CAPÍTULO 28 - Inocentes não Fogem

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Gabriel

Não conseguia acreditar no que estava acontecendo. A poucos minutos estava tudo bem, todos se divertindo, e Helena nem parecia recém saída do hospital. Ela estava feliz, e até animada com os planos para o chá de bebê.

E eu estava tão feliz quanto ela, a meses não nos sentíamos tão tranqüilos, senti que finalmente todos os obstáculos tinha ficado para trás. Meus traumas foram superados quase que por completo, e o medo de ser um desastre como pai já não existia.

Como eu estava enganado! Como pude acreditar que Eduarda aceitaria assim, de forma tão pacífica a imposição que eu lhe fiz? Estava muito enganado de pensar assim, pois esse nunca fora o jeito de Eduarda, ela nunca aceitou nada que não fosse de sua vontade. Mas eu estava tão desesperado em me ver livre, e de afastar Helena dela, que nem me dei conta desses detalhes. O que foi um erro gravíssimo da minha parte.

E agora estamos aqui, nessa confusão sem tamanho onde todos acabaram se envolvendo. Todos aqueles que eu queria proteger. Meu pai, meus irmãos, e Helena, a mais prejudicada nesse história toda. No calor do momento, não penso direito nas consequências que a revelação desse segredo causaria, no impacto que teria sobre a minha família. Mas foi impossível controlar, enquanto Miguel e Rafael imploravam por uma explicação, Helena se alterando pelas fortes emoções e por seu estado delicado. Mas a gota d'água foi a confisão de Eduarda, ouvir da boca dela que uma criança inocente, minha filha, era maldita e que jamais deveria nascer. Não pude mais me conter.

Foi tudo tão rápido, meu acesso de raiva, meus irmãos tentando me controlar. Não sei o que teria feito se tivesse conseguido por minhas mãos em Eduarda naquele momento. Fiquei cego, voltei a enxergar somente quando escuto, muito ao longe, a voz do meu cunhado, que de repente solta um grito, me trazendo de volta ao mundo.

Ao ver Helena caída, e em seguida desmaiada nos meus braços, um medo terrível toma conta de mim. Fico apavorado em pensar que o pior tenha acontecido assim, diante dos meus olhos e por uma imprudência minha. Helena está pálida e seu corpo inteiro está frio como gelo. Meu terror aumenta. Estamos nós dois sentados no chão, trago ela para meu colo, apoiando suas costas em meu peito, sua cabeça descansa em meu pescoço, chamo pelo seu nome, mas nada. Miguel como é médico, se junta a nós e começa examinar munha esposa, ele presiona os dedos em seu pulso procurando por algum sinal de pulsação.

__O pulso dela está fraco Gabriel! Vamos levar ela pro quarto e ligar Dra. Martha.

__Graças à Deus! Será que você pode ligar Miguel, o número está no meu celular.

__Claro! Vou ligar agora mesmo.

Subo para o quarto com Helena em meus braços. Ela não merecia estar passando por tudo isso! Meu dever era de protege-la, e tenho falhado miseravelmente.

Já no quarto, deito Helena em nossa cama, com cuidado tiro suas sandálias. Logo Kate está no quarto juntamente com Sofia e dona Laura. Elas acomodam Helena de um jeito mais inclinada, quase que sentada. Sofia pega um perfume que estava sobre a mesinha ao lado da cama, abre o vidro e o balança debaixo do nariz de Helena, que reage ao cheiro forte do produto, mas não a ponto de despertar por completo.

Minutos depois, Dra Martha chega. Ao terminar de examinar minha esposa, Martha me diz que o que Helena teve provavelmente foi uma crise nervosa, não é grave, mas também não é um bom sinal no estado que Helena está.

__Gabriel meu querido, preste atenção! Qualquer um que esteja vivendo um momento conturbado pode ter a reação de Helena. Ela está abalada pelo acidente e frágil pela gravidez.

__Nao foi acidente Martha!

__Como assim, não foi acidente?

__A queda. Não foi acidente. Foi Eduarda, ela empurrou Helena da escada.

Longa Espera  ✅CONCLUÍDO  Onde histórias criam vida. Descubra agora