CAPÍTULO 8 - HALLOWEEN

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O outono já avançava rápido enquanto entravámos em outubro. As folhas vermelhas das árvores agora estavam caindo de forma assustadora. Todos os dias de manhã era possível ver meus vizinhos – em especial os idosos – varrendo suas calçadas, tirando toda aquela folhagem, rabugentos, resmungões, um pavor.

Assim que abri meus olhos pisquei para a manhã prateada. Um feixe da luz do sol brilhava na minha cama, onde aquecia minhas pernas de forma incomoda. Era a primeira vez que eu via o sol em Salem.

Já estava na cidade há um mês e meio e mesmo parecendo pouco tempo muita coisa acontecera. Patrícia estava firme em seu relacionamento com Frank e todo final de semana ele estava na minha casa.

Eu não era mais a "novidade" da Witchcraft Heights. A confusão sobre os "caipiras supersticiosos" havia acabado e muitos alunos voltaram a falar comigo. Eu ia de carro, um Austin Martin DB5 prateado que eu ostentava como se fosse uma Ferrari. Ri ao lembrar o primeiro dia que apareci na escola com meu "Martin".

Os alunos arregalaram os olhos para meu carro assim que apontei no estacionamento. Quando estacionei eles rodearam o Martin e tive dificuldades para sair do carro. Murmuravam, a maioria garotos, sobre o modelo, o filme, Sean Connery, armas, mulheres bonitas e depois me olharam com quase uma adoração divina.

Eu fui bondosa o suficiente para deixar que todos eles dessem uma volta com o Martin pelo estacionamento e acabei ganhando muitos amigos meninos.

Eu também descobrira que Aubrey era uma ótima amiga. Ela sempre ficava do meu lado nas aulas, no almoço, nas detenções, menos quando seu agora namorado Edward Jackson aparecia, o que era constante.

Miranda ainda tentava continuar o protesto "anti-Joanne", mas as pessoas já estavam cansadas disso. Faith, para minha surpresa acabou virando minha amiga e de Aubrey e eu a perdoei pelo evento da sapatada. Riamos disso agora.

Eu estava com boas notas em todas as matérias, sinal de uma vida social pachorrenta e monótona, mas isso era bom. Eu agora estava muito interessada nas minhas opções de faculdade, muito mais atraentes, quando se mantem numa média de nota de A-.

Eu também fora convidada para participar do jornal da escola. Um pouco relutante fui à primeira reunião do pessoal e amei. Descobri que escrever era um tipo de hobby que eu podia conciliar facilmente a minha vida.

A rotina em Salem era fácil de ser seguida, o padrão simples que minha vida tomara era confortável e bastante alegre, apesar de ter um assunto mal resolvido com meu professor de biologia.

Era sempre assim... eu estava relativamente feliz, presa na minha bolha simples, mas ao fundo de minha mente havia uma torneira mal fechada que estava sempre pingando.

Pinga, pinga, pinga... Vladmir, Vladmir, Vladmir...

O que meus colegas agora tinham de sociabilidade comigo parecia ter acontecido ao inverso com meu professor misterioso. Ele se fechara para mim de um jeito que era impossível penetrar. Eu achava que alguns muros haviam sidos derrubados depois de tantas coisas que passamos juntos, mas pelo contrário, parecia que o muro se solidificara mais.

Depois de correr muito atrás dele e receber respostas e olhares frios eu acabei desistindo. Não desistindo do meu mistério, eu continuava absorta nas pesquisas, mas desistira de fazer Vladmir falar.

Millie vivia me dizendo que Vladmir não estava zangado comigo. Ele apenas era daquele jeito. Era inevitável o mau-humor.

Quando cheguei à escola me deparei com um estacionamento cheio de abóboras com velas acesas dentro, um arco com ervas daninha davam as boas-vindas ao mês das bruxas. Eu sorri achando muita graça em como o pacato povo de Salem levava a sério esta data.

A Maldição de SalemOnde histórias criam vida. Descubra agora