Abri meus olhos e uma sensação estranha me inundava, eu não consegui defini-la mas era como se minha mente tivesse sido limpa, havia um vazio lá, um buraco fundo mas eu não fazia ideia do que havia abrigado naquele espaço.
Me sentei na beirada e olhei a minha perna ainda com aquela bandagem, ela já não estava mais doendo.
Olhei para o meu celular que estava em cima do meu criado-mudo, eram 08:00 da noite, a porta do meu quarto estava aberta eu conseguia escutar barulhos vindo da cozinha, não podia ser meus pais eles chegariam mais tarde, tentei me lembrar com quem estive nesses dias e a única coisa que venho a minha mente foi Dylan, eu me lembrava dele cuidando de mim no hospital, mas não me lembrava dele me trazer para casa e muito menos de ter vindo parar na minha cama. Só ai notei que não estava com o vestido do hospital, como eu havia trocado de roupa? Respirei fundo para não delirar, ele não era capaz de fazer aquilo, ele me respeitava, bom pelo menos é o que eu acho. Me levantei da cama sem nenhuma dificuldade, fiquei impressionada como o tratamento de cinco dias em um hospital fazia efeito, sai do meu quarto deixando a porta aberta, passei pelo corredor que ligava os três quartos, não havia nenhum sinal que a minha família havia chegado, desci as escadas. Assim que cheguei na cozinha avistei Dylan cozinhando, ele estava cortando uma cebola. De costas ele era ainda mais lindo, seus músculos contraídos, suas costas perfeitamente retas e seus cabelos negros, Dylan com toda certeza era perfeito de todos os ângulos.
- Vai ficar aí me admirando ou vai vir me ajudar? Droga! Me assustei por alguns segundos, eu provavelmente tinha feito muito barulho para ele me ouvir chegar.
- Como você? Ele se virou para mim, e sorriu, Dylan estava segurando a mesma faca de cabo preta que há um ano atrás eu cortei a minha mão seriamente, tenho a cicatriz até hoje. Seus olhos verdes encontraram os meus olhos negros e eu congelei, seu olhar mais uma vez mexeu comigo. - Você sabia que essa faca não tem uma história muito generosa comigo? Ele soltou a faca na bancada com as cebolas que ele havia cortado perfeitamente e se aproximou de mim.
- Se você quiser eu posso ajudar você á amenizar esse "trauma". Nem tudo que parece ser perigoso e intimidador é realmente.
- Obrigado pela oferta porém eu dispenso ter que mexer com essa faca mas o que você está fazendo?
- Spaghetti, sei que você gosta, não é seu prato preferido, mas espero que coma, você precisa. Como ele podia saber daquilo? As únicas pessoas que sabiam das minhas preferências culinárias era a minha mãe, eu não me lembrava de ter dito nada a ele, bom eu não me lembrava de muitas coisas.
- Chef, no que eu posso ajudar? Perguntei sarcasticamente e ele sorriu.
- Assistente, eu gostaria que você cortasse a cebola. Eu soltei uma risada desesperada e engraçada, Dylan olhou para mim e riu também, eu não sabia se ele estava rindo da nossa brincadeira ou se ele ria por causa da minha risada. Com certeza seria uma dúvida eterna, eu não sabia, se meu sorriso tinha o mesmo significado do dele para mim ou se a minha risada era gostosa igual a dele. Parei de rir e me concentrei no pedido que ele me fez.
- Eu disse que não vou mexer com essa faca. Ele me estendeu sua mão direita.
- A minha oferta ainda está de pé. Eu queria aceitar. Muitas vezes Dylan conseguia ser malicioso, bem no canto de sua boca você conseguia perceber, mas apenas se observasse intensamente. Seu sorriso muitas vezes me estremecia de um medo sem igual mas eu não tinha medo dele, não havia razão para que eu temesse ele. Segurei sua mão, me rendendo de todas as formas possíveis.
Ele me levou até a bancada onde ele esteva a pouco tempo, ele cortou aquela cebola perfeitamente, Dylan soltou a minha mão e como se me abraçasse por trás encostou seu corpo ao meu, ele deslizou suas mãos em meus braços, me arrepiando por completo, seu cheiro de rosas agora estava mais acentuado, após deslizar sua mão por todo o meu braço ele chegou às minhas mãos e as segurou em um toque firme e delicado, minhas mãos começaram a suar enquanto ele as levava até a faca.
- Calma. Ele sussurrou em meu ouvido me acalmando, Dylan fez movimentos leves junto a mim cortando a cebola em rodelas finas, depois cortando elas na vertical e na horizontal, transformando-as em pequenos cubos, iguais aos que ele havia feito. Ele soltou as minhas mãos e no mesmo instante parei de me sentir segura e bem, era como se tivesse me esvaziado por dentro, deixando apenas a carcaça do meu corpo vazio, virei para olhá-lo nos olhos mas ele havia ido embora me deixando sozinha, avistei um bilhete na outra bancada da cozinha.
Eu falei que ajudaria você.
Dylan
Eu conseguia sentir seu sarcasmo e uma leve pitada de orgulho naquelas letras. Mas eu não ligava, porque eu sabia que ele me fazia feliz, como ninguém nunca fez nem mesmo Ryan. Ele me fazia sentir como se esse tempo todo estivéssemos conectados e nada mais importasse.
Escutei alguém bater na porta com força, como se quisesse arrebenta-la, guardei o bilhete no bolso da calça, fui atender à porta com a esperança que fosse Dylan, mas minha esperança foi despedaçada quando abri a porta e vi Ryan na minha frente, ele estava abatido, seus olhos estavam vermelhos e seu cheiro horrível.
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Destiny
RomanceMeu nome é Blue Ivy, significado: pequena flor azul. Tenho 18 anos, moro em uma cidadezinha não muito populosa no Canadá. No meu ultimo ano do ensino médio coisas estranhas começaram a acontecer após eu me aproximar de um garoto que tinha acabado de...