3º Capítulo

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Os primeiros raios solares que adentraram com tudo o quarto de Zoey pela janela a acordaram logo pela manhã. Após se espreguiçar na cama espaçosa e resmungar pela dor de cabeça terrível que se mostrou presente, se pôs a pensar no que havia acontecido na noite anterior, mas nada vinha à sua cabeça, exceto a imagem do rapaz que conheceu, dançando com ela na pista. Coçou seus olhos, e notou que não estava vestida. Olhou lentamente para o lado direito e viu aquele homem da noite anterior, dormindo com o sono mais profundo de toda a terra, coberto parcialmente pelo mesmo lençol que ela. Levou um susto e tanto, e pulou da cama, o que o deixou completamente descoberto e, consequentemente, despido.

- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?! – Ela gritou, imediatamente se arrependendo ao sentir a cabeça doer ainda mais.

Benedict acordou assustado e ficou ainda mais ao se deparar com a situação em que se encontrava. Imediatamente se tapou com o primeiro travesseiro que encontrou e encarou silenciosamente a mulher que estava envolta em um lençol à sua frente.

- Oi. – Ele disse, enquanto tentava se lembrar do que havia acontecido – Nossa, a minha cabeça está latejando!

- Você se lembra de alguma coisa de ontem?

- Se está se referindo diretamente ao ponto de nós estarmos completamente nus na sua cama, não, eu não me lembro. – Ele suspirou, e retomou sussurrando – Uma pena.

- Melhor assim. – Ela disse, sem ter antes escutado o que ele havia sussurrado – Eu não consigo me lembrar nem de como você chegou aqui.

- Nem eu, mas eu estou um pouquinho curioso.

- Você não se sente nem um pouco... constrangido?

- Não. – Ele olhou em volta – Quer dizer, não é a melhor sensação do mundo.

- Desculpa, mas qual é o seu nome mesmo?

- Benedict. Benedict Cumberbatch.

- Ah, é mesmo. Bom, o meu é…

- Zoey Lewis. – Ele completou, antes que ela pudesse terminar – Eu não me esqueceria.

Ela sorriu sem graça, estava envergonhada, mas ao mesmo tempo se sentia à vontade com ele. Era estranho, mas certamente aquele cara tinha alguma coisa.

- Eu acho melhor eu ir. – Ele disse – Minha presença não está confortável.

- Não se sinta obrigado a ir. Pode tomar café aqui.

- Eu agradeço, mas realmente acho que preciso ir.

- Tudo bem, não se sinta pressionado.

- Zoey, você poderia pegar as minhas roupas? Elas estão espalhadas ali. – Ele apontou para o chão bem próximo a porta – Se eu me levantar... bem, eu... preciso de algo pra me cobrir.

- Eu pego. – Ela se dirigiu até as roupas dele e depois as jogou na cama – Vou me trocar em outro lugar, você pode ficar à vontade.

- Obrigado. – Ele sorriu, e ela saiu do quarto.

Minutos depois, ambos já estavam vestidos. Benedict se dirigiu até a cozinha, ao notar que ela estava lá.

- Bem, então estou indo. – Ele disse.

- Até qualquer dia, Benedict. – Ela sorriu.

Ele assentiu, e já estava saindo, quando resolveu retornar.

- Será que posso ter o seu número? – Ele perguntou.

- Ah. – Ela pensou um pouco antes de responder. – Eu acho que sim.

Eles trocaram os aparelhos, onde cada um adicionou o seu número à lista de contatos. Tendo feito, ele agradeceu e se despediu novamente, dessa vez realmente se retirando e levando um susto ao ver o seu carro tão mal estacionado. A casa dele não ficava tão longe dali, o que o fez suspirar de alívio, já que não estava aguentando a sua ressaca.

Tom compartilhava do mesmo incômodo na sua casa. No dia anterior abusou bastante das bebidas alcoólicas e agora mal conseguia sair do quarto. Além disso, ainda sofria pelo término do namoro, e se via incapaz de superar tal rompimento. Foi quando resolveu admitiu para si mesmo que precisava ir atrás de Zoey, tentar conversar, esclarecer as coisas, deixar explícito o tamanho do seu arrependimento por suas atitudes. Não perdeu tempo, mudou de roupa, conferiu a aparência, mas continuou se vendo péssimo. Ignorou qualquer pensamento de baixa autoestima e se dirigiu até o apartamento da ex-namorada.

Tocou a campainha com medo de ser atendido, o frio na barriga estremecia o seu corpo inteiro. Quando a porta finalmente se abriu, dando a ele a imagem da mulher que ele tanto amava com um olhar surpreso em vê-lo, já não sabia mais como se sentir.

- Tom? O que você veio fazer aqui? – Ela perguntou rígida.

- Quero conversar com você, com mais tempo, mais calma. Me deixa te explicar tudo...

- De forma alguma – Ela o cortou – Eu te disse que não queria nem mais te ver!

- Mas Zoey...

- Me esquece.

- Não dá, eu te amo! E você me ama também, eu sei disso!

- Não tenha tanta certeza.

- Ninguém deixa de amar de uma noite pro dia.

Ela respirou fundo, mas não respondeu. Quando fez um coque no cabelo, ele pôde ver o pescoço marcado ferozmente do lado direito.

- O que é isso? – Ele se aproximou, para ver mais nitidamente – Zoey... isso é...?

- Eu saí com outro cara ontem à noite, Tom. Você devia seguir a sua vida também.

- Mas... Zoey, nós terminamos ontem!

- Eu sei e realmente não me importo. – Ela mentiu.

- Não se importa?! Como assim? E tudo que nós passamos?

- Você jogou fora porque quis.

- Eu estou aos seus pés pedindo perdão! E mesmo sabendo que você saiu ontem com outro cara!

- Tarde demais, Thomas. Eu não quero reatar.

- Você já deu o seu troco, já ficou com outra pessoa, isso dói em mim e muito, então nós estamos quites.

- Ei, eu não fiquei com esse cara pra te dar um troco. Foi por mim mesma.

Dessa vez foi ele quem não respondeu. Se sentiu vazio, como se tivesse se dado conta de que tinha perdido ela pra sempre naquele momento. Olhou discretamente para o pescoço dela novamente e foi pior que uma tortura. Desviou o olhar novamente, respirou fundo e retomou.

- Então tudo bem, você quer assim. – Ele colocou os óculos escuros – Desculpa, mas eu não posso te desejar felicidades com esse cara aí com quem você saiu na noite passada.

- Não precisa.

- Tchau, Zoey. – Ele disse, entrando no carro, sem esperar uma resposta.

Miss Atomic BombOnde histórias criam vida. Descubra agora