CAPÍTULO 12 - A BOMBA

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Gabriel

Chego em casa e me assusto com a visão que tenho assim que abro a porta da sala.

Helena está de pé segurando as chaves de casa e na outra mão uma mala, mala grande de viagem. Fico congelado na porta, minha única reação é ficar olhando para ela, um frio percorre minha espinha, minha boca fica seca e meu coração despara. Não tenho ideia do que está acontecendo.

Ela fica lá, parada, imóvel, sem dizer uma única palavra. Só me olha e sei que também está nervosa. E isso me deixa ainda mais apavorado. O pânico que sinto é tão grande que me ouço perguntar onde ela vai com aquela mala, mas é como se eu assistisse tudo de longe.

__O que significa isso Helena? Onde você vai com essa mala?

__Não era pra você está aqui Gabriel.

Ela me responde com uma voz tão baixa que tenho que fazer força para ouvi o que ela disse.

__Não foi isso que eu perguntei Helena.

__É melhor eu ir logo Gabriel. Tem coisas que não tem explicação.

__Como assim não tem explicação? Minha mulher está indo embora de casa e eu não mereço uma explicação?

__Acredite em mim Gabriel, vai ser melhor assim.

__Olha pra mim Helena, me diz que droga é essa que está acontecendo.

__Melhor ter o seu ódio agora, do que você viver infeliz pelo resto da sua vida.

__Você não está falando coisa com coisa, porque eu seria infeliz? Eu amo você mais que tudo nesse mundo.

__Também amo você Gabriel, e por isso eu estou indo embora. Por que eu te amo e não aguentaria ver você viver uma vida que nunca quis.

Ela levanta a cabeça e consigo sentir o sofrimento em seu olhar. Seus olhos estão lutando contra as lágrimas que se formam. Mas ela é durona e nenhuma lágrima caí. Apenas levanta a cabeça e passa por mim, sem dizer mais nada. E sem me dar tempo pra dizer qualquer coisa.

__Adeus Gabriel!

A porta se fecha. E eu fico parado no meio da sala tentando entender o que aconteceu. Vou para o quarto e vejo muitos cabides jogados sobre a cama, ao abrir o guarda roupas vejo que não tem quase nada dela lá dentro - apenas alguns casacos e coisas do tipo. Sinto o quarto girar e um emprulho no estômago, nada do que ela disse faz sentido pra mim. Porque eu a desprezaria? Se eu a amo mais que minha própria vida. O que a faz pensar que eu não teria a vida que sempre quis se continuasse com ela? Se ela é tudo que eu sempre quis ter. Se ela acha que vai sair assim da minha vida ela está muito enganada, ela tem muita coisa pra explicar, e vai ser agora. Só existe um lugar no mundo para onde ela iria - a casa dos pais, e pra lá que eu vou neste exato momento. Volto para a sala, pego minhas chaves e saio de casa a caminho da casa dos meus sogros.

Nos minutos que levo para chegar até lá, não paro de pensar no que pode ter acontecido para que ela tenha tomado essa decisão, se até ontem a noite estava tudo bem. Nada muda assim do dia para noite, nada.

Quando chego a casa está toda escura, apenas as luzes do Jardim estão acesas, mesmo assim eu vou até a porta e bato. Uma, duas, três... seis vezes, e nada. Até que a vizinha do lado abre a porta de sua casa e me diz que não tem ninguém em casa e que meus sogros viajaram hoje pela manhã.

Claro, como eu me esqueci, eu sabia que eles viajariam. Então Helena deve ter ido para casa do irmão é claro. Ela e a mulher dele são amigas há anos, claro que ela iria pra lá na falta dos pais.

Agradeço a senhora e sigo para casa do meu cunhado.

Mais alguns minutos e estou de pé batendo na porta e esperando que me atendam.

Longa Espera  ✅CONCLUÍDO  Onde histórias criam vida. Descubra agora