POV – Benedict
A ideia de Tom de viajar o mundo foi realmente genial. Durante cerca de dois ou três meses ele esteve fora, e passou por diversos países, dentre eles o Brasil, o que me despertou uma leve inveja – branca, diga-se de passagem –, já que eu adoraria conhecer as praias e as garotas enlouquecidas com quem ele passou algumas semanas.
Ele havia conhecido uma moça em Nova York, Claire Clark e não demorou muito a engatar em um namoro, e eu podia jurar que ele estava mesmo gostando dela. Isso não seria sacrifício, ela era encantadora, dona de olhos verdes esmeralda, cabelos negros e um corpo escultural. Lembrava um pouco Zoey, por quem eu só me apaixonei cada vez mais durante esse tempo.
Mas Zoey era complicada demais.
Durante todo esse tempo eu só arranquei dela gargalhadas e alguns sorrisos tímidos. Nada mais, nada menos. Mas eu não desisti dela, nem sequer por um segundo. A cada vez que ela me dispensava de um jeito delicado e não tão óbvio, eu mais me interessava e sentia que ela estava cada vez mais próxima de mim. Era inevitável, tínhamos uma conexão muito forte, talvez porque a forma como nos conhecemos já tivesse sido adiantada demais.
Nós fizemos as fotos que ela havia me proposto certa vez, e confesso que elas ficaram realmente muito boas. Algumas delas ela fez questão de deixar salvas no computador, e eu sempre estive na expectativa de que ela de vez em quando dava uma espiada nelas.
Eu estava tentando de tudo para conquista-la, e agora eu seria definitivo. A chamei para um jantar num restaurante bem legal próximo à casa dela, e ela havia aceitado. Seria naquela noite, e eu estava ansioso. Sentia que daria certo dessa vez, e que eu conseguiria pelo menos um beijo dela. Falando assim, pareço um estúpido.
Havia acabado de confirmar as reservas quando o telefone tocou.
- Ei, Ben, nosso jantar está confirmado pra hoje à noite, certo? – Zoey perguntou.
- Sim, a menos que você tenha desistido.
- Não, de forma alguma – Ela riu e eu quase pude visualizar seu sorriso – Ei, eu andei pesquisando um pouco sobre você e achei uma foto que me intrigou um pouco.
- Estava buscando sobre minha vida? Isso é novidade. Mas diga, o que foi que te intrigou?
- Você conhece o Tom Hiddleston?
- Ah, o Tom?! É claro que sim. Ele é fantástico.
Ela não respondeu.
- Ei, Zoey, ainda está aí? – Tentei.
- Sim, claro. Desculpe.
- Tudo bem com você?
- Sim, está tudo bem. Olha, vou ter que desligar. Até mais.
- Até.
Mal desliguei o telefone, e recebi mais uma chamada.
- Benedict! – Tom disse animado do outro lado da linha – Cara, o seu telefone não para de ficar ocupado.
- Desculpa, estava falando com uma garota.
- Desculpas aceitas – Ele riu – Ei, estou de volta em Londres. Podíamos fazer alguma coisa.
- Nossa, isso é ótimo, mas eu vou sair com ela hoje, então...
- Ótimo! A gente faz um programa em casal. Eu já ia convidar a Claire mesmo.
- Mas...
- Se você não quiser, tudo bem.
- Não, não é isso...
- Então tudo certo! Depois você me passa o endereço.
- Okay...
- Até mais, amigo.
- Até.
Desliguei o telefone e mandei uma SMS com o endereço. Droga! Isso não fazia parte dos meus planos, mas Tom passou muito tempo fora e negar um jantar com ele seria muito injusto. Além do mais, seria um programa em casal, não tinha como dar errado... exceto pela parte em que a Zoey não é exatamente minha namorada. Meros detalhes.
Incrivelmente o telefonema dela me incomodou ainda mais do que o dele. Por que esse interesse repentino no Thomas? Talvez ela fosse uma fã, ou algo do tipo. Ou até mesmo a ex-namorada dele. Fiquei nervoso só com a hipótese, não era possível que, em uma cidade tão grande, eu fosse me apaixonar logo pela única mulher do mundo que eu jurei nunca me aproximar. Isso era doentio, e resolvi excluir a ideia, sem ao menos pesquisar antes. Hoje a noite eu descobriria, por bem ou por mal.
A noite já aparecia deixando Londres ainda mais fria. Tomei um banho relaxante e me vesti adequadamente para o jantar. Ao ver que ainda estava cedo, deixei que os ponteiros do relógio corressem um pouco antes de entrar no carro e seguir até a casa de Zoey.
- Você está mesmo linda. – Observei.
- Gentileza sua. – Ela sorriu daquele jeito tímido e encantador que me deixava louco.
- Vamos?
- Claro.
Entramos no carro, e quase não trocamos nenhuma palavra até o restaurante. Nós dois queríamos falar sobre Thomas, e isso era óbvio, mas nenhum de nós tínhamos coragem de iniciar o assunto.
Assim que chegamos, fomos adentrando o local, quando ela respirou fundo e então iniciou.
- Ben, sobre o telefonema de hoje mais cedo... por favor, seja bem objetivo, qual é o seu grau de amizade com o... – Então ela pôs os olhos na mesa em que sentaríamos, já com os nossos companheiros. Ficou boquiaberta, e retomou a frase quase sem voz. – Tom Hiddleston?!
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Miss Atomic Bomb
RandomA quem ela deveria afinal, entregar o seu amor: o primeiro, que no passado a feriu; ou ao segundo, que para conquistar o seu amor, traiu a promessa que fez ao melhor amigo?