porém, seu nariz era irreconhecível.
Tyler gira sua espada, preparando e esperando pelo ataque. Enquanto Jesper meio tonto e fraco, segura a espada para baixo, transformando seu rosto em um mostro. Lembrei que era assim que ele atacava seus inimigos. Enquanto eu, ainda penso no que fazer.
- Por que eles vão atacar a gente? - cochicho para o lado de Tyler.
- Porque eles querem destruir você antes que possa achar alguma maneira de sair do seu coma. Eles querem você morta.
Em questão de segundos, Jesper voa para o meio e ataca os inimigos, arrancando pedaços deles. Ele morde suas peles, deixando vazar sangue negro; e então aquela mesma pergunta passa pela minha mente de novo "quem é o monstro? Jesper, ou eles?" Tudo se trata mesmo de uma questão de sobrevivência? Ou estamos nos tornando assassinos em série? Eu nem sei mais quem eu sou.
Tyler luta como um príncipe enfiando sua espada no coração dessas criaturas que o esfaqueiam de volta.
Eu vôo para o meio do campo, disposta a lutar por nossas vidas. Sem pensar muito em como fazer isso da maneira certa, solto a espada no chão, não querendo usá-la para matar alguém novamente. E vôo no pescoço de uma das criaturas, mordendo até que o causasse uma hemorragia na hora, me servindo de um banho de sangue diretamente pela minha boca. Isso é tão gostoso. Sempre gostei de sangue, mas agora... Eu amo.
Faço isso com todos que aparecem na minha frente. Sou esfaqueada por todo o meu corpo, mas isso não me faz parar. Sinto meus olhos mudarem de cor quando olho para Jesper ao meu lado, espantado com minha atitude; ele me encara com seus olhos negros, e percebo que no momento, eu sou igual a ele.
Os corpos se acumulam no chão, e o cheiro de sangue pelo ar me dá prazer para eu me sentir bem. Sou rápida e feroz, como nunca fui antes.
Conseguimos matar todas essas desgraças que vieram lutar com nós. Eu me sinto feliz como não me sinto em tanto tempo, até ouvir:
- Essa é a mesma garota com quem eu fiz amor? - Tyler está decepcionado.
- O quê??? - Jesper grita.

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