Choose your last words

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Clara olhou pelo retrovisor para a filha que vinha comendo o chocolate em silêncio. Ao seu lado, Marina olhava contemplativa pela janela sem dizer nada.

-Então, o gato comeu a língua de vocês? – A morena falou com leveza. – Tão muito quietinhas.

-A tagarela aqui não sou eu. – A fotógrafa virou a cabeça para trás e olhou sorrindo para a filha.

-O chocolate é gostoso. – Isis respondeu oferecendo novamente para as mães, que recusaram.

-Pelo menos isso. – Marina sorriu e recebeu um olhar de repreensão da esposa.

-O que você achou pequena? Gostou da Bruna? – Clara olhou pelo retrovisor para fazer a pergunta.

-Acho que sim. – A menina respondeu incerta. – Ela até que foi legal.

-Novinha ela né? – A fotógrafa falou. – Devíamos ter perguntando se ela tem experiência, quais as referências, até ter falado com a mulher que a Camila tinha falado.

-Acho que não tem nada disso não. – Isis disse rápido. A morena respirou fundo e forçou-se a manter a calma.

-Acho que a idade dela não é um problema, ela foi bem segura na hora de conversar com a gente, e não falou nenhuma bobagem. – Clara olhou de lado para a branca.

-É, isso é verdade. – Marina virou um pouco o corpo e olhou para a filha. – O que você acha de voltar nela semana que vem?

-Não sei. – Isis respondeu e olhou de relance para a morena.

-Você disse que achou ela legal, por que não voltar então? – Clara indagou.

-Sei lá, vai que acabou o chocolate. – A pequena sorriu sapeca para a branca que olhava para ela.

-Deixa de ser espertinha, você não vai lá só por causa do chocolate. – Marina disse rindo.

-É, mas o chocolate foi o melhor. – Isis rebateu.

-Chocolate e chocolate né dona moça? Vamos precisar dar uma cortada nisso, senão você vai acabar igual a sua mãe aqui. – A morena colocou a mão na perna da fotógrafa e sorriu. – Chorando pra tirar sangue.

-Eu não chorei, ela que não conseguiu pegar a minha veia e depois me tirou quase o sangue todo. – Marina rebateu na hora, ouvindo as risadas de Isis no banco de trás.

-Dramática. – Clara mexeu os lábios pelo retrovisor olhando para a filha.

-Eu não quero tirar sangue não. – A pequena falou. – Depois a mama fica rindo de mim.

-Vou rir mesmo, porque avisada a sua mãe foi pra comer melhor, pra fazer exercício, ela me ouviu? Não, então tá aí o resultado, chorando pra tirar uma gotinha de sangue.

-Gotinha de sangue? Onde você tava meu amor, quase me deixaram sem sangue no corpo. – A fotógrafa reclamou, só aumentando os risos das outras duas. – Você tinha que ter brigado com elas isso sim.

-Tava lá do seu lado, segurando a sua mão chorona. – A morena riu. –Amor, eu não podia brigar, a mulher ainda tinha uma agulha na mão, podia machucar você. – Ela disse e piscou para a filha, enquanto a esposa já dava sequência a conversa.

Clara não retomou o assunto da psicóloga naquele dia. Deixou que a filha e a esposa absorvessem a situação e só quando os humores estivessem mais calmos e estáveis ela voltaria com aquilo.

Aproveitou o cansaço das filhas, que logo após o jantar adormeceram entre as mães, para tratar de outro assunto que certamente causaria problemas futuramente.

Born To Die - parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora