A felicidade é feita de momentos e geralmente dura pouco.

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O sol foi embora e as crianças alegres, barulhentas e sorridentes também. Pingo estava agora sozinho na piscina com a água suja que sobrou da brincadeira do dia de sol e calor.

Olhou para o céu e as nuvens agora pareciam rir dele. Elas continuavam o seu caminhar ao vento. Suas formas deixavam Pingo encantado e enciumado. Mas amanhã seria outro dia e as crianças viriam brincar. Dormiu tranquilo imaginando novas aventuras, tinha tomado gosto pela aventura, pela adrenalina.

Logo cedo, o sol começou o seu caminho e aquecia tudo à sua volta. Pingo olhava tranquilo a rua quieta sem a presença das crianças.

As pessoas começavam a circular ali perto. A mãe acordou e logo começou a limpar, lavar, varrer. Veio na direção da piscina e virou-a de cabeça para baixo, derramando a água suja de barro e resto de folhas e pequenos gravetos na rua.

Pingo tomou um susto, não estava esperando nada assim. Pensou em brincar com as crianças.
Agora se via deslizando na correnteza de água suja. A água ia levando o lixo que se achava jogado na rua. As pessoas daquele lugar não tinham consciência do mal que faziam a elas mesmas, deixando o lixo jogado daquele jeito.

Era um esgoto a céu aberto.
Pingo estava com medo mais uma vez. E agora, onde será que essa correnteza iria levá-lo? Fechou os olhos e esperou mais uma vez.

A descida estava difícil, tinha sempre algum lixo no qual ele ficava parado. E depois de algum tempo recomeçava a descida pela lama.

Abriu os olhos e ficou alarmado com a quantidade de lixo que viu a sua volta. Tinha de tudo na rua: plástico, vidro, papel, folhas, restos de construção, era horrível.

Será que as pessoas não percebiam que elas mesmas contribuíam para a ruína e destruição do lugar aonde viviam?

Ficou preso mais uma vez e escutou a conversa de duas pessoas. Elas falavam de como o lugar era quando chegaram ali. Era tudo limpo, havia mata, aos poucos os homens foram chegando, construindo barracos e depois casas, mas não se preocuparam em canalizar o esgoto, iam invadindo, dominando a floresta que recuara aos poucos.

O homem em pingo d'água para sobreviver. Ele domina os outros animais e até mesmo outros homens para garantir ter poder. Sua força e inteligência são impressionantes. Fazem qualquer coisa para se dar bem.

Pingo ficou assustado com aquela conversa. Como assim em pingo d'água? Ele era um pingo d'água!

Ele fez força para se soltar, estava com muito medo. Não sabia o que era um em pingo d'água. Mas, podia imaginar. Não devia ser uma coisa legal!

Quando conseguiu se soltar, a correnteza estreita de água suja estava mais estreita e enlameada. Agora tinha mato e capim. Ele sentia que estava chegando em algum lugar melhor, menos sujo e sufocante. Ainda percorreu um longo caminho de sujeira e lama quando ouviu barulho de água corrente. Será? Será que estava de volta ao rio?




Nó em Pingo d'águaOnde histórias criam vida. Descubra agora