"et superbiam incidere"

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Me virei para ver o que ele estava vendo

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Me virei para ver o que ele estava vendo. Era um homem vestido totalmente de preto. Naquele momento eu senti uma sensação estranha, como se eu estivesse com medo daquele homem, mas por que deveria ter? Eu nunca havia visto aquele homem na minha vida. A sensação só piorou, minhas pernas estavam tremendo, eu reconhecia aquela sensação, era quase como eu estivesse revivendo algum fato que já havia acontecido, mas eu não sabia o que. Como se estivesse em um sonho novamente igual ao da noite passada, fui tomada por flashbacks de lembranças, aquele homem! ele havia tentado me matar! feito com que meu carro capotasse e na mesma hora Dylan apareceu para me salvar.

Me virei e olhei nos olhos de Dylan, ele se importava comigo, como eu fui capaz de dizer aquilo a ele? Ele foi o único que se importou comigo todos esses dias e aqui estava eu falando bobagens.

Senti um vento gelado passar pela minha orelha direita, Dylan me empurrou para a esquerda como se quisesse me desviar de alguma coisa me fazendo cair de costas no asfalto do estacionamento batendo a cabeça de leve. Olhei para ele e vi uma adaga preta fincada em seu ombro direito, ele não estava sangrando! Pisquei meus olhos para ter certeza do que eu realmente estava vendo, e sim, aquilo era real.

Dylan retirou sem nenhum esforço a adaga em seu ombro e guardou em seu bolso da calça jeans que ele usava, a única coisa que havia sobrado para comprovar que um dia uma adaga esteve fincada em seu ombro era um corte em sua blusa. Olhei para o outro lado do estacionamento enquanto ele me ajudava a levantar do chão. O homem vestido de preto que havia tentado nos atacar já não estava mais lá, ele havia ido embora sem que percebêssemos, era como se ele tivesse evaporado no ar gelado.

- Vamos. Me levantei com dificuldade, coloquei a mão na parte de trás da cabeça em resposta a queda. Fomos andando até o carro, Dylan abriu a porta para que eu entrasse, eu entrei e fechei a porta. Por alguns minutos ele olhou para os lados antes de entrar no carro, era como se ele estivesse sentindo que algo estava errado, depois de alguns minutos que ele teve certeza de que nada aconteceria Dylan entrou no carro e fechou a porta.

- Na próxima vez que eu te pedir para entrar no carro, me obedeça! Ele passou os dedos no rasgo de sua blusa, percebendo que o corte era grande ele a tirou, pude ver seus músculos perfeitamente delineados, seu corpo era forte porém ele tinha alguns traços finos, nada exagerado, tudo nele era perfeito e na medida certa, era como se ele tivesse sido esculpido pelo melhor artista que existe. Consegui perceber que em seu peito esquerdo havia uma marca, algo que parecia com uma linguagem mas eu não consegui definir o que era, provavelmente uma bem língua antiga.

- O que significa? Apontei para seu peito nu.

- Está em latim, "et superbiam incidere" significa: Pela arrogância você caíra. Ele abaixou seu olhar como se procurasse por algo além de suas memórias, soltou um leve suspiro e tornou-se a olhar para o rasgo que tinha na camisa.

- Você se considera uma pessoa arrogante? Ele sorriu de uma maneira sarcástica e olhou para mim.

- Eu não, mas os outros... olha chega dessa conversa. Ele se esticou para agarrar algo na parte de trás do banco e pegou uma blusa igual a que ele havia tirado e vestiu, depois de se vestir e colocar sua blusa rasgada no chão banco de trás ele começou a me encarar dos pés à cabeça, pegou uma sacola que estava no chão do meu banco atrás e tirou de lá um conjunto de roupas femininas.

- Você está molhada, é melhor se trocar, ou você pode pegar um resfriado.

- Não vou me trocar aqui no carro, não na sua frente! Dylan podia ser um cara legal e se importar comigo, mas eu não ia tirar a minha roupa na frente dele.

- Se você está se preocupando sobre eu olhar você seminua nem se de o trabalho, esse seu vestido de hospital está todo molhado e grudado em seu corpo, eu consigo ver tudo. Dylan sorriu e olhou para o meu vestido, infelizmente ele estava certo, se não fosse por eu estar vestida com um sutiã e uma calcinha preta eu estaria praticamente nua, soltei um suspiro de raiva por ter que concordar com aquilo, peguei a roupa de seu colo e o encarei.

- Vou me trocar aqui então, já que não tenho opção.

- Como quiser... depois que acabar, coloque suas roupas molhadas no chão do banco de trás junto as minhas.

- Só uma pergunta, eu devo ficar preocupada por você ter um conjunto de roupas femininas? Ele riu como se aquela fosse a melhor piada do ano, mas eu não havia entendido.

- Essas roupas são suas, pensei que quando você saísse do hospital, você ia querer vestir suas roupas. Aquilo realmente me deixou surpresa. Estiquei meus braços para tentar ter uma noção do espaço que tinha para me trocar, tirei meu vestido rapidamente, quanto mais rápido eu me vestisse menos envergonhada eu me sentiria. O que eu mais queria naquele momento era que Dylan não estivesse me olhando.

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