Millie Brown
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Eu pressenti o perigo antes mesmo de ouvir a porta da casa se abrir com estrondo, como se tivesse sido chutada. Levantei da banheira com água quente me sentindo fria. Peguei a toalha e não me enxuguei, apenas a enrolei no meu corpo e saí correndo pelo corredor. Na porta ao lado a cabeça de Joanne Adams estava para fora, com olhos arregalados.
- Joanne, você está bem? – eu perguntei antes de me virar para a escada e ver que Vladmir subia como um touro furioso.
A garota assentiu incapaz de falar e olhou para o mesmo lado que eu. Nós duas nos sobressaltamos ao perceber a preocupação nos olhos do homem. Corri os olhos pelo corredor, procurando por meu filho, Apollo, mas ele não estava por perto.
- O que está acontecendo? – eu perguntei entrando na frente de Vladmir.
Ele desviou de mim, como se eu fosse a mobília da casa e seus passos largos o levaram direto para Joanne. A garota o olhou, aterrorizada e eu me preocupei que ele tivesse a intenção de machucá-la. Porém, surpreendentemente, ele a puxou para seus braços musculosos e bronzeados e a abraçou.
Os olhos de Joanne viraram para mim, tão chocados quanto os meus, numa muda pergunta: o que estava acontecendo?
- Professor? – Joanne disse e sua voz saiu tremida e estridente, o pânico começava a tomar conta dela.
Mas, Vladmir não a soltou. Parecia que ele estava falando com ações, mostrando para a garota tudo o que sentia com apenas um abraço. Eu conhecia aquele velho rabugento há mais de trezentos anos e conseguia decifrar cada suspiro, cada arrepio, cada pequena ação que ele fazia.
Primeiro vi o desespero que Vladmir sentia por Joanne. Estava claro que ele se apaixonara pela garota e percebi que ela ainda não notara isso. Depois percebi o pânico que borbulhava sob a pele dele, o medo de perdê-la. A posição decidida que ele mantinha em frente a ela só poderia significar uma coisa: ele estava disposto a fazer qualquer coisa para mantê-la com ele.
Eu nunca me julguei uma tola. Sempre tive dons especiais para perceber perigos e até um passo a frente do futuro. Tudo o que eu via Vladmir fazer era tentar, de forma agonizante, proteger a menina que tinha nos braços. Como se fosse um bibelô extremamente frágil. E somente uma coisa poderia deixa-lo tão aterrorizado.
- Eles sabem. – eu disse por fim.
Vladmir não soltou Joanne, mas se virou para me olhar. Os olhos dourados estavam suplicantes. Joanne por sua vez estava paralisada nos braços de seu professor. Ela me encarava com surpresa e de repente uma careta de pânico se fundiu em sua expressão. As pernas dela começaram a tremer e ela cambaleou em direção aos braços já apertados a sua volta. Vi a garota se espremer contra o corpo de Vladmir, como se quisesse se unir a ele, se camuflando do perigo que estava a caminho.
- Eles não vão tocar na Adams. – a voz grossa dele saiu com um sotaque tão forte que tive dificuldade de apreender as palavras.
- E claro que não. – eu falei ultrajada – Jamais deixaria Joanne desprotegida.
Vladmir me estudou de forma ofensiva, como se de repente todos fossem seu inimigo. Como se eu quisesse fazer mal a Joanne. Minha expressão se endureceu, eu estava zangada. Nesses trezentos anos eu nunca dera motivos para Vladmir desconfiar de mim.
Os olhos dele, então, suavizaram e ele piscou algumas vezes. Eu percebia que ele tentava manter o controle sobre a criatura que ele era por dentro.
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A Maldição de Salem
FantasyJoanne Adams é uma garota normal de 17 anos. Ela se muda de Nova Iorque para Salem em Massachusetts. Cheia de preconceitos pela superstição do povo de Salem quanto às bruxas, Joanne se vê presa numa história cheia de magia e perigos, muito mais mist...