Para pessoas como eu dias frios nunca deixarão de ser os dias mais calorosos.
Não literalmente, quero dizer que os dias frios me rendem mais do que aqueles em que você mal consegue ir na rua. E neste momento o vento gélido bate em meu rosto, ouço o rotineiro murmurinho dos alunos ao me aproximar do colégio.
Eu não tenho aquela fama e nem mesmo sou o excluído da classe, apenas sou um cara entre os outros alunos cheios de esteriótipos. A sala de aula se encontra vazia, não é de se surpreender, hoje é o primeiro dia do terceiro ano letivo para nós e a maioria está lá fora, comentando sobre seus votos, expectativas e objetivos que jamais serão atingidos neste ano, como aqueles juramentos na virada do ano.
Posso dizer porque faço isto, quem não faz?
Vejo algumas pessoas acenarem para mim enquanto entram na classe, aceno também, rezando para que Rafael não faltasse justamente hoje e que estivesse apenas pegando alguma novata nos fundos do colégio.
A professora entra na classe e se apresenta, então todos concordamos com as regras que temos que ouvir todos os anos. Se alguém me perguntar o que está escrito no artigo 263 da escola eu posso responder.
"Com licença professora, posso entrar?" - Para a minha notável felicidade era Rafael.
Rafael sentou-se ao meu lado e bateu eu meu ombro.
"Como conseguiu se atrasar no primeiro dia de aula?" - Questionei olhando para a professora que ainda tagarelava.
"Não sei, pergunte à ele." - Quando retorno o olhar para ele, o mesmo está apontando para a porta, redireciono o olhar para encontrar um rapaz alto, de cabelos escuros e um sorriso despojado.
Alunos novos não deveriam ser tímidos?
Reviro os olhos e volto a prestar a atenção na professora, o rapaz se senta na fileira ao lado, graças a deus fica mais para o fundo da classe.
"Que, que foi Gabriel?"
"Só não gostei dele." - Rafa é meu amigo de tempos, confio nele e é de grande utilidade para essa vida que levo.
As aulas voaram e de repente estávamos no refeitório, Rafael não parava de comentar sobre suas futuras peguetes e uma lista numerada sobre quem poderia pegar este ano. Posso adiantar que o meu amigo é aqueles típicos broken hearts, normalmente troca de namoradas na mesma velocidade que tenho para trocar de roupas. Então aquele cara da classe entra no refeitório, tomando todos os olhares para si, seu sorriso cético ainda estava lá, mas agora o seu olhar estava em um única direção.
Ele estava olhando para mim?
"Biel estava pensando em ir..." - Rafael olha para trás. "Gabriel pare de encará-lo."
"Ah, ahn? O que disse?"
Rafa ri e balança a cabeça, e não gostei nada de saber que aquele olhar realmente era para mim.
×××
No caminho de volta para casa, acabei descobrindo que Rafael tinha um grande possibilidade de comprar um apartamento agora, já que ainda mora na casa de seus pais. Eu não precisei de muito esforço, tive meu apartamento aos 16.Rafael mora algumas quadras antes de mim, então neste exato momento caminho para casa sozinho.
Ou ao menos imaginava que estaria.
"E aí cara" - Ouço alguém dizer atrás de mim e dou um pulo de susto.
"Desista, estou apenas com o meu material escolar aqui. A não ser que você seja um ladrão de livros."
Algum dia vou acabar morrendo por zombar com a cara de ladrões ambulantes.
"Que tipo de ladrão roubaria seus livros quando poderia roubar seu coração?" - O tom debochado o entregou, sinto todo o meu corpo pulsar, não pela provável cantada, não sei exatamente o porque.
"Mas que porra?"
Vejo o cara passar ao meu lado, andando de frente para mim.
"Porra talvez seja uma boa, mas neste momento sou Leonardo." - Aquele sorriso cheio de dentes perfeitamente alinhados aparece, bufo.
Caminho rapidamente ao passar dele.
"Ei, calma aí apressadinho!" - Leonardo grita.
Paro e olho para trás, ele me alcança e neste momento me arrependo de ter esperado. Seu rosto estava perto o suficiente para que aquelas grandes órbitas reluzissem todo o seu rosto. Era de um tom azul que mesclava para o verde. Me perco naquele segundo, havia muitas emoções ali. Os deuses me despertam e os agradeço, vos devo uma.
Afinal, porque diabos estava fitando o rosto de um cara que mal conheço? Seu semblante estava sério, o que me fez pensar que talvez Leonardo estivesse fazendo o mesmo que eu. Mas não havia nada de tão empolgante em mim, sou somente um cara de um metro e setenta e sete, de olhos castanhos e cabelos da mesma tonalidade.
No início da adolescência eu era parcialmente julgado pelo corpinho magro, então a minha leve paixão por futebol me deu uma boa ideia. Entrei para um clube, há treinos e hoje em dia mal parece que já fui o magricelo do time. Fora isto, nunca fui de me preocupar com os cabelos ou roupas, aquele comum vans e uma calça skinny é o suficiente. O que deixa Leonardo com um quê contraditório, o cara de calças escuras, jaqueta jeans escuras mas uma blusa florida por baixo. Sem contar dos cabelos organizados.
Percebo que estou exatamente de frente ao meu prédio, então sequer olho para Leonardo, o deixando plantado. Espio por cima do ombro, vendo o garoto entrar em um dos prédios do outro lado da rua. Então percebo que aquilo não foi uma ajuda dos deuses, e sim um aviso de que minha vida seria um saco a partir daquele exato minuto.
Entro em meu apartamento, antes tiro o sapato, deixando a bolsa de ombro de lado pendurada e os sapatos logo a baixo.
Me jogo no sofá, hoje não há nada de divertido para fazer, então apenas penso sobre o primeiro dia. Leonardo. Mas que diabos, eu não deveria estar pensando nele. Garotos provavelmente mimados e cheios de si não estão na minha lida de Grandes Planos no terceirão.
Ligo o video game e decido que aquele assunto ficaria para mais tarde.
×
n/a voice:oi amores, não esqueçam de votar e deixarem comentários construtivos, boa leitura!
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In Your Eyes - Romance Gay
AcakEncontro o olhar de Leonardo novamente. Parece puramente intenso. Não como antes, apenas um olhar bonito, está próximo a algo... cativante. Não como alguém bonito da classe de aula, somente ele tem isto. Então ele levanta a mão novamente, eu o sigo...