Capítulo 2: Promessas

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   Era bom sair do castelo às vezes. A floresta que rodeava a construção era incrivelmente densa, é fácil se perder ali se não souber bem por onde anda. Jimin gostava de passar o fim de tarde deitado na grama olhando para as árvores, o céu tomando os tons de rosa e vermelho quando o sol começava a ir embora, o topo das árvores e seus galhos formavam imagens diferentes e ele gostava de imaginar o que seriam, como quando procuramos bichos e dragões nas nuvens. Ele também gostava da tranquilidade, sentia que podia confiar todos os seus segredos às árvores, já que desconfiava de todos que possuíam boca para falar. Nascer em um castelo rodeado de estranhos não foi fácil pra ele, todos pareciam gostar dele apenas por seu título e ele sabia que qualquer coisa que pedisse, ele teria. Então, confiar seus segredos às árvores era uma boa válvula de escape, acreditava que o silêncio das plantas era mais verdadeiro que palavras bonitas da corte.
Jimin também encontrava um amigo em seu cavalo branco, Porthos. O príncipe cuidou do animal desde que nasceu e era muito orgulhoso do reluzente corcel que havia se tornado. Seus pais eram dourados, mas Porthos nasceu tão branco que era quase prateado, lembrando uma espada reluzente de metal. E foi daí que Jimin teve a ideia para seu nome: Porthos era seu mosqueteiro favorito da história de Alexandre Dumas, e o príncipe sempre gostou de histórias de cavaleiros.

Já estava anoitecendo e Jimin havia passado o dia inteiro na floresta. Após algum tempo relutando contra a vontade de ficar ali para sempre, achou melhor ir embora antes que uma busca por seu corpo começasse. Príncipes não podiam ficar muito tempo fora, ainda mais desacompanhados ou sem alguém da guarda. Levantou-se pesadamente da grama e desamarrou Porthos de uma árvore ali próxima. Retirou uma cenoura de seu bolso e entregou para ele comer, o cavalo também não parecia contente de ter que ir embora:

— Eu sei — Jimin disse tristemente, acariciando levemente a mandíbula do animal — Também não queria voltar pra lá.

Porthos saiu de perto da árvore e Jimin montou cuidadosamente em seu torso e deu leves batidinhas em seu pescoço, indicando que poderia correr. Cavalgaram pelos atalhos da floresta que levavam até o castelo e enquanto se aproximavam, Jimin voltou a pensar sobre a inquietação. Sair para cavalgar não estava adiantando em nada, nem mesmo com Taehyung de companhia e ficar no castelo também o estava deixando sufocado. O príncipe se via, pela primeira vez, sem saber o que fazer.

Ao chegar em seu destino, Jimin desmontou o cavalo e o guiou até os estábulos, onde prometeu voltar para leva-lo para mais um passeio. Depois de deixá-lo ali, o príncipe seguiu caminho para a parte interna do castelo, querendo nada além seu quarto. Os guardas que guardavam o portão da frente do castelo o cumprimentaram com uma reverência respeitosa, mas Jimin não conseguiu se dar ao trabalho de gostar daquilo. Geralmente, ficava orgulhoso quando se referiam à ele de forma cordial, mas nos últimos dias estava pouco ligando pra isso. A única coisa que importava era achar um jeito de fazer com que seu coração parasse quieto dentro do peito.
O príncipe subiu as escadarias principais do castelo que ficavam no hall de entrada, elas levavam para outras escadarias que davam na torre com os quartos do Rei e da Rainha, juntamente com o seu. Jimin gostava de contar os degraus até seu quarto, mas sempre desistia quando chegava aos duzentos e alguma coisa. Quando era criança, aquelas escadas eram o seu parque de diversões com seus primos e eles já haviam se machucado muito descendo de tapete pelos corrimãos escorregadios de mármore. O castelo costuma ser um lugar interessante e ele gosta de morar ali, mas parecia que tinha algo...faltando.

   Quando finalmente chegou aos seus aposentos, o príncipe viu que a porta estava bloqueada por dois guardas. O garoto adquiriu uma expressão confusa e os dois homens o olharam, se juntando mais, como se quisessem impedir o caminho dele. Jimin deu a volta por todo o corredor, pensando que talvez tenha errado de porta. Não, eles realmente estavam bloqueando a sua passagem.

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