Sete

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Depois de aulas cansativas de matemática - como alguém pode ser tão cruel para a humanidade ao ordenar que matemática deveria ser ensinado nas escolas?, este ser humano não merece perdão -, biologia e outras milhares de coisas, volto para casa carregando livros e mais livros.

Estava disposto a enviar um bom boletim para a minha mãe, mesmo que não obtivesse um retorno, estaria bem comigo mesmo. Então nestas duas últimas semanas dei o melhor de mim. Até pensei em entrar para a rádio do colégio! Ok... Ok, não estava precisando de notas extras, e sim de alguma coisa para ocupar minha cabeça. Acabei decidindo que não iria entrar, ou faria isto mais para frente. As gotas da garoa pareciam engrossar e o caminho para casa parecia maior. Respiro fundo e bufo, estava quase como aqueles filmes de nerds isolados e que são altamente atrapalhados. Meus livros caem no chão e solto um riso frustrado. Cômico. Agora só falta o meu príncipe aparecer e me salvar.

"Acho que a princesa deixou o livro cair?" O tom mais meigo de Leonardo sibila atrás de mim.

Mas que diabos!

Princesa?

Há algumas semanas após o acontecido no pub mais todas aquelas bebidas no meu apartamento, Lucca e Josh ficaram mais próximos de nós, e não que fosse ruim, a presença deles havia se tornado rotineira, meio essencial. Rafael continua o mesmo de sempre. Já Leonardo... Bem, esta é a primeira vez que ele se dirige a mim depois daquela coisa toda. Nah, não estou nem um pouco surpreso, aliás, com sua presença ou não, não faria a miníma diferença para mim.

Me amaldiçoou internamente quando minha respiração acelera e fico mais perdido ainda para recolher os livros do chão.

Nem um pouco afetado.

"Deixe-me te ajudar." Ele se agachou ao meu lado, organizando os livros numa pilha.

"Não, obrigado, sei fazer sozinho."

"Não foi um pedido."

Ainda boquiaberto com a sua fala, o vejo recolher os livros e pegar não somente os caídos no chão como todos os outros que eu segurava. Encarei a situação da forma mais idiota possível, não fiz absolutamente nada porque estava ocupado admirando a beleza do ser celestial em minha frente. Droga de filosofia!

"Vai carregar os meu livros como se fosse meu empregado, mesmo?" Questiono sem paciência alguma e sem ter noção de porque meu humor havia mudado tão drasticamente em apenas alguns segundos.

"Vou, não quero ver a princesa cair novamente." Bufo. Ele iria insistir mesmo com essa porra de princesa? E porquê diabos o que eu imaginei sendo uma cena de algum filme clichê acabou de se reproduzir realmente? 

Anotação do dia: Não imaginar coisas estúpidas.

"Ok. Se fode aí então."

Acelero o passo para permanecer o mais distante possível daquele idiota. Juro que desejei morar um pouco mais longe apenas para não ter que olhar para Leonardo ou ter que agradecer por sua bondade e cavalheirismo ridículo. Espero um minuto na frente do prédio, bufando tantas vezes que estaria com falta de oxigênio e bom, não quero que isto aconteça desta forma.

Alguém me atropele agora, posso pagar em duas vezes.

"Com licença." Leonardo passa por mim, indo em direção ao elevador sem me entregar o material.

O segui murmurando palavrões ininteligíveis. O que ele pensa que está fazendo? Depois de semanas sem falar comigo alguém aqui simplesmente não tem mais nenhum crédito. Qual o problema em entender que eu amaria o enxotar da minha casa, sendo a melhor opção simplesmente me entregar os livros? Argh, que garoto estúpido.

In Your Eyes - Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora