Cap. 15 Pequeno desentendimento

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(Nick narrando):

Quando saí de casa, não imaginava nem por um instante que a minha noite acabaria aqui: sentada nesta cafeteria,tomando um café quentinho,provando um maravilhoso pedaço de torta e acima de tudo com uma companhia tão agradável.

O rapaz a minha frente,neste exato momento se encontra sentado despreocupado,sorriso de lado,corpo úmido,cabelo despenteado.

- Tá pensando em quê?- disse ele,quebrando a tensão entre nós.

- Em nada em específico.

- Garota enigmática...

soltei uma risadinha diante desta afirmação. Enigmática... Não sou enigmática. Não que eu me lembre.

- Pra onde estava indo quando me encontrou na rua, irmãozinho?- desta vez foi a vez dele rir.

- Me chamou de irmãozinho...

- Não é isso que nós somos?- perguntei confusa,entortando levemente a cabeça. Segundo a minha mãe,esse ato me deixava com uma leve cara de boba.

- Não exatamente... Seu pai é só meu padrasto.

- Impressão minha,ou o senhor está fugindo da minha pergunta?- encarei-o desafiadora. Rimos.

- Tudo bem,tudo bem... Estava indo pra uma boate.- Confessou tímido.

Não resisti e ri. Ri bastante.

- O que é tão engraçado?- cutucou-me.

- O mauricinho se arruma pra ir à uma boate,se perfuma todo,pra no final das contas terminar a noite ensopado numa cafeteria qualquer da cidade.- rimos,e do nada ele me encarou e soltou a seguinte pergunta:

- Como sabe que eu me perfumei todo?- apoiou os cotovelos na mesa e me olhou de um modo desafiador.

- Como eu sei? Seu perfume tá por todo o lado aqui dentro!

- Faz sentido. Convenhamos,sou muito cheiroso.

- Convencido.

Rimos.

O clima estava agradável, porém os acontecimentos do dia me fizeram congelar. Aquele pesadelo não saía da minha cabeça. Instintivamente,meu sorriso sumiu.

- O que houve? - perguntou receoso. Em resposta,abaixei a cabeça e me concentrei apenas no meu café.
- Ei...- segurou minha mão entre as suas- Se abre comigo,que carinha triste é essa?

Será que eu poderia confiar nele o suficiente a ponto de contar os meus medos? Não importa. Ele estava aqui, não estava?

- Você sabe do que me aconteceu, não é mesmo?- ele fez uma cara confusa.- De que fui estuprada,de que perdi a memória logo em seguida...- a cada palavra ele ficava tenso.

- Prossiga.

- Eu não lembro do meu estuprador. Não lembro de nada pra ser sincera... Mas...- era só fechar os olhos, que as lembranças daquele pesadelo horrível me atormentava,foi tudo tão real...

- Mas...?- me incentivou a prosseguir.

- Na madrugada passada tive um pesadelo estranho. De início eu estava no corpo de uma criança,e eu vi duas sombras me arremessando numa cachoeira, ribanceira abaixo.

- Você conseguiu ver quem eram?

- Não. Acordei logo em seguida. Sabe o que é mais frustrante? Desejei ficar sozinha o dia todo,mas quando me rendi e admiti que precisava de conversar com alguém,fui ao encontro desta pessoa e ela não estava disponível,na verdade estava bem demais pra eu chegar e atrapalhar com os meu problemas.

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