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    - Mas... Não faz sentido. - digo, tentando juntar as peças - Como ela sabia que isso iria acontecer?

    - Por uma lenda que foi passada de gerações em gerações de bruxas, que dizia sobre o medalhão e seu poder. Até que um dia, a lenda chegou até ela.

    - E onde sua mãe está agora?

    - Em Newton. Ela está muito doente, por isso viemos. - Max disse.

    - Mas qual a ligação? - sem dúvidas, eu estava muito perdida.

    - Quando o medalhão fosse "ativado" todas as bruxas pagãs seriam amaldiçoadas com uma doença. Faz parte da lenda.

    - Entendi. Então logo que ela adoeceu, vocês souberam que deveria procurá-lo.

    - Exatamente. E quando viemos, há dois anos, e Jimmy nos ajudou, nossa mãe também tinha adoecido. Mas naquela época, seu pai estava com ele e de algum jeito ele deu conta de desativá-lo. Então ela nos avisou e voltamos para casa de Jimmy, porque acharam que estávamos com o medalhão e tínhamos o desativado, por isso eles reviraram tudo.

    - Agora tudo faz sentido. - digo finalmente colocando as peças no lugar. - Ela pode... Vocês sabem, morrer?

    - Sim. Ao menos que salvássemos o mundo, mas tenho a impressão que nossas chances são poucas.

    - Tem que ter algum jeito de sairmos daqui! Não podemos simplesmente aceitar e ficar...

    - Veja só... - de repente uma voz seguida de uma risada me interrompe e ecoa os corredores - Parece que a dor de cabeça passou, não é mesmo crianças?

    Era o mesmo demônio que nos trouxe para cá, que até então não sabíamos o nome.

    - Ah... Vocês parecem tão descaidinhos... - ele fez bico.

    - Queria o quê? Que tivéssemos dançando samba e sorrindo?

    - Sempre fazendo graça não é, Liam? - ele o fitou por alguns segundos - Suponho que estejam com fome.

    De repente, três homens de terno apareceram em frente aos portões. Eles destrancaram cada cela e nos pegaram pelo braço, abriram um portão que dava para um corredor enorme e todo luxuoso e nos levou por vários outros corredores como esse, até chegarmos numa sala de jantar.

    A mesa também era enorme e muito farta de comida.  Ele se sentou na ponta e nós fomos obrigados pelos demônios a nos sentar perto dele. Fiquei entre Max e Liam.

    - Eu ainda não me apresentei, - enquanto ele dizia, alguns homens colocavam comida em nossos pratos - Meu nome é Corneille.

    - Corvo em francês. - Max disse e riu sarcástico.

    Enquanto comíamos, observei todo o lugar e percebi que não tinha absolutamente ninguém nas saídas da sala. Então imediatamente comecei a tentar fugir, mas eu não estava conseguindo. Estávamos todos em silêncio e comecei a sussurrar bem baixo para Liam: "Tô tentando fugir, mas não dá". Então ele sussurrou de volta: "Ele       fez alguma coisa com a gente."  Perdi a fome e larguei meu prato.

    - Sabe o que é engraçado? - Corneille disse.

    - Não, não sabemos. - Liam responde.

    - Eu nunca sei quando vocês estão tentando fugir, porque seus movimentos são tão sutis. - ele soltou uma gargalhada.

    - Desgraçado... - falei entredentes.

    - Sabe Luane, - ele pousou os talheres no prato - eu sempre gostei das coisas bem feitas e é por isso, que vou fazer questão, do seu sacrifício em especial ser bem doloroso. - ele diz olhando no fundo do meu olho.

    - Ah, seu filho da... - Liam disse e ele e Max começaram a fazer força para levantar e claramente não estava dando certo.

    - Já que vocês já comeram, acho melhor voltarem para suas celas, para se acalmarem um pouco. - ele sorriu.

    Então, três homens apareceram e nos levou para a nossa prisão particular. A noite acabou caindo e não tivemos outra opção, a não ser dormir.

[...]

    - Luane, temos que contar algo para você. Só espero que eles nao estejam ouvindo.

    Eu tinha acordado fazia meia hora e até então Liam e Max estavam quietos.

    - O quê?

    - Mentimos para Corneille sobre a localização do medalhão. - Max disse.

    - Mas como ele...?

    - Era falso. Mandamos fazer quando chegamos aqui. - Liam disse.

    - Mas como assim? Onde está o verdadeiro então? - eu já não estava entendendo nada naquela altura do campeonato.

    - Não vamos dizer à você. Quanto menos saber, mais segura ficará.

    - Jimmy sabe?

    - Não. Ele também não iria ficar seguro.

    - Alguém além de vocês sabem pelo menos?

    - Sim. Mas não sei se essa pessoa vai ser muito útil.

    - Ah... Ótimo! - digo sem esperança. - Tá, mas, e quando ele descobrir? - digo depois de alguns minutos.

   - Não sei o que pode acontecer.

   - Liam, você leu a parte inteira do livro que dizia sobre o ritual? - Max de repente pergunta.

   - Não, por quê?

   - Talvez você soubesse de algo que pudessemos fazer para impedir ou adiar, não sei, esse sacrifício. - toda vez que eu escutava essa palavra, meu corpo inteiro arrepiava imaginando como seria.

    - Eu até gostaria de ter lido  tudo mas o restante das páginas estavam rasgados.

    De repente, bem quando Liam terminou de citar a última palavra, a afiação queimou e ficamos sem luz, também escutamos vários murmurros vindo de lá fora.

    - O que está acontecendo? - digo.

    - Coisa boa não deve ser. - Liam diz.

    Então os murmurros dos demônios pararam e só o que havia era silêncio. Algo fez um barulho enorme, talvez algo muito grande tenha caído ou explodido não sei.

    Escutamos um por um dos homens morrendo e sons de luta. E de repente, alguém abre a porta de aço mas eu não consigo identificar quem é, por causa da escuridão. Portanto essa pessoa vai no rumo da cela de Max e pelo pouco que dava para ver parecia estar segurando algo pontudo. Então imediatamente corri até a porta da minha cela e comecei a gritar para essa pessoa não fazer sei lá o que ela estava disposta a fazer e Liam gritou junto comigo.

    - Shhh... Dá para calarem a boca?! - era a voz de Jimmy.

    - Jimmy? - nós três gritamos juntos.

    - Não, o coelhinho da Páscoa. - ele disse irônico.

    Então começou a bater na fechadura para abrir.

    - Jimmy não conseguimos sair!

    - É claro que não, estão trancados.

    - Não seu idiota, algo não nos deixa sair. - Liam disse.

    - Como assim? - então ele parou de martelar.

    - Atrás de você! - Max gritou.

    Então um demônio quebrou o pescoço dele e Jimmy caiu no chão, estirado bem na nossa frente. Comecei a chorar e a me lamentar, logo um demônio apareceu do meu lado e me nocauteou.

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