6

6K 383 16
                                    

~Camila~

Acordei com a cabeça doendo, se não fosse o trabalho de hj eu ia ficar em casa.

Minha mãe consegui controlar meu pai, ela sempre faz isso, mas isso não apagou as coisas que ele me disse, e nem cicatrizou os meus cortes.

Levantei, coloquei meu moletom e desci, não tomei café, fui direto para a faculdade.
Hoje Lauren estava mais recuada, senti que ela estava com medo de falar comigo e eu surtar, me senti pior do que já estava. Mas, foi eu que pedi, tratei ela mal.

Depois da apresentação do trabalho ela me chamou pra sentar com as amigas dela, lembrei da vergonha que a fiz passar e recusei, não queria fazer isso de novo. Depois que elas saíram eu fui sentar em uma mesa mais afastada, ninguém sentava lá, mas dava pra ver todas os outras mesas de lá. Encontrei a mesa que Lauren e as meninas estavam, fiquei observando Lauren por um momento, ela é tão linda, tem um sorriso radiante, um jeitinho carinho e atraente. Ela nunca olharia pra mim, provavelmente deve esta falando comigo por obrigação do trabalho, deve sentir pena de uma pessoa tão miserável e inútil como eu.

Eu nem percebi quando ela viu que eu a encarava e começou a me encaram também, eu senti minhas bochechas ficarem vermelhas, mas como estava longe com certeza ela não viu. Tratei logo de desviar o olhar, levantei e guardei minhas coisas, corri para a sala antes que ela vinhesse até mim.

Depois que acabou a aula eu fui pra casa, vi Ally saindo com Lauren e realmente deduzi que ela só falou comigo por obrigação já que nem me chamou. Ignorei isso e segui meu caminho. Cheguei em casa e vi meu pai almoçando, passei correndo pela escada e fui para o meu quarto, guardei minhas coisas e desci com alguns papéis na mão, eram currículos, se ele realmente queria que eu fosse embora, eu iria.

Desci a escada e abri a porta, mas antes de sair minha mãe me chamou.

Sinu: Camila, pra onde vai?

- No shopping mãe.

Sinu: Vai comprar oq?

- Vou entregar currículos.

alejandro: Como é?

- È isso, você mandou eu arrumar um emprego, e eu vou.

Sinu: Camila, você sabe que não precisa disso e....

- Mãe, para, eu quero trabalhar.

Alejandro: Camila, se você quer então vá, mas tenha responsabilidade, está mesmo na hora de sair debaixo da nossas asas.

Sinu: Mas Alê, no shopping? Por que não arranja algo na empresa?

Alejandro: Na minha empresa não tem lugar pra músicos.

- Ok mãe, eu me viro, tchau.

Sai o mais rápido possível. Por que era tão difícil aceitar que eu não quero seguir a carreira de meu pai, eu gosto de música.
Cheguei no shopping e deixei os currículos em algumas lojas, deixei em uma livraria, numa lanchonete e numa loja de roupas. Espero muito ser chamada, precisava ocupar a minha mente ou ficaria louca.

Aproveitei que estava lá e fui tomar um sorvete na praia. Fui para uma parte que amo ficar lá, não tem ninguém, ninguém vai lá, dizem que é perigoso mas nunca vi nada demais lá. Sentei e fiquei observando o mar, tentando imaginar uma vida feliz onde tudo dava certo, onde eu tinha amigos e familiares que me apoiassem. Lágrimas começaram a cair mas eu as controlei, não queria chegar em casa com os olhos vermelhos.

Quando estava prestes a ir embora eu vi Lauren de mãos dadas com uma garota, não sei porquê fiquei incomodada com essa imagem, a moça era bonita e Lauren parecia gostar da companhia dela. A moça segurou Lauren pela cintura e a beijou. Então Lauren é lésbica. Não sei se isso é bom ou ruim, bom porque ela gosta de meninas e eu sou uma menina, ruim porque ela já tem uma menina do lado dela. Não que eu me importasse, eu já imaginava que ela teria alguém, ela é linda e legal, todos gostam dela, já eu sou horrível, ninguém gosta de mim. Sento novamente para que ela não me veja, depois que elas saíram eu me levantei e também fui embora.

Cheguei em casa e minha irmã tava jogando vídeo game. Sentei do lado dela e fiquei mexendo no celular.

Sinu: Mila, amanhã estamos viajando, deixarei comida feita na geladeira e dinheiro caso queira comer outra coisa.- minha mãe fala descendo as escadas.

- Ok mãe.

Sinu: Tem certeza que não quer ir?

- Absoluta.

Sinu: Filha, se precisar de alguma coisa, fala comigo tá?

- Ok mãe. - Falo e sinto que essa pergunta não foi sobre eu ficar sozinha no fim de semana.

Sinu: Sofi, vai lá pra cima, eu quero falar com a Mila.- Depois de resmungar, Sofia subiu e ela continuou a falar.- Filha, eu sei que você não gosta que invadam seu espaço, mas eu não tô gostando desse seu jeito isolado, você é jovem, bonita, por que não faz amigos? Não é bom viver sempre sozinha.

- Mãe, eu tenho amigos, tem meu violão, o mar..

Sinu: Amigos de verdade, que quando você está triste eles tentam ti animar, quando você precisa eles estão do seu lado...

- Não existe pessoas assim, e para com esse papo chato, tá..

Sinu: eu só quero o seu bem.

- Eu estou bem.

Sinu se levanta e me da um beijo na cabeça, eu olho pra ela e dou um meio sorriso. As vezes sinto que minha mãe também não é feliz, e acho que eu não ajudo ela, sei que meu mal humor atinge ela também mas eu não consigo controlar, é mais forte que eu, não consigo me ver abraçando com ninguém que já imagino ela quebrando o meu coração.

Fui para o quarto e pensei no que minha mãe disse, e se eu arranjasse amigos, seria mais fácil? Pode ser que conhecendo mais gente seja mais fácil arranjar um emprego. Passei a noite pensando nisso, dormi já eram 3hrs, acordei às 5hrs, com dor de cabeça e olheiras mas decidida a mudar minha vida.

For youOnde histórias criam vida. Descubra agora