Prophecy

Capítulo 1: Inquietação

    Jimin estava entediado há alguns dias. Durante todo o alvoroço de seu aniversário, ele se ocupava orgulhosamente com milhões de coisas para fazer: banquetes para comparecer; provas diárias para sua nova armadura; o começo de aulas de estratégia de batalha com Min Yoongi, o chefe da Guarda Real e outras tarefas que um rei em treinamento deve começar a realizar. Ele gostou de se sentir mais velho e mais poderoso, comparecia a seus afazeres com um sorriso estampado no rosto e usou suas roupas mais elegantes, como se já fosse o próprio Rei de Argentum. Mas, depois que a semana de festividades acabou, a paz voltou a tomar conta do castelo e ele percebeu que tudo estava como antes: ele ainda é apenas o filho do Rei, já tinha gastado todas as suas roupas elegantes e as atividades que recebera há uma semana atrás já não pareciam mais tão gloriosas assim.
   Além de todo esse tédio, o príncipe sentia algo estranho em seu peito. Era algo como uma agitação incontrolável, um desejo de sair em busca de algo e essa inquietação começou quando saiu de perto dos cidadãos após seu desfile de aniversário. Ele não sabia o que era, mas sentia que algo estranho estava acontecendo dentro de si.

  Após seus treinos de xadrez com o chefe da guarda, Jimin seguiu lentamente até a sala do trono do castelo. Era um cômodo imenso, os dois tronos de ouro e prata maciços se encontravam sobre um altar ao fundo da sala, a frente de dois vitrais coloridos, que mostravam as conquistas e ascensão de seus ancestrais da Dinastia Park. Nas paredes, imensas bandeiras com o brasão do país pendiam próximo as janelas como lençóis e haviam quadros pintados a óleo com todos os membros da família por toda parte. Jimin deitou-se no trono de seu pai, as pernas apoiadas sobre um dos braços do assento enquanto encarava o imenso lustre com cinquenta velas pendurado no teto, pensando no que faria sobre essa inquietação que sentia.

Dois guardas estavam a postos no portão de entrada da sala e às vezes Jimin lhes lançava um olhar emburrado, queria ficar sozinho.
  Quando estava quase adormecendo, ouviu uma inquietação na porta da frente e se endireitou no trono para poder enxergar melhor:

  — Senhor? —  um dos guardas chamou —  Eles podem entrar?

  Jimin percebeu duas figuras paradas ali, bloqueadas pelos bastões dos guardas. O da esquerda era extremamente alto e usava um gibão vermelho escuro sobre a camisa branca de linho, que contrastava bem com seus fios de cabelo acinzentados e mantinha uma expressão séria. O outro à sua direita era mais baixo e usava apenas uma camisa de seda com os cadarços do peito desamarrados, deixando a pele por baixo levemente exposta. Estava com um sorriso atrevido no rosto e piscou para os guardas quando Jimin autorizou a entrada deles. Os garotos eram Kim Namjoon e Kim Taehyung, filhos de sua tia e seu tio, respectivamente. Jimin se levantou e começou a caminhar de encontro aos outros príncipes, e foi recebido com uma reverência exagerada e forçada de Taehyung e outra respeitosa e simples de Namjoon:

— Deixem-nos — Jimin pediu aos guardas e logo eles fecharam a pesada porta de madeira, deixando um ruído estrondoso ecoar pela sala — O quê estão fazendo aqui?

Antes que Namjoon pudesse se pronunciar, Taehyung saltitou até o trono da Rainha e se jogou no assento com as pernas abertas, gargalhando e passando a mão por seus cabelos castanhos, retirando a franja de seu rosto e falou de modo agudo:

— Oh Majestade! — o garoto pousou a mão dramaticamente sobre a testa — Está tão importante agora que não pode receber a visita de seus amados primos?

Namjoon se aproximou de Taehyung e lhe deu um tapa na cabeça para que parasse de falar, que resmungou manhosamente mas permaneceu em silêncio. Jimin apenas revirou os olhos e voltou a sentar no trono de seu pai:

— Viemos te dar parabéns pessoalmente — Namjoon permaneceu em pé e seu tom de voz era calmo — Não conseguimos achá-lo durante as festividades para congratula-lo então viemos hoje.