CAPÍTULO 20 - QUANDO TUDO PARECIA BEM

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Helena

Desde que voltei pra casa, percebi que Gabriel está diferente. Em mais de uma ocasião eu o peguei pensativo, sei que está acontecendo alguma coisa desde aquela ligação, há umas semanas atrás.

Deixei passa a oportunidade, respeitei o pedido que Gabriel me fez, aquela definitivamente não era a melhor hora para conversar, ele estava muito sensível. Não pude ouvir sobre o quê, ou com quem ele falava, mas seja qual for o assunto, mexeu muito com ele.

Gabriel estava visivelmente fora de si, seus olhos lindos, estavam vermelho sangue, depois de desligar o telefone ele permaneceu na sacada do nosso apartamento, e suas mãos apertavam tão forte a grade que cerca a área, que tive medo que sua pele se rasgasse com a pressão que sofria, nunca o tinha visto daquele jeito.

Nada que lhe dissesse faria mudar o que ele sentia no momento, então apenas fiquei ali, perto dele, sem dizer nada e ao mesmo tempo dizendo tudo, somente pelo jeito que eu toquei em seua ombros ele sabia, sabia que eu estaria ao seu lado não importa a situação.

Mas agora chega!

Semanas se passaram desde o tal tefonema, ele precisa falar, a sensação que eu tinha é que ele explodiria a qualquer momento.

Estou na cozinha preparando o jantar e o observo, ele está sentado à mesa, seu cotovelos estão apoiados no vidro, suas mãos cruzadas apoiam seu queixo, ele está pensativo, angustiado, nem de longe lembra o meu Gabriel. Então me aproximo e me sento na cadeira à sua frente, ele nem percebe. Toco em seu braço e começo a conversar com ele.

__Gabriel?

Ele parece sair do transe em que se encontrava, me olha e sorri como que tentando disfarçar.

__Oi linda! Precisa de ajuda na cozinha?

__Não amor, mas você precisa de ajuda né?

__Eu? Não entendi Helena.

__Gabriel, desde aquele dia você está longe, sempre com o olhar parado, olhando pro nada.

__Não é nada, impressão sua.

__Não vem com essa Gabriel. Olha se você não quer me contar, tudo bem. Mas você precisa falar com alguém. Seus irmão, seu pai, um amigo. Mas não pode mais guardar o que te incomoda.

__Helena, Eduarda não é minha mãe.

__O quê? Como assim Gabriel, de onde você tirou essa ideia?

__Meu pai me contou tudo.

__Quando foi isso? Foi aquela ligação?

__Não. Ele veio aqui naquele mesmo dia que você voltou pra casa.

__Porquê você não me falou?

__Queria pensar melhor em tudo que meu pai havia me falado. Eu sei que devia ter te contado, mas eu só não estva pronto. Fiquei tão surprezo quanto você. Me perdoa?

__Não tenho o que perdoar meu amor. Você só não precisava ter passado por isso sozinho. Você quer falar sobre isso agora?

Ele balança a cabeça num sinal de positivo. Mas continua calado, e eu ali, rezando pra que ele colocasse pra fora o que tanto lhe perturbava. De repente, ele pega minha mão, que descansava sobre vidro da mesa, a leva aos lábios e a beija delicadamente, mantendo sua boca tocando em minha mão, estendendo assim o beijo. E finalmente ele começa a contar.

__Minha mãe biológica... Ela morreu logo depois que eu nasci.

Fico em silêncio, apenas aperto de leve sua mão que ainda segura a minha. E ele continua...

Longa Espera  ✅CONCLUÍDO  Onde histórias criam vida. Descubra agora