Cap. 18 Nós

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  Nick

  Eu me sentia em uma montanha russa em constante movimento. Voltamos para casa em silêncio,e eu analisava o meu braço com algumas marcas vermelhas,um tanto desacreditada do que tinha acontecido a minutos atrás. Ethan,o meu It,alguém tão doce e gentil realmente tinha agido com tamanha brutalidade comigo. Como alguém muda assim,de uma hora pra outra?
Ainda estava perdida nesses pensamentos,quando tive uma tontura repentina.

– Nick? Você tá bem?– Thiago perguntou quando me viu gemendo baixinho.

Não tive tempo de responder,flashes de memória simplesmente ecoaram como música na minha cabeça.

Uma garota caminhava presunçosamente para dentro de uma balada lotada,como se fosse a dona do mundo inteiro. Seu vestido justo e maquiagem chamativa demonstravam o quanto ela queria chamar a atenção de todos ao seu redor.

- Como assim eu tenho que entrar na fila? Você faz idéia de quem eu sou?

- Não,senhorita.–o segurança da tal balada falava com calma.–mas são regras da casa.

- Pra mim não interessam as regras. Eu as quebro uma a uma.–sorriu.–chama o dono dessa joça.

- Mas...

- Nem mas,nem meio mas. Você vai pagar caro por ter me barrado desse jeito. Vou te fazer perder o emprego.

A tal garota até então desconhecida em um monte de borrão na minha mente,ficou nítida aos poucos, juntamente com o tal segurança,que se tratava do... Thiago?

Nick,acorda por favor.–fui tirada do meu transe com leves tapinhas no rosto.

– Thiago...–falei ainda meio confusa e com a cabeça latejando.–posso te fazer uma pergunta?

– Sim.

– Como foi que nos conhecemos? O que realmente aconteceu entre você e eu? Digo a antiga Nick? –ele ficou rígido no mesmo instante.– tive uma lembrança confusa com você...

– Tudo bem,eu conto.–suspirou pesadamente.

                              ***
Lembrança do Thiago..

Eu havia arrumado um trampo qualquer como segurança para ajudar em casa, éramos  só eu e a minha mãe na época,quando a vi pela primeira vez.
Vestido colado, extremamente chamativa,ela me deixou interessado,confesso,mas estava ali pra trabalhar e não para azarar ninguém. No fim das contas,a garota bonita com todo o seu status e peso no sobrenome,me fez perder o emprego. A encontrei um tempo depois no campus da faculdade que talvez eu tivesse que trancar por falta de grana. Seu cabelo amarrado num coque frouxo a deixava encantadora. E lembro perfeitamente da sua cara de espanto quando me viu no almoço de apresentações ao pai dela. Isso mesmo,minha mãe engatou num romance com o seu pai,um dos homens mais ricos do país,a deixando furiosa. Ela ainda não aceitava o divórcio dos pais mesmo anos depois. Éramos meio que obrigados a nós ver,seja na faculdade,ou nos encontros em família,e por mais maldosa que ela fosse comigo,eu a achava encantadora. Lembro a primeira vez em que a beijei no dia do casamento dos nossos pais,havíamos exagerado na bebida e Pietro e eu fomos convidados para um ménage com ela e uma amiga bem gostosa,num quarto qualquer da mansão. A loira que sentava gostoso no meu pau minutos atrás, não chegava aos pés da Domynick (que estava sentando agora) que a verdade seja dita. A garota era uma verdadeira leoa na cama,sem contar com seus beijos quentes de tirar o fôlego de qualquer um. A verdade é que eu me apaixonei pela Nick,e naquela noite tive a certeza absoluta que queria aquela garota pra mim. As coisas não terminaram do jeito em que eu queria,a garota me jogou bebida na cara horas depois,quando eu confessei que tava apaixonado,tornando aquela noite a mais desastrosa de toda a minha vida. Pietro tirou sarro da situação por meses a fio,e eu decidi mudar completamente quando o pai me Nick resolveu me registrar com o sobrenome mais imponente de todo o país: Ferrari. Foda-se o amor.
Lembro do dia em que presenciei o que não queria ver,fui obrigado a assistir aquelas cenas,e depois,a mando dele,me jogaram dentro da mala do carro,me impedindo de ver o que aconteceria depois com a Nick já inconsciente. Nick piscou seus lindos olhos pra mim me reconhecendo antes de perder os sentidos. Me senti imponente por não poder ajuda-la; e eles pegaram meu celular,me impedindo de pedir ajuda. Eu ouvi uma pequena discussão do lado de fora,e pro meu desgosto,um dos desgraçados possui o mesmo nome  que eu PORRA!  Senti vontade de gritar,mandar pararem,mas não foi possível,e mesmo se pudesse, ninguém conseguiria me ouvir
Depois que eles saíram e me largaram pra trás desobedecendo a ordem do chefão,fiquei sabendo que ambos tiveram um dos dedos decepados por conta da desobediência. Vi rastros de sangue e ainda tentei procurar o seu corpo,mas não obtive sucesso. Para o meu espanto e surpresa,quem eu pensava que estava morta,apareceu na minha casa desmemoriada meses depois.

Nick, não iria me perdoar nunca se soubesse que eu estava lá e não fui capaz de fazer nada,ou pior,ela não acreditaria em mim. Ele também mandaria me matar se eu abrisse o bico,ou me mataria com as próprias mãos, já que... Aah Domynick,se você soubesse do segredo que eu sou obrigado a guardar a sete chaves... Perdão pequena,mas eu não posso contar a verdade,correndo o risco de te perder de algum modo.

                               ***

Thiago

– Por meio dos nossos pais.–respondi inquieto– Qual o motivo dessa curiosidade?

– Te vi aqui.–franzi a testa quando a vi apontando para a cabeça lentamente.

– Uma lembrança?– engoli em seco sentindo meu corpo se tensionar automaticamente.

– Uhum...

Senti uma curiosidade imensa me consumindo,mas não a perguntei nada sobre,preferi encaram os meus pés,a encarar aqueles olhos penetrantes me perfurando.

– Não vai me perguntar como foi?–disse parecendo ler meus pensamentos.

– E como foi?– suspirei,temendo sua resposta.

– Eu era uma gata cheia de estilo tentando entrar numa balada,e você era o segurança.– sorri me lembrando daquele momento em que a vi pela primeira vez a meses atrás. Tão fresca, tão esnobe,mas tão bonita.– Mas a Nick das minhas lembranças era uma esnobe nojenta.

– Sim, você era.–pensei alto a fazendo gargalhar.

O caminho até a sua casa foi descontraído,enquanto eu contava a ela detalhes daquele dia. A olhando agora, tão doce, tão leve,com o sorriso fácil,ela não me parece em nada com o que já foi um dia.

Quem Sou Eu?Onde histórias criam vida. Descubra agora