The clown

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  Atrás de mim, Jesper corria tão rápido que me alcançou. Começou a chorar em minha frente com sua boca cheia de sangue; escorrendo, caindo gostas sobre o chão.
- Hope, por favor, me desculpa... - suplica ele, arrependido. Jesper sabe que ele é ruim, ele sabia disso. Mas não gostava de me assustar, porque no fundo, sabia que poderia me perder, para sempre. - Não fuja de mim, por favor. Preciso de você para me sentir melhor.
- E eu Jesper? Como você me faz sentir melhor?
- Nós só precisamos ficar juntos. Por favor. - ele se aproxima, segurando a minha mão.
  Ele estava se acalmando, seu rosto voltara ao normal.
- Vamos para o hotel, tomar banho juntos e relaxar. Eu te faço relaxar. - ele conseguia me convencer, mas eu sempre mantenho um pé atrás.

  Passamos a noite sem falar quase nada. Trocando carícias e caindo no sono.
  Já era cedo, o meu primeiro pensamento do dia durante esse tempo sempre vai ser "como saio dessa?". Acordei sozinha, sem ninguém ao meu lado. O que já era de se esperar.
  Aqui tudo é como um sonho. Coisas sem sentido acontecem, e desaparecem também.
  Me aproximei da janela, avistando um quintal imenso e lindo lá embaixo. Queria conhecê-lo, me deixou curiosa. Além do mais, não tenho muita coisa para fazer.
  Desci um saguão de escadas, com todas as paredes cor de creme, até me levar para uma área externa. Tem muitas plantas ao redor, com uma porta de aço no meio, aberta. Quando passei por ela, vi um breve labirinto em todo o local; daí eu já soube que não saberia para onde ir. Antes que eu me apreçasse para voltar por onde vim, a porta estava trancada. Ela se trancou sozinha? Eu não sabia. Parece coisa de filme.
  Me virei, retomando de onde parei. Vou ter que seguir em frente.
  O caminho que escolhi me levou até uma pessoa, que estava no final do corredor sem saída. Ele estava de costas, com seu cabelo vermelho cacheado, e sua roupa toda branca, parecendo mais com um balão. A propósito, segurava um balão vermelho em sua mão direita. Aquilo estava me apavorando, eu tenho pavor de palhaços! É meu maior medo. Se ele virasse entregando sua face, era possível eu chorar de espanto. Então aconteceu, dito e feito. Ele se virou com um sorrindo grande, mostrando todos os seus dentes. Inclinou sua cabeça para os dois lados, e logo correu em minha direção. Isso é um jogo?
  Senti o medo se espalhando por todo o meu corpo. Eu tremia e isso me congelava de certa forma. Minhas pernas estavam com tanta adrenalina que mal conseguiam se movimentar.
  Passei por vários corredores abertos que me obrigavam a tomar uma escolha de imediato para onde seguir. E eu não conseguia chegar a lugar algum!
O palhaço reconhecendo o meu medo, começou a dar risadas altas e apavorantes. Eu não sabia quantas vezes eu poderia ter passado pelo mesmo corredor sem ao menos notar.
  Avistei um pouco longe, um coreto branco com escada helicoidal metalica escura (aquela com curva) que leva a algum lugar abaixo, e eu tenho que chegar lá. Eu preciso!
Entrei em um corredor onde se habitava o silêncio. Olhei para trás, o palhaço havia sumido. Isso só foi motivo para me causar mais medo ainda. Logo à minha frente, se mantia o coreto. Corri com tanta pressa que já estava descendo aquelas escadas que fazia toda a grama verde sumir de vista.
  Estou descendo em círculos. A tontura agora se passa pela minha cabeça. O que foi isso? Qual o sentido disso ter acontecido? Estou sendo torturada.

Um Lugar Chamado LightgoowenOnde histórias criam vida. Descubra agora