Vladmir Abrasimov
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Eu estava irritado. O tempo todo eu mexia no colarinho do meu terno. Odiava aquele tipo de roupa. Odiava ir nessas festas de adolescentes. Se não fosse Millie, mais uma vez me obrigando a ir eu teria ficado em casa de bom grado, lendo um livro chamado Crepúsculo. Lia esse livro porque vi Joanne o lendo e fiquei curioso.
Eu estava na Mansão Brown, sentado na sala de estar com um copo de conhaque na mão, não ia poder beber na festa, então para mim nem era uma festa. Também tragava meu cigarro, pois também não poderia fumar lá. Dar um bom exemplo é uma ova.
Alan Thompson estava com um terno grafite e uma gravata borboleta negra. Tinha os cabelos penteados para trás, já estava bem grisalho a esta altura e me olhava o tempo todo enquanto bebia comigo. Minha relação com ele nunca fora fácil, não que eu fizesse questão de torna-la agradável. Eu o aturava por causa de Millie, ele fazia o mesmo.
Alguns minutos depois, Apollo desceu as escadas também vestindo um terno que parecia mais moderno que o nosso. Ele era um garoto bonito, apesar do nariz ser igual o de Alan, todo o resto era de Millie, até os olhos azuis profundos. Uma pena ele não ter um pingo da boa educação que sua mãe o ensinara. Era arrogante, brigão e impertinente.
Apollo se sentou ao lado do pai.
- Posso beber um pouco disso aí? – ele apontou o copo de Alan.
Alan olhou as escadas para ver se Millie estava por perto, como estávamos sós nós três, ele entregou o copo ao filho que bebeu longo gole e depois engasgou e começou a tossir com as mãos na garganta. Eu sorri para dentro do copo. Moleque fraco.
Millie desceu alguns minutos depois, enquanto os olhos de Apollo ainda estavam lacrimejantes. Eu virei o pescoço no mesmo momento em que Alan olhava para a escada. Ela estava deslumbrante. Usava um vestido verde-escuro, que era apertado no busto, fazendo os seios saltarem. A cintura bem definida e depois o vestido se alargava como a cauda de uma sereia até seus pés. Ela estava mais alta também, com saltos altíssimos que eu sempre fora curioso em saber como ela se equilibrava sobre eles. Os cabelos loiros estavam presos de lado e cachos macios pousavam em seu ombro esquerdo. Ela usava um conjunto de esmeraldas que eu reconheci, eu dera a ela quando se formara em Oxford.
Senti meu rosto se iluminar por um momento, mas controlei a emoção, visto que estava desejando uma mulher casada em frente ao marido dela. Ela avançou sem vacilar e Alan foi ao encontro dela.
- Você está belíssima. – ele sussurrou em seu ouvido.
Eu torci o nariz. Sentia que ele roubava minhas falas e as dizia de modo errado. Millie não estava apenas belíssima, ela estava estonteante, insuportavelmente magnifica. Meu sol particular.
Ela sorriu e olhou para ele, ajeitando sua gravata.
- E você está um perfeito cavalheiro. – ela disse.
Depois olhou para mim e ergueu as sobrancelhas, chocada, chegava a ser ofensiva sua surpresa quanto a minha aparência. Depois ela olhou para o filho e um sorriso orgulhoso apareceu em seus lábios. Eu não sei do que ela sentia tanto orgulho naquele garoto.
Fomos no meu carro. Os professores deveriam chegar antes dos alunos para manter a ordem da festa desde o primeiro minuto. Eu dirigi, sempre rápido demais, com Alan ao meu lado e Millie e Apollo no banco traseiro. Millie tagarelava como só ela conseguia fazer num clima tão incomodo.
- Espero que toque um pouco de música clássica. As músicas de hoje em dia são indecifráveis. Um monte de tum tum tum e gritos que me dão dor de cabeça.
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A Maldição de Salem
FantasyJoanne Adams é uma garota normal de 17 anos. Ela se muda de Nova Iorque para Salem em Massachusetts. Cheia de preconceitos pela superstição do povo de Salem quanto às bruxas, Joanne se vê presa numa história cheia de magia e perigos, muito mais mist...