Capítulo 23

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[...]

-Eu gosto desta!- ele exclama.

-É muito pequena, nem dá para pôr alguns dos meus livros.

-Então e esta? Dá para pôr os teus livros.

-Fica num bairro muito perigoso.-explico. -Assim não conseguimos. Tu estás a pôr defeitos a todas as casas.- ele diz completamente passado.

-Porque têm defeitos. Se não, não os estava a pôr.

-Se quiseres ter uma casa vais ter que te sujeitar aquilo.

-Fala o rapaz que sempre viveu na casa dos pais.- rebolo os olhos.

-Ai é? Fala a rapariga que já viveu em condições piores. Que vivia num prédio que está a cair aos poucos.

-É por isso que estou a pôr defeitos. Eu não quero voltar a viver nas mesmas condições.

-Eu compreendo, mas tu estás a pôr defeitos em todas as casas e elas são muito melhor do que a tua antiga.-suspirou , olhou para o chão e depis encarou-me. -Eu quero o melhor para nós, não penses que não, mas nós temos também ver a nossa finança. Nós não ganhamos muito e tu sabes disso. Temos que ter aquilo consoante o que ganhamos. Se eu fosse rico dava-te tudo. -Se tu fosses rico estarias com uma modelo toda boa e não comigo.- digo. Eu sei que é verdade.

-Mas eu estou contigo. E não com uma modelo. E quero partilhar a minha vida contigo.

-Sou a única?

-Sim, por enquanto.- arquiei a sobracelha.

-Por enquanto?

-Sim... a próxima também vou amar e proteger.

-Nunca pensei isso de ti. Pensava que nós era para sempre.- digo tentado conter o choro.

-E é.

-Então, eu vou a divorciada ou a mulher que é traída?

-Nunca vais ser isso.

-Já não estou a perceber nada.- digo confusa.

-Estava a falar da nossa futura filha, amor.- aproximou-se abraçou-me e plantou um beijo na minha testa.

-Por momentos, pensei que tinhas arranjado outra.

-Achas? Eu sou louco por ti.- ri-me.

Ele tirou os braços à minha volta e foi buscar alguma coisa para comer e levou batatas fritas e molho de alho para cima da cama.

-Vais sujar a cama com migalhas!

-Não és tu que limpas.- ele diz encolhendo os ombros.

-Não, mas eu durmo aqui.- soltei uma gargalhada.

-Come e cala-te. Tivemos a comer enquanto viamos mais casas.

-Não tens que ir pôr o euromilhões?

-Pois é.- diz levando a mão à testa batendo. -Vou agora antes que feche.

-Olha põem o meu.- digo entregando. -Está aí dentro o dinheiro.- ele assentiu e saiu.

Só ele para me fazer jogar essas coisas. Duvido que ganhe algum prémio. É a terceira vez que jogo.

Ele passado quinze minutos volta.

-Não tens prémio.- ele diz-me quando fecha a porta.

-Okay.- digo encolhendo os ombros.

-Hum cheira bem.- diz farejando o ar.

-Sim... estou a fazer bacalhau com natas. -Hum, delícioso.

-Já sabes para onde vamos amanhã? É que se não posso sempre pedir à Brianna. Não é por...- ele interrompeu-me.

-Vamos ficar na casa dos meus pais.-ele concluí.

-Hum, okay. Olha podes dar leite à Taya. Ele está ali cheia de sede.- sim eu tinha trazido a Taya às escondidas como não sei se é permitido animais, não arrisquei, mas também a Taya não faz barulho nenhum.

-Temos que arranjar um cão!- ele exclama.

-Para quê? Para me comer a gata?- digo tirando o bacalhau do forno.

-Não. Eu adoro cães e assim tinhamos alguém para proteger a casa, enquanto não estavamos.

-Oh, já tenho te a ti para proteger a casa. E como tu estás desempregado estás sempre em casa.

-Mas um cão brinca comigo.

-Agora és uma criança?- pergunto tirando os pratos do móvel enquanto ele tira os talheres.

-Há uma criança dentro de todos nós.

-A tua não está dentro, está bem cá fora.- rio-me.

-És tão má.- deitei-lhe a lingua de fora e ele depois fora fazer a mesma coisa.

-E depois eu é que sou criança.

-Vamos lá comer!

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-Acorda dorminhoco.- eu saltava na cama.

-Claire? Porquê que estás a saltar em cima da cama?

-Deveria saltar em baixo era?- parei e pus-me de joelhos ao pé dele.

-Não... mas para quê esta alegria toda.

-Acho que ganhei o euromilhões...

-O quê?- ele arregalou os olhos e de seguida esfregou-os. -Estás a falar a sério?

-Sim, acertei em todos os números. O primeiro prémio era o 9, 17, 35, 40 e 47 e nas estrelas 2 e 6.

-É o que tu jogaste!- exclama olhando para o papel.

-Sim!

-Tu és milionária!

-Sim!- e saltei para o colo dele, ainda na cama.

-Bem! Temos que festejar.

-Pois temos.

[...]

-Pela Claire... e que ela e o Kendall sejam muito felizes.- diz o pai do Kendall. E brindámos.

-Eu ainda não acredito que tu só jogaste três vezes e ganhaste.- Sierra comenta.

-Nem eu...- digo.

-Algumas pessoas têm sorte.- a Sra. Reay diz. -E o que vão fazer com o dinheiro?

-Mãe! O dinheiro é da Claire.

-Nós vamos primeiro comprar uma casa.- digo. -Agora já não estamos dependentes do dinheiro do meu ordenado.- digo carregando no 'Meu'. -Já tivemos a ver algumas e gostei de muitas. O problema é que são longe daqui.

-Mas isso não faz mal.- diz Sierra.

-Eu tenho aqui a biblioteca.

-Pois... isso já é um problema. Mas abres outra lá e eu fico a tomar conta desta. Não há problema.

-Tem certeza, Dona Samantha?

-Sim, e não me chames dona. Ai, já te disse um milhão de vezes.- o Kendall começou-se a rir.

-Oh mãe? Não se vê logo que a Claire está lhe a chamar de velha.

-Kendall?- digo eu e a mãe dele em coro.

-Eu nunca quis dizer isso da tua mãe.-digo.

-Claro, não queres ficar mal à frente da sogra.

-Não é isso. A tua mãe pela idade que têm até está bem conservada. Eu diria que ela era tua irmã.

-Oh! Obrigado Claire.

E o dia foi passado assim. Com muita diversão e parvoíce do Kendall.

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