Scared that I couldn't find

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Marina respirou fundo e entrou naquela sala. Já estava bem familiarizada era verdade, mas ainda assim sempre precisava respirar e buscar coragem para entrar ali. A sala não tinha mudado, e depois de cumprimentar com um simples oi a psiquiatra, a fotógrafa sentou no sofá já velho conhecido.

-Depois de tanto tempo, conseguimos nos encontrar. – Camila disse sorrindo.

-Pois é, ter psiquiatra famosa dá nisso. – Marina respondeu no mesmo tom.

-E paciente também. – A mulher insistiu. – Começamos por isso? Como foi lá?

-Foi bom, tudo que eu esperava. – A fotógrafa falou e como sabia que Camila insistiria, começou os detalhes. – Você sabe que jamais imaginei que aquela exposição de Nova York iria render, quanto mais um prêmio desse porte, então a alegria foi nas alturas. A Clara também ficou muito feliz, mesmo tendo que pegar um avião para Londres, ela estava lá na primeira fila, aplaudindo e sorrindo.

-Vai ter um tour da exposição? – A psiquiatra indagou.

-Sim, vai passar pela Europa, mas não tem condições de acompanhar. Gravidez, a escola da Isis e nem pensar que eu vou andar por lá sozinha. A previsão é de encerrar aqui no Brasil, então apareço nesse dia. – Marina sorriu.

-Conversou com a Clara sobre isso?

-Sim, concordamos que não dava, era muito tempo longe e com a gravidez não tinha muito o que cogitar. – A fotógrafa disse.

-Quanto tempo tem agora?

-20 semanas. – Marina passou a mão na barriga. – Confirmamos o sexo, é menina.

-Olha só, Isis é boa de adivinhação. – Camila sorriu. – Como ela está?

Marina respirou fundo e se remexeu na cadeira. Olhou para Camila e sabia que não podia mentir. Clara tinha estado ali antes, e com certeza a morena desatou a falar tudo sobre o mês que não conseguiram fazer a consulta.

-Complicado. Tem os dias bons, os dias ruins e os dias de Isis. – A fotógrafa respondeu.

-Dias de Isis...- A psiquiatra sorriu. – Conta tudo.

-Os dias bons são quando tudo vai bem. A Isis acorda empolgada, alegre, vai pra escola, faz o treino de natação, brinca com a cachorra no estúdio, fala da irmã, de brincar com ela, enfeitar. – Marina sorriu. – A Clara também fica feliz, tranquila. Me ajuda no estúdio, conversa com as modelos, vai fazer a corrida dela com a Helena, são os dias maravilhosos mesmo.

-Muito maravilhosos? – Camila perguntou interessada.

-Não, são bons, não acontece nada ruim, todo mundo faz o que tem que fazer com alegria, nada em exagero. – A fotógrafa se corrigiu.

-E os ruins?

-A gente já reconhece eles logo quando acorda. A Clara fica mais agitada, aflita. Eu pego ela me olhando e olhando pra barriga, perdida em pensamentos. São os mesmos dias em que a Isis passa mal-humorada. Olhando torto pra mim e pra Clara, resmungando sozinha. – Marina olhou para a sua barriga. – E os dias de Isis são os dominados pela manha. Ela fica sem querer falar na irmã, não quer ir pra escola, pra natação, são os piores.

-Vamos lá. Dias ruins, são os dias da Clara. – Camila disse séria. – Do que você tem medo?

-De perder ela. –A fotógrafa falou em um suspiro. –Eu sei que ela fica olhando pra mim e pra barriga, pensando que a menina vai ser igual a ela ou que ela não vai dar conta, ela tem medo de não conseguir suportar a gravidez. Já falei tanto com ela, mas parece não ter efeito.

Born To Die - parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora