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    Procurei a arma em meu bolso mas não achei... Aquele homem devia ter pego enquanto prometia me torturar. Comecei a tentar achar algo para ajudar Liam, ele estava em perigo sendo quase morto e Max estava machucado gemendo baixo de dor.

    Sentindo o fim bater nas portas da vida, forçando a morte a entrar, entretanto avistei um cano de aço grande perto de mim. Então, ainda agachada, fui até ele e o peguei, voltei para onde eu estava e observei por trás do grande caixote. O homem parecia estar conversando com ele, mas não dava para escutar, pois estava muito longe.

    - O que vai fazer? - Max falava sussurrando.

    - Salvar seu irmão. - disse olhando para ele.

    Então eu saí quieta de lá, mas antes Max segurou minha perna e o olhei.

    - Tome cuidado.

    - Shh! - sorri.

    Fui com cuidado até o homem que estava mais atrás, Liam tinha me dito hoje mais cedo que demônios tinham um ótimo reflexo. Sem pensar duas vezes, cheguei por trás dele e com força bati o cano em sua cabeça, porém ele apenas andou um pouco para o lado mas não caiu, aquilo  não o afetou de nenhuma maneira. Joguei o objeto de aço que até aquele momento estava em minhas mãos trêmulas e me preparei para o que viria.

    De repente ele apenas virou o pescoço de um lado para o outro o fazendo estralar. Então ele veio para cima de mim, me abaixei e lhe dei um murro no estômago, ele se afastou e depois ergueu sua cabeça, sorrindo para mim. Ele correu até onde estava e me empurrou, me jogando até a parede de blocos cinzas e grandes do outro lado do galpão, nesse momento, minha visão ficou um pouco embaçada mas logo a recuperei. Ele se aproximou, era grande, moreno e não tinha cabelo, seus olhos eram castanhos escuros.

    - Acho que você não é tão forte assim, Luane.

    Com a boca cheia de sangue, disse:

    - Se eu fosse você, não contava a vitória tão cedo. - sorri.

    O olhei bem nos olhos e de repente, o sorriso que estava em seu rosto, se desmanchou por completo. Ele, devagar, começou a se afastar, então peguei um caco de vidro que estava perto de mim e cortei seu pescoço, o sangue jorrou para todo lado, inclusive no meu rosto.

    Me levantei com dificuldade e percebi que no meu braço havia um corte razoavelmente pequeno. Liam estava em uma luta com o outro homem, então voltei onde Max estava e o ajudei a levantar, porém nós dois estávamos sem muitas forças então paramos e sentamos em um dos caixotes.

    Era um pouco óbvio que Liam não estava se dando muito bem naquela briga. Antes dele ser jogado longe com um murro, empurrou com o pé o revólver para mim, sem o demônio perceber, claro. Novamente tive que deixar Max sozinho, então peguei a arma e, antes dele matar Liam, atirei três vezes seguidas no mesmo e por sorte (apenas) foram todas no coração. Ele caiu e nós três, todos machucados, entramos no carro: Liam na frente e eu e Max atrás. O fiz deixar em meu colo e fui a viagem inteira acariciando ele.

    - Você foi muito bem hoje. - Liam disse olhando para mim pelo retrovisor.

    - Na verdade, não fiz muita coisa.

    Então me lembrei do medo daquele enorme homem. Eu tinha causado aquilo. Naquele momento uma energia percorreu por todo o meu corpo e uma descarga elétrica de poder me tomou por completo. Algo havia acontecido e eu tinha que descobrir.

    - Luane... Tudo bem? - ele disse fazendo-me desligar do que estava pensando.

    - Sim. Claro.

    Liam estacionou em frente a minha casa e - carinhosamente - acordei Max. Deixei ele com seu irmão e ascendi as luzes, fui ao meu quarto e peguei meu kit de pronto-socorro. Desci até a sala e pedi para Max tomar um banho porque depois faria os curativos para ele.

    - Precisamos ir embora daqui. - Liam dizia enquanto cuidava do corte em sua testa.

    - Por que? - parei imediatamente o que estava fazendo.

    - Se aquele homem que você atirou, não estiver morto, ele pode avisar para o "chefe" dele onde estamos e se isso acontecer, não vai ser nada agradável.

    - Mas...

    - É uma precaução, Luane. - suspirei.

    Então Max apareceu sem camisa e só de bermuda. Ele estava secando seu cabelo, paralisei, era muita perfeição para um corpo só. Naquela hora eu só conseguia pensar em como seria tocar sua pele e sentir as mãos dele passeando em meu corpo. Então ele começou a me olhar sorrindo sem graça.

    Com o gesto de me virar, acabei derrubando a caixinha de remédios que estava sob a mesinha central.

    - Ai meu Deus... - me agachei para pegar as coisas - Olha o que eu fiz.

    - Bem... - Liam começou a rir - Acho que você já terminou meus curativos, então vou tomar um banho. - ele subiu, mas antes deu um tapinha no ombro dele e me deixou sozinha com Max.

    Ele se sentou ao meu lado e começou a me olhar.

    - O que foi? - afastei meu cabelo, sorrindo.

    - Você foi muito incrível hoje. Fez de tudo para salvar eu e Liam, então eu... - ele parou e suspirou - Obrigado, Luane.

    Ele começou a se aproximar, sem tirar seus olhos dos meus, me aproximei também. Então nossos lábios se encostaram e nos deixamos nos levar por um longo, suave e doce beijo. Ele pegou minhas pernas e as entrelaçou em seu quadril, me deitou no sofá e continuamos nos beijando, até que ficamos sem ar e paramos.

    - Preciso fazer seu curativo. - disse sem ar.

    - É... Precisa. - ele disse sorrindo, ainda bem perto do meu rosto.

    Ele me beijou de novo, só que dessa vez foi rápido por mais que os nossos lábios não  quisessem se desgrudar. Sentamos um de frente para o outro como pessoas comportadas. Fiz os curativos dele e Liam apareceu logo depois.

    - Luane, Max, arrume suas coisas, partiremos amanhã antes do pôr do sol. - ele disse e saiu.

    - Vamos sair... Por quê?

    - Liam acha melhor, por precaução, sabe?

    - Para caso os demônios virem atrás de nós, podem nos achar aqui.

    - Aliás... Ele é sempre mandão assim? - disse tentando mudar de assunto.

    - Quase sempre. - rimos.

    Depois de arrumar minhas coisas, desci para a cozinha e aproveitei que Liam estava lá para lhe perguntar algo.

    - Ei... - ele se virou para mim. - Para onde vamos amanhã? - enchi um copo de água.

    - Temos um amigo, na cidade vizinha. Ele provavelmente vai nos deixar ficar lá por alguns dias.

- Provavelmente? - peguei o copo para beber.

- É... Sabe, já faz um tempo que não nos falamos, mas somos amigos, quero dizer, é claro que ele vai deixar.

    Depois de o fuzilar com meu "olhar desconfiador", voltei para meu quarto. Só depois de sete minutos percebi que não estava dormindo, na verdade esse tempo todo eu estava apenas concentrada no meu guarda-roupa. Como estava escuro, fui tateando as paredes até chegar no quarto de Max. Abri a porta devagar, achando que ele já estava dormindo e depois de entrar, fechei. Então de repente a luz ascendeu e ele estava me olhando.

    - Por que não está dormindo?

    - Porque queria que você estivesse aqui. E você? - ele disse.

    - Porque queria estar com você.

    Fui até lá e me deitei com ele, apaguei a luz e fechei os olhos, imaginando o que seria de nós a partir de amanhã.






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