When the road gets tough

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Camila encarou a fotógrafa com a mesma paciência de sempre. Clara se aproximou um pouco mais da esposa e da filha, e antes que conseguisse falar alguma coisa, a médica respondeu tranquila.

-Estou tentando ajudar vocês. Mais uma vez Marina, a verdade nem sempre é doce. – Camila falou diretamente para a fotógrafa, lembrando a frase que ela repetia em quase todas as sessões das duas.

Por mais estranho que pudesse ser, as sessões com Clara eram muito mais fácies. A morena conversava, falava o que incomodava, não importava se era bom ou ruim e ouvia e explodia, mas seguia ali. Já a fotógrafa, só falava o banal, fugia na hora de trabalhar o que realmente importava, e se explodisse, era o fim da sessão. Mais ou menos o que, infelizmente estava acontecendo ali.

-Você não tem o direito de falar assim com a minha filha. Chega, até porque nada disso tem a ver com o bebê. – A fotógrafa disse brava e não permitiu que Clara interrompesse. – A gente vai ficar coladinha, e a Gio vai ficar com a gente, porque tem espaço, amor e atenção pra duas aqui. – Marina falou sussurrando para a filha. – Pra três. – A branca finalizou encarando a morena.

Clara sorriu e fez um carinho na perna da filha. Isis chorou encolhida com Marina, o que só tornou a situação pior. A receptividade da fotógrafa foi a zero, e a sessão acabou não sendo tão longa ou esclarecedora quanto Camila gostaria.

-Não acho que você deveria ter falado com a Isis daquela forma. – Clara, que acompanhava a médica, falou quando as duas ficaram sozinhas.

-Talvez eu tenha sido um pouco dura com ela sim, mas alguém tinha...

-Ela tem mães. – A morena encarou a psiquiatra. – Não importa o tamanho da manha, do dengo, da birra, a Isis é minha e da Marina e só cabe a nós a educação dela.

-Eu sei Clara, e não foi isso que eu quis dizer, peço desculpas se a impressão ficou essa. – Camila respondeu. – Mas tanto você quanto a Marina, contornam as manhas da Isis em vez de enfrenta-las. Comentamos essa semana que tudo estava bem, e ela ainda tem medo de perder a mãe para o bebê.

-Ela é uma criança de seis anos, é lógico que vai sentir medo de perder a coroa de princesa única. – Clara sorriu. – Não justifica aquelas palavras, ainda mais com a Marina em uma situação delicada.

-Tudo bem, fui dura demais com as duas. Novamente, peço desculpas. – A médica recuou e sorriu.

Assim que a psiquiatra foi embora, a morena voltou e deitou ao lado da esposa e da filha que não tinham mudado de posição desde quando a branca colocou a pequena em seus braços.

-Não quero mais essa mulher aqui mama, ela é muito chata. – Isis reclamou para Clara, assim que ela deitou e abraçou as duas.

-Eu sei, também acho ela chata algumas vezes. – A morena deu um beijo na cabeça da filha e fez um carinho no rosto de Marina. – Tá bem?

-Tô, só preciso descansar. – A fotógrafa virou o rosto e deu um beijo na mão da morena.

-Descansa, eu fico aqui mantendo vocês duas coladinhas. – Clara sorriu, abraçando Marina também.

-Você também mama. – Isis sorriu sapeca e a morena piscou para ela.

Clara permaneceu abraçada com as duas por mais um tempo, até que levantou e foi buscar o lanche da tarde. As três estavam no jardim, coladinhas, como Isis cansou de mencionar durante o período, quando a noite chegou e só então a morena mandou todo mundo para dentro de casa.

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A semana terminou e recomeçou. Logo no início Marina fez a última consulta antes do parto. Tinham chegado no prazo e o médico marcou a cesariana para a semana seguinte. Com a data marcada a ansiedade ganhou proporções gigantescas para todos na mansão.

Born To Die - parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora