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    - Não sou muito boa nessas coisas. - digo errando a mira totalmente da árvore.

    - Não me diga... - Liam respondeu indo buscar a faca no chão. - Olhe Luane, se você realmente quer enfrentar esse tipo de coisa, vai ter que dar o seu melhor, porque se você morrer, quase tudo vai ser em vão. - disse voltando na minha direção.

    Estávamos naquela floresta que vim com o Max, mas claro que estávamos bem longe daquele lugar. Depois daquele dia com ele, se passou uma semana e enquanto isso, procuramos saber sobre como destruir meu medalhão, mas infelizmente não obtemos nenhum resultado. Então para não desperdiçar todo o tempo que ainda nos resta antes de enfrentá-los novamente, eles decidiram que era melhor eu ir treinando.

    - Eu estou dando o meu melhor! Mas está difícil, eu nunca fiz essas coisas antes...

    - E lá no galpão? - ele fez uma pausa - Você se deu surpreendimente bem com aquele cara.

    Me sentei encima da mochila que estava no chão.

    - Antes do meu pai entrar para esse mundo de loucuras e pobreza, ele era delegado em Stamford, então ele me ensinou alguns truques...

    - E como vocês foram parar em Perksvill?

    - Ele se aposentou, depois de dois anos mamãe morreu e ficamos sem rumo, então meu pai quis ir para um lugar que ninguém nos conhecesse, aí fomos parar lá.

    Olhei para o chão relembrando como foi a morte da minha mãe, como foi ter que deixar Stamford e tudo lá; família, amigos, etc...

    - Agora chega de conversa e vamos voltar para as armas... - ele disse e me levantei.

    Treinamos por três horas seguidas e Liam disse que eu estava melhorando, claro que não estava perfeito mas já dava para o gasto. Ele prometeu que os exercícios já estavam acabando e me fez subir em uma pedra enorme para atirar numa árvore que estava relativamente longe, eu acabei a acertando quase no meio mas para pouco tempo o avanço era bem grande. Na verdade isso de armas, não era tão estranho para mim, eu já tinha atirado uma vez antes, quando eu tinha 16 anos com meu pai, ele me ensinou alguns truques que só fui me lembrar agora. Depois daquele dia nunca mais me ocorreu outro caso.

    Quando eu fui descer da pedra, acabei deslizando em umas pedrinhas menores e perdendo o equilíbrio, mas antes de cair no chão, Liam me segurou e nossos rostos ficaram poucos centímetros longe um do outro, minhas mãos seguravam firme em seu pescoço como as dele em minha cintura, nossos olhos estavam congelados e fixos um no outro. Então o celular dele começou a tocar e logo ele me desceu para o chão e atendeu o mesmo.

    - Unhum, tá bom, estamos a caminho, se souber de mais alguma coisa me liga. - então ele desligou.

    - O que foi?

    - Era o Jimmy, parece que os demônios estão quase nos achando, temos que voltar para a casa, pegue as suas coisas. - ele foi na frente.

    De repente, comecei a ouvir sussurros vindo de dentro da floresta, eram sussurros chamando meu nome, Luane... Luane... Então parei e olhei para os lados, mas não vi ninguém.

    - Ei, vamos! - Liam apareceu, pegou minha mão e saiu me arrastando até o carro.

    Já na estrada, resolvi fazer algumas perguntas.

    - Como eles sabem que os demônios estão aqui?

    - Ritual de localização.

    - E como funciona?

    - Você precisa de um mapa, precisa citar algumas coisas em latim e precisa de um objeto que pertença a quem você procura.

    - Como conseguiram o objeto?

    - Max pegou quando estava preso no galpão.

    - E o que é?

    - Uma faca. O demônio deixou cair quando eu atirei nele.

    - Mas calma... Se você matou o rapaz e o objeto pertence a ele, não iria funcionar, já que ele morreu.

    - Nesse caso, a faca pertence ao próprio demônio, então vai funcionar sim.

    - Sabe, para demônios eles estão bem fracos no requisito "nos achar". Acha que estão armando algo?

    - Eu tenho certeza. - então ele acelerou mais.

[...]

    - Ainda bem que vocês chegaram. - Max disse me abraçando.

    - E aí? Vocês tem mais notícias? - Liam disse.

    - Não, só sabemos que eles estão na cidade, mas precisamos do lugar exato. - Max respondeu.

    - Eles precisam de lugares discretos, afastados e bem escondidos para ficarem, certo? - disse.

    - Boa aluna. - Liam sussurrou e piscou para mim.

    Sorri.

    - Aqui tem algum lugar discreto, afastado e bem escondido? - ele perguntou para o Jimmy que até então estava quieto.

    - Não sei. - ele disse dando de ombros.

    - Como assim "não sabe"? Você mora aqui.

    - Por acaso, você conhece todos os lugares de Newton?

    - Não...

    - Mas "você mora lá". - ele fez uma voz fina.

    - Tudo bem... Precisamos dar um jeito logo nesse lance de destruir o medalhão. - Max disse.

    - Só que não encontramos nada e já faz uma semana. - Jimmy retrucou.

    De repente todas as luzes da casa começaram a piscar e os móveis a tremer, então tudo voltou ao normal e junto com elas o homem de preto que não viamos há muito tempo, apareceu.

    - É porque não estão procurando a coisa certa. - sentado no sofá, de frente para nós, ele sorriu.

    Logo Liam e Max entraram na minha frente como uma forma de me proteger.

    - Isso não está em livros... - ele continuou.

    - Quem é ele? - Jimmy sussurrou para nós.

    - Depois a gente te explica. - Max disse.

    - Olá Jimmy, meu nome é Vamport, prazer em te conhecer. - ele se levantou.

    - Então onde achamos o que queremos? - Liam falou.

    - Não acham... Ao menos se alguém lhes contar.

    Todos nós ficamos em silêncio, o único som que ecoava pela sala era nossa respiração.

    - Precisam de uma bruxa. Mas não pode ser qualquer uma, porque o feitiço exige muita concentração de poder.

    - Espera aí... Você disse bruxa?  - Jimmy perguntou incrédulo.

    - Com toda clareza. - Vamport sorriu.

    - E como vamos achá-la? - Liam perguntou.

    - Por sorte, eu conheço uma. Aqui, telefone e endereço. - ele entregou para Max.

    - Quem não garante que isso é pura enganação e que você está do lado dos demônios?

    - Ninguém. Mas quero que fique explícito que não estou do lado de ninguém, nem de vocês, nem deles. - disse olhando pela janela.

    - Então por que está nos ajudando? - perguntei.

    - Porque, Luane Bland, isso não passa de um jogo e eu só estou dando um empurrão nas coisas. Eu não tenho nada de interessante para fazer, e também... É divertido. - ele sorriu e começou a vir na minha direção. Houve um apagão e ele sumiu. De novo.




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