CAPÍTULO 34 - DEPOIS DAS TREVAS

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Gabriel

Abro os olhos e tudo que vejo é um teto branco acima de mim. Ouço o barulho de aparelhos que apitam sem para em um ritmo insistente. Ergo um pouco minha cabeça, estou deitando em uma cama branca, rodeado por paredes também na cor branca, meus olhos chegam a doer pela forte luz fluorescente que brilha do teto.

Logo me recordo do tiro, da sensação que me queimava as costas. E de entregar Elisa para meu irmão Rafael. O que deve ter acontecido? Será que ela chegou bem aos braços de Helena? Tento me mexer, mas sinto uma dor forte em minhas costas, isso me obriga a voltar para a posição em que estava e ficar quieto.

__Amor! Como é bom te ver acordado!

Sou surpreendido pela voz doce e emocionada de minha esposa. Ela está abatida, uma cor escura cobre a base de seus olhos, o que indica que ela não te dormido bem. Tenho certeza que não se afastou do hospital.

__Helena! Tive medo de não te ver de novo.

__Shiiii! Não fala isso nem de brincadeira.

Uma lágrima solitária e silenciosa lhe escapa. A visão me aperta o coração. Todo esse sofrimento é por causa da mulher que me criou por tantos anos, a quem eu inocente chamei de mãe e até amei de certa forma.

__Não chora! Me mata ver você assim. Me conta o que houve, onde está Elisa?

__Elisa está bem. Estava com ela agora a pouco. Você salvou nossa filha Gabriel! Trouxe ela de volta!

__Eu prometi! Não prometi?

__E eu nunca duvidei dessa promessa.

Helena se aproxima da cama, faz um carinho em meus cabelos, e delicadamente se abaixa e me presenteia com um beijo rápido, e suave em meus lábios. Seus lábios são macios e tem gosto de menta.

__Miguel te operou, e retirou a bala que estava alojada em seu ombro. Você teve hemorragia e seu pai lhe doou sangue. Foram horas terríveis. Por sorte Rafael ficou comigo o tempo todo. Se não fosse ele, muito provável que eu teria enlouquecido.

__Já passou. Eu estou bem agora. Tudo vai ficar bem.

E eu espero do mais fundo de minha alma que fique mesmo. Já não aguento viver com medo do que Eduarda possa fazer contra minha família. O pensamento me traz dúvidas:

__E Eduarda, o que houve com ela?

__Ela foi presa. Logo que ouviram o disparo, os policiais que vigiavam o andar de baixo da casa, subiram e a prenderam em flagrante.

Balanço a cabeça mostrando que entendi o que Helena acaba de me contar. Mas não tenho palavras que possam explicar meu sentimento. Claro que me sinto aliviado por finalmente Eduarda estar presa. Ela transformou esses últimos meses em um verdadeiro inferno para Helena e para mim. Mas também me sinto triste, afinal - bem ou mal, ela foi a única mãe que conheci. Lamento também pelo meu pai, que sempre foi apaixonado por ela. É por meus irmãos, não deve ser fácil ver a mãe atrás das grades, acusada de sequestro e duas tentativas de homicídios.

__Tá pensando em quê?

A voz da Helena me faz despertar, e só então percebo que estive viajando em meus pensamentos. Então disfarço, não há motivos para tocar nesses assuntos agora.

__Que quero ir logo para casa.

__Você irá assim que Miguel disser que pode ir.

Os dias se passam, e Helena e meu pai revezam para me fazer companhia no hospital. Elisa fica com minha sogra - Dona Laura, enquanto Helena está no hospital.

Longa Espera  ✅CONCLUÍDO  Onde histórias criam vida. Descubra agora