Invasão

42 5 0
                                    

Me despedi daquele lugar maravilhoso prometendo voltar no próximo ano. Foi ótimo estar em Fernando de Noronha, mas confesso que estava morrendo de saudades de casa.

A primeira coisa que fiz ao chegar em casa foi correr pro meu quarto e me jogar na cama, que saudade do meu colchão, do meu travesseiro e do meu urso. Tomei um banho demorado e fiquei na cama mexendo no Facebook, Jujuba estava na Disney, postou uma foto pegando na bunda do Mickey, essa menina é demais.

Na foto Cadu segurava um queijo, estava em Minas Gerais, na fazenda dos avós.

A foto da torre Eiffel com Joana toda de rosa, denunciou que ela estava em Paris, super patricinha essa minha amiga.

Vi um rosto familiar nos recomendados, Marlon Tavares. Meu coração disparou, senti uma vontade imensa de entrar no perfil dele, mas me controlei, sabia que procurar saber mais sobre ele faria surgir sentimentos que eu não estava preparada para lidar. Fechei o Facebook e fui pra piscina.

Marlon

Foi impossível dormir, passei a noite pensando na invasão. Levantei da cama, fui no banheiro e lavei o rosto, o relógio marcava 5 horas da manhã. Fiz um mingal de aveia e sentei na sala ligando a TV, passava jornal. Após terminar o mingal, tomei banho, vesti uma bermuda tactel preta e calcei um tênis, peguei os fones de ouvido e fui caminhar pela orla da praia. Eu estava nervoso mas a brisa me acalmou um pouco.

Voltei pra casa e tomei um banho gelado, liguei o rádio e fui pra cozinha fazer o almoço. Após almoçar, fiquei na sala assistindo TV.

Só percebi que dormi no sofá da sala quando meu celular tocou, 19:00 horas e Fernando me ligando.

- Fala. - Atendi.

- Cola aqui pra preparar os moleques. - Pediu gritando pois tocava um funk alto lá.

- Já chego. - Desliguei.

Troquei de roupa e peguei as chaves do carro. Cheguei na TG quase oito horas da noite, os meninos já estavam reunidos na boca, todos vestiam coletes e portavam armas. Vesti um colete, Fernando me deu uma fuzil e dois revólveres com silenciador. Testamos os rádios e repassamos as ordens.

- Se alguém gritar ou se assustar, senta o dedo. - Fernando ordenou.

- O combinado foi não matar inocentes. - O interrompi.

- Mas se o inocente gritar, vão sacar que tem alguma coisa errada e vão descobrir a gente. - Fernando me encarou. - Aí fode a porra toda.

Suspirei fundo e me mantive calado, mesmo não concordando com aquilo. Quando deu uma hora da manhã, entramos na van. Atravessamos a cidade sem levantar suspeitas. Maiko nos deixou perto do beco que dá acesso ao Ibitioca. Eu, Fernando e Petrola descemos primeiro.

Fomos pelo beco, na esquina havia um vapor cochilando com a fuzil nas costas, Petrola acertou um tiro no peito dele. Avançamos usando as paredes como esconderijo, Fernando olhou por cima do muro para visualizar o movimento da rua que iríamos atravessar.

- Dois vapor. - Sussurrou para mim. - Vamos atirar ao mesmo tempo.

Olhei por cima do muro e concordei. Avançamos rápido e atiramos, eu acertei um na testa e Fernando acertou o outro no peito. Atravessamos a rua e convocamos o resto dos moleques para entrar. Estávamos perto da boca que estava cercada de homens vendendo e comprando drogas.

- Vamos entrar atirando. - Fernando ordenou. - Senta o dedo em geral, sem dó.

Todos assentiram. Avançamos atirando, eles revidaram atirando e tentando fugir, o tiroteio estava formado. Eu e Petrola avançamos até próximo do escritório da boca, tiros atravessavam a porta do mesmo, nos escondemos atrás de um muro ao lado do escritório, esperamos até que os tiros cessaram.

- Já apagamos geral. - Fernando chegou ofegante avançando em direção ao escritório.

- Calma. - Puxei o braço dele.

- As balas dele acabaram. - Petrola sussurrou.

- Não. - Falei.

Mirei na porta e atirei, logo fui respondido com uma chuva de tiros.

- Ele não está sozinho. - Falei.

- Vamos esperar eles saírem. - Petrola sugeriu.

- Eles não vão sair. - Balancei a cabeça negativamente. - Vamos ter que invadir por trás.

- Eles vão ver pela janela. - Fernando falou.

- Eu e Petrola vamos engatinhando. - Ordenei. - Você fica aqui de vigia.

Ele concordou. Eu e Petrola fomos engatinhando até os fundos do escritório, fiz sinal de silêncio pra Petrola e olhei através de um buraco de bala na parede. Haviam 5 homens lá dentro, estavam fortemente armados e espiavam pelas frestas da persiana. Peguei uma granada no bolso e mostrei a Petrola, ele concordou. Nos posicionamos para correr, puxei o pino da granada e corremos.

- Granada! - Gritei pra Fernando e o resto dos moleques.

Corremos seguidos de uma chuva de tiros vindo do escritório. Nos jogamos no chão e protegemos os ouvidos, a bomba explodiu fazendo a terra tremer e estilhaços voarem. Após alguns segundos, levantamos e olhamos para trás, só pó.

- O Ibitioca é nosso! - Fernando gritou dando tiros pro alto.

Os moleques atiraram pro alto em comemoração. Petrola foi nomeado subcomandante do Ibitioca e, a partir daquele dia, iria administrar as vendas de lá.

Voltamos pra TG, Fernando organizou um churrasco pra comemorar, preferi não ficar pra festa, voltei pra casa.

Glock: Perigo A VistaOnde histórias criam vida. Descubra agora