Respirei fundo tentando me recuperar e seguir meu caminho. Meus pés doíam e eu já estava cansada. Eu sei que não deveria parar, mas se eu continuasse nesse ritmo sem descanso, chegaria à casa da vovó exausta.
Distraída com as palavras da mulher, que não percebi quando sons de passos começaram a ficar aparentemente mais próximos.
— Senhora Vancovesky? — Perguntei em tom alto, mas não obtive resposta. Sem olhar para trás, tentei andar o mais rápido que pude, sentindo o coração pulsar e errar algumas batidas.
Com certeza terei um infarto a qualquer hora...
Puxei Rulphos que rosnava alto. Eu não podia olhar para trás, muito menos parar, minhas pernas não me obedeciam e eu não conseguia correr. O som de passos estava cada vez mais perto e eu sentia o ar sendo arrancado dos meus pulmões.
Inspirar, expirar. Era o que eu estava fazendo, ou tentando esse ato várias e várias vezes, talvez assim eu conseguisse andar mais depressa. De repente, o som parou. Coisa da minha cabeça? Essa era a pergunta que rondava minha mente. Eu estanquei no lugar, junto de Rulphos que não parava de rosnar. Eu deveria estar ficando louca, projetei meu corpo para frente e então de impulso, eu me virei. Nada! Não havia absolutamente nada atrás de mim. Nenhum animal, nem mesmo os pássaros cantavam agora. O silêncio era absurdamente perturbador.
Ainda sentia o peso de um par de olhos me observando, e por garantia, eu não ficaria para contar história e comecei a correr com Rulphos do meu lado. Acabei tropeçando e soltando a coleira de Rulphos e a cesta que voou a minha frente.
Frustrada com aquilo, praguejei baixinho, o meu medo estava sendo meu pior e único inimigo.
Prestes a me levantar, sinto uma mão em meu ombro, parecia áspera e pesada. Meu corpo congelou, e em resposta, paralisei no mesmo lugar.
Rulphos rosnou em direção da pessoa, e a mão afrouxou em meu ombro. Virei-me para olhar quem era, reunindo meu último vestígio de coragem que restava. Fiquei surpresa ao me deparar com uma figura conhecida em minha frente.
Falton, o mesmo homem que conversava com Alexandra na frente da taverna. Um homem de um pouco mais de quarenta anos. Sua pele é morena clara, cicatriz na sobrancelha esquerda e sua barba escura – lhe dando um ar perigoso. Seus olhos eram escuros igualmente a seus cabelos espetados que tinham alguns fios brancos.
O silêncio me dar um certo medo. Minhas mãos se encontram completamente trêmulas e suadas.
Escuto uma risada me fazendo tremer involuntariamente.
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Chapeuzinho Vermelho - Alguns Tons de Vermelho
Manusia SerigalaEsqueça tudo que você já leu de Chapeuzinho Vermelho e venha conhecer uma história completamente diferente das outras versões desse conto que conquistou várias pessoas... Onde a garotinha ingênua se tornou uma isca fácil para seu predador. Tic Tac...